Ah!
Como é bom e agradável quando viajamos pelas estradas brasileiras e
nossos olhos podem contemplar em detalhes os caprichos divinais que a
natureza nos proporciona! Podemos ver os rios cortando suavemente as
verdes matas e levando vida por onde eles passam. É possível
imaginar as fontes que brotam dos lugares mais inusitados formando os
riachos que desembocam em cachoeiras espumantes, um verdadeiro
colírio para os olhos. Então podemos concluir que geograficamente
estamos deitados em berço esplêndido, que nosso país é gigante
pela própria natureza, e que essa terra é a mais garrida. Por todo
país é fácil vislumbrar as águas cristalinas das fontes, dos rios
e das cachoeiras. Mas é uma pena que foram poluídos! É isso mesmo,
ficaram sujos, contaminados e exalam mal cheiro.
As
fontes, os rios e as cachoeiras que passam pelo planalto central
foram contaminados por escândalos que desonram a nação. As fontes
se transformaram em cargos públicos que dão origem a toda sorte de
corrupção e suborno, onde rios de dinheiro público desaguam nas
cachoeiras da propina. Rios de acusações, liminares, habeas corpus,
falcatruas e conchavos políticos, cujas correntezas percorrem
gabinetes e escritórios, afogam deputados, senadores, funcionários
do primeiro, segundo e terceiro escalão. Como verdadeiros tsunamis
da imoralidade invadem governos, prefeituras, autarquias e tantos
outros órgãos públicos arrastando toda sorte de imundície e
sujeira que não há quem não se afogue em suas águas contaminadas.
As
comissões parlamentares de inquéritos que tentam despoluir os rios
antes que suas águas sujas cheguem às cachoeiras, só o fato de
existirem já é uma vergonha. Não foi para isso que foram eleitos.
Mas infelizmente todos os dias o mar de lama corrói a estrutura do
caráter, da justiça, do bom senso e da dignidade, onde as virtudes
humanas submergem em águas profundas da certeza de impunidade, do
toma lá da cá, do favoritismo que sufoca o respeito e o cuidado
pela causa pública. As justificativas através de mentiras que
tentam despoluir os rios de escândalos que atingiram níveis
insuportáveis em Brasília, convencem apenas os peixes que se
alimentam da mesma alga do cifrão.
Mas
espero que a correnteza do rio da água da vida, cristalina e pura,
ao passar pela capital federal prevaleça sobre a sujeira, lave a
consciência dos parlamentares, despolua o coração ávido por
dinheiro fácil, sacie a sede com a verdadeira justiça, refresque a
mente e o pensamento para que se voltem às fontes da honestidade, da
sinceridade, e acima de tudo, do compromisso com a Pátria. Que as
cachoeiras continuem sendo apenas um colírio para os nossos olhos,
um paraíso ecológico, um oásis refrescante de paz e harmonia. Que
a cachoeira da vergonha seja apenas o resultado de uma tempestade que
passou para arrastar a sujeira impregnada dos gabinetes.
Que o
gigante Brasil, deitado em berço esplêndido, possa continuar
incólume, navegando por águas tranquilas que saem dos mananciais
através das fontes e culminem em rios e cachoeiras, mas sem
vergonha...
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