Acordei
pensativo. A chuva fina trouxe-me um cenário de melancolia. A vida me trouxe a lembrança aquele que me ensinou a
caminhar, amparou os meus primeiros passos e me mostrou o caminho da
vida. Faz tempo que ele se foi mas parece que foi ontem. Foi ele que
pavimentou a minha estrada para que eu pudesse seguir por ela sem
medo. Senti saudades daquele que me chamava de filho e que hoje
compreendo a profundidade e a doçura dessa palavra. Pai e filho,
filho e pai, quão abrangente e intrínseco, quão distante e
atraente, quão coletivo e particular, onde o universo e o mundo de
cada um se encontram em um abraço, ainda que imaginário. Oh
pai...sim, escrevo-te em reticências...oh filho, que tenhas de mim
as influências para que o teu viver não te tragam à memória
frases não ditas, momentos não vividos, abraços não dados, risos
interrompidos. Não sei se é o clima natalino, se é a luz divina
que reacendeu em meu coração a sua presença, se é apenas o amor
que ficou em forma de saudade. Não sei definir, pra que definir,
quero apenas sentir.
Só
sei que gostaria de falar o que não falei e ouvir o que não falei.
Queria tê-lo agradecido por sua sabedoria e por seus ensinamentos.
Mesmo sem palavras seu exemplo falava por ele. Homem reto, íntegro,
digno e sincero. Mesmo na ignorância, sabia ser educado, mesmo
sisudo, sorria para vida, mesmo muito pobre, enriquecia a muitos,
mesmo nada tendo, possuía tudo. Homem de caráter ilibado,
honestidade inquestionável. Era senhor da razão, porém, emotivo.
Dava mais do que recebia. Distribuía simpatia, repartia amizade,
dividia o pão e servia seus semelhantes com alegria. Gostaria de
ouvir dos meus filhos a mesma coisa. Ainda posso dizê-lo, pois, o
que aprendi, jamais esquecerei, foram lições de vida. E é isso que
quero ouvir dos meus filhos: obrigado pai pelas lições de vida. A
gratidão é uma das mais belas virtudes humanas.
Mas,
enfim, chegamos em dezembro, ufa, não foi fácil, ou melhor, não
está fácil. Elevo os meus olhos para o alto de onde me virá o
socorro. Foram longos dias de batalha onde o desânimo e o cansaço
quiseram nos abater, fazendo com que a nossa esperança se tornasse
desfocada, turva, obscura, e cada vez mais distante de nós, porém,
a perseverança e a força de vontade prevaleceram e nos estimularam
a continuarmos em busca dos nossos objetivos. As adversidades
tentaram nos atrapalhar. Amarguras e ansiedades cruzaram nosso
caminho, que em alguns momentos se tornou escorregadio, perigoso,
assustador. A linha de chegada, não chegava. Tropeços e quedas
foram inevitáveis, porém, chegou o momento para endireitar as
veredas, refazer as rotas, agradecer a Deus pelas conquistas, algo
que não precisamos esperar o final de ano, é claro, a gratidão
pela vida deve ser constante. Serei eternamente grato.
Dezembro
chegou trazendo novas perspectivas, novos desafios, novas metas,
novos sonhos, novo ano, nova vida, novo viver. Não podemos e não
devemos esmorecer diante de pequenas dificuldades, de pequenos
obstáculos e dos desencontros que a vida nos proporciona, pelo
contrário, devemos fazer desses momentos um trampolim para emergir
sobre eles. Chegou o momento para retomada de fôlego e prosseguir
para o alvo. Cada passo que damos precisa ser cuidadoso e nossos
olhos precisam estar fixados Naquele que é a luz para nossos
caminhos e lâmpada para nossos pés. Se a saudade nos abraçar,
vamos fazer desse abraço um elo, e, abraçados, unidos em fé, amor
e esperança, correr a carreira que nos está proposta. Que sempre
tenhamos ao lado as pessoas que amamos, que ninguém se perca pelo
caminho ou se desvie dele. A vida não fornece atalhos.
Portanto,
que sejamos felizes nesse Natal e em todos os dias do novo ano.