quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A Cachoeira da vergonha

Ah! Como é bom e agradável quando viajamos pelas estradas brasileiras e nossos olhos podem contemplar em detalhes os caprichos divinais que a natureza nos proporciona! Podemos ver os rios cortando suavemente as verdes matas e levando vida por onde eles passam. É possível imaginar as fontes que brotam dos lugares mais inusitados formando os riachos que desembocam em cachoeiras espumantes, um verdadeiro colírio para os olhos. Então podemos concluir que geograficamente estamos deitados em berço esplêndido, que nosso país é gigante pela própria natureza, e que essa terra é a mais garrida. Por todo país é fácil vislumbrar as águas cristalinas das fontes, dos rios e das cachoeiras. Mas é uma pena que foram poluídos! É isso mesmo, ficaram sujos, contaminados e exalam mal cheiro.
As fontes, os rios e as cachoeiras que passam pelo planalto central foram contaminados por escândalos que desonram a nação. As fontes se transformaram em cargos públicos que dão origem a toda sorte de corrupção e suborno, onde rios de dinheiro público desaguam nas cachoeiras da propina. Rios de acusações, liminares, habeas corpus, falcatruas e conchavos políticos, cujas correntezas percorrem gabinetes e escritórios, afogam deputados, senadores, funcionários do primeiro, segundo e terceiro escalão. Como verdadeiros tsunamis da imoralidade invadem governos, prefeituras, autarquias e tantos outros órgãos públicos arrastando toda sorte de imundície e sujeira que não há quem não se afogue em suas águas contaminadas.
As comissões parlamentares de inquéritos que tentam despoluir os rios antes que suas águas sujas cheguem às cachoeiras, só o fato de existirem já é uma vergonha. Não foi para isso que foram eleitos. Mas infelizmente todos os dias o mar de lama corrói a estrutura do caráter, da justiça, do bom senso e da dignidade, onde as virtudes humanas submergem em águas profundas da certeza de impunidade, do toma lá da cá, do favoritismo que sufoca o respeito e o cuidado pela causa pública. As justificativas através de mentiras que tentam despoluir os rios de escândalos que atingiram níveis insuportáveis em Brasília, convencem apenas os peixes que se alimentam da mesma alga do cifrão.
Mas espero que a correnteza do rio da água da vida, cristalina e pura, ao passar pela capital federal prevaleça sobre a sujeira, lave a consciência dos parlamentares, despolua o coração ávido por dinheiro fácil, sacie a sede com a verdadeira justiça, refresque a mente e o pensamento para que se voltem às fontes da honestidade, da sinceridade, e acima de tudo, do compromisso com a Pátria. Que as cachoeiras continuem sendo apenas um colírio para os nossos olhos, um paraíso ecológico, um oásis refrescante de paz e harmonia. Que a cachoeira da vergonha seja apenas o resultado de uma tempestade que passou para arrastar a sujeira impregnada dos gabinetes.

Que o gigante Brasil, deitado em berço esplêndido, possa continuar incólume, navegando por águas tranquilas que saem dos mananciais através das fontes e culminem em rios e cachoeiras, mas sem vergonha...

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