quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Meu pai, meu Natal

Acordei pensativo. A chuva fina trouxe-me um cenário de melancolia. A vida me trouxe a lembrança aquele que me ensinou a caminhar, amparou os meus primeiros passos e me mostrou o caminho da vida. Faz tempo que ele se foi mas parece que foi ontem. Foi ele que pavimentou a minha estrada para que eu pudesse seguir por ela sem medo. Senti saudades daquele que me chamava de filho e que hoje compreendo a profundidade e a doçura dessa palavra. Pai e filho, filho e pai, quão abrangente e intrínseco, quão distante e atraente, quão coletivo e particular, onde o universo e o mundo de cada um se encontram em um abraço, ainda que imaginário. Oh pai...sim, escrevo-te em reticências...oh filho, que tenhas de mim as influências para que o teu viver não te tragam à memória frases não ditas, momentos não vividos, abraços não dados, risos interrompidos. Não sei se é o clima natalino, se é a luz divina que reacendeu em meu coração a sua presença, se é apenas o amor que ficou em forma de saudade. Não sei definir, pra que definir, quero apenas sentir.
Só sei que gostaria de falar o que não falei e ouvir o que não falei. Queria tê-lo agradecido por sua sabedoria e por seus ensinamentos. Mesmo sem palavras seu exemplo falava por ele. Homem reto, íntegro, digno e sincero. Mesmo na ignorância, sabia ser educado, mesmo sisudo, sorria para vida, mesmo muito pobre, enriquecia a muitos, mesmo nada tendo, possuía tudo. Homem de caráter ilibado, honestidade inquestionável. Era senhor da razão, porém, emotivo. Dava mais do que recebia. Distribuía simpatia, repartia amizade, dividia o pão e servia seus semelhantes com alegria. Gostaria de ouvir dos meus filhos a mesma coisa. Ainda posso dizê-lo, pois, o que aprendi, jamais esquecerei, foram lições de vida. E é isso que quero ouvir dos meus filhos: obrigado pai pelas lições de vida. A gratidão é uma das mais belas virtudes humanas.
Mas, enfim, chegamos em dezembro, ufa, não foi fácil, ou melhor, não está fácil. Elevo os meus olhos para o alto de onde me virá o socorro. Foram longos dias de batalha onde o desânimo e o cansaço quiseram nos abater, fazendo com que a nossa esperança se tornasse desfocada, turva, obscura, e cada vez mais distante de nós, porém, a perseverança e a força de vontade prevaleceram e nos estimularam a continuarmos em busca dos nossos objetivos. As adversidades tentaram nos atrapalhar. Amarguras e ansiedades cruzaram nosso caminho, que em alguns momentos se tornou escorregadio, perigoso, assustador. A linha de chegada, não chegava. Tropeços e quedas foram inevitáveis, porém, chegou o momento para endireitar as veredas, refazer as rotas, agradecer a Deus pelas conquistas, algo que não precisamos esperar o final de ano, é claro, a gratidão pela vida deve ser constante. Serei eternamente grato.
Dezembro chegou trazendo novas perspectivas, novos desafios, novas metas, novos sonhos, novo ano, nova vida, novo viver. Não podemos e não devemos esmorecer diante de pequenas dificuldades, de pequenos obstáculos e dos desencontros que a vida nos proporciona, pelo contrário, devemos fazer desses momentos um trampolim para emergir sobre eles. Chegou o momento para retomada de fôlego e prosseguir para o alvo. Cada passo que damos precisa ser cuidadoso e nossos olhos precisam estar fixados Naquele que é a luz para nossos caminhos e lâmpada para nossos pés. Se a saudade nos abraçar, vamos fazer desse abraço um elo, e, abraçados, unidos em fé, amor e esperança, correr a carreira que nos está proposta. Que sempre tenhamos ao lado as pessoas que amamos, que ninguém se perca pelo caminho ou se desvie dele. A vida não fornece atalhos.

Portanto, que sejamos felizes nesse Natal e em todos os dias do novo ano.

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