quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Estranhos homens

Embora conheça muitos caminhos no mundo
desconhece o único caminho da vida, o amor
mergulha no mar das ilusões e patina no mundo das emoções
espalha a doce semente da vida e colhe os amargos frutos da dor
herói nas guerras do mundo e covarde nas batalhas da vida
vilão no teatro da aparência e bandido no palco da existência

Estranho homem
único animal racional que age com irracionalidade
em nome da paz declara a guerra e mata o que não nasceu
sonha com a paz, mas vive em conflito entre o certo e o errado
saltitando entre os galhos da mesma árvore permanece
aprendeu a contar o tempo, mas se esqueceu da eternidade
o tempo é a superfície das profundezas eternas

Estranho homem
desvenda os segredos do universo, mas desconhece a si mesmo
escala grandes montanhas e tropeça nas pequenas pedras
busca o entretenimento, mas não encontra a satisfação
sorri com facilidade, mas dificilmente se alegra
se satisfaz com os prazeres do corpo, mas entristece a alma
o orgulho e a soberba lhe preenchem, enquanto lhe esvaziam o coração

Estranho homem
que as vezes é um poeta da vida em outras um louco tirano
adora um ser divinal, mas convive só com o terreno
é um ser coletivo, porém vive isolado, é sensato e insano
embora usufruindo de um mundo tão grande
nada preenche seu coração tão pequeno
é um marinheiro errante como uma gota nas ondas do oceano

Estranho homem
que ouve a voz do silêncio na natureza morta
mas não ouve o grito silencioso do filho
que como escravo por liberdade implora, mas seu senhor não se importa
enquanto o filho ao ser chicoteado pelo mundo ecoa seus ais
ele se esforça ao máximo para ser o melhor profissional
embora se esqueça que primeiramente precisa ser um bom pai

Estranho homem
trabalha pensando em deixar um mundo melhor para os filhos
mas se esquece de deixar os filhos melhor para o mundo
aprofunda suas raízes na terra e anda na superficie da alma
ilumina qual farol os erros alheios, mas sua luz própria é sem brilho
tem a capa de um puritano onde se esconde um imundo
que expõe muito conhecimento e diante da sabedoria se cala, fica mudo

Estranho homem
como um menino é arrastado pelo vento das incertezas se agarrando no nada
ainda assim caminha resoluto em passos largos atrás do vento das vaidades
se equilibra como um bêbado pelas veredas da justiça clamando por ela
como náufrago a deriva arrastado pelas fortes correntezas em um barco a vela
é inconstante e muito perseverante, egoísta ao mesmo tempo solidário
é o sentido do universo, mas seus sentimentos não se explica é paisagem em aquarela

Estranho homem
é delicado e as vezes tão rude, impaciente ao mesmo tempo cordato
diante de um turbilhão sabe manter a calma
mesmo sob forte tempestade consegue ser poético
se não admite seu erro concorda como simples engano
abraça a tolerância mas a paciência rejeita sendo calmo
recebe o perdão e a misericórdia, mas sem a fé vira cético, profano

Estranho homem
que da gratidão se esquiva, do Criador não se lembra
mas do imortal se reveste e como um príncipe se deita
da chuva qual bálsamo que o lavrador em tudo aproveita
assim Te anseia o estranho homem, embora não reconheça
que o mais conhecido dos homens que por reis foi perseguido
nasceu entre animais e não teve onde reclinar a cabeça

O mais conhecido dos homens
anunciado foi por anjos, de uma virgem concebido, nasceu o esperado
abraçou leprosos, curou doentes, beijou traidores, perdoou prostitutas
conviveu com as diferenças, deu vistas aos cegos, foi incompreendido
amou sem ser amado, do estranho homem nada exigiu, mas por ele foi rejeitado
como grão de trigo foi semeado para outras vida gerar e os fazer vencedores
pelo estranho homem morreu e se tornou um homem estranho

O mais conhecido dos homens
viveu sem privilégios, parecia um derrotado, sem formosura, um fracassado
na simplicidade em que viveu, do estranho homem nunca esqueceu
de braços abertos o recebeu, se fez pequeno para torná-lo grande
muito já se falou e muito se escreveu, mas sua missão pouca gente o entendeu
tudo o que dele flui é eterno, a palavra, a vida, o amor, a fé, a paz e a justiça
a ciência não o define, a religião não o compreende, a teologia não o explica,

O mais conhecido dos homens
mistério ainda mais profundo se tornou, embora revelado, ninguém compreendeu
na cruz morre o imortal, aquele que da vida é o autor! do mundo o criador!
como poderia morrer sendo filho de Deus? Seria ele um impostor?
o fato é que enquanto viveu amou, com sua morte salvou,
como ar que o estranho homem respira, Ele é invisível, mas real
da vida é o sentido, faz do estranho homem um ser normal, ser conhecido...

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