Hoje
pela manhã ao assistir uma reportagem sobre algumas pessoas que por
falta de condições financeiras roubam energia elétrica dos fios de
alta tensão da rede pública, fiquei pensando no risco de morte a
que essas pessoas são expostas. Nessa mesma reportagem foram
mostrados alguns acidentes que deixaram sequelas graves e outros
fatais. Curiosos e até mesmo profissionais estão entre as vítimas
de choques inesperados. Pelo país inteiro o grande número de
ligações clandestinas, os famosos gatos, está tomando proporções
gigantescas. Basta caminharmos um pouco pelos bairros da cidade e
tomaremos um choque com o que os nossos olhos contemplam. Um
emaranhado de fios expostos formando uma teia sem começo e sem fim
deixando até mesmo as autoridades desligadas, pasmos, sem energia e
sem saber o que fazer diante desse quadro para tomar uma atitude a
fim de coibir o uso inadequado através dessas ligações. É
impressionante a quantidade de pessoas que se utilizam desses meios
para ter suas casas iluminadas. E a conta torna-se elevada. E por
tudo isso, os que não se utilizam desse meio é quem paga.
Isso
é somente um fio dessa meada. Enquanto uns se utilizam desse
subterfúgio, desse pretexto para evitar uma dificuldade ainda maior,
que eu não condeno, outros vão além, roubam os fios da rede
elétrica e comercializam os fios de cobre deixando muita gente na
escuridão, a esses reprovo. Como se não bastasse a saúde, a
educação, o transporte e tantas outras coisas que estão por um
fio, agora é a vez da iluminação. Os apagões estão mais
frequentes e as usinas estão por um fio, no limite da capacidade, e
outras, devido ao excesso de burocracia existente, de manifestações
contrárias às construções de novas hidrelétricas e de certos
ambientalistas que induzem indígenas e o povo ribeirinho a se opor a
elas, não saem do papel. Isso é um fato, mas se formos analisar
ipsis
literis,
vamos constatar que a nossa vida está por um fio. Estamos vivendo na
corda bamba tentando nos equilibrar diante das circunstâncias da
vida.
Estamos
por um fio do caos total dos aeroportos a vários anos, do trânsito
das grandes cidades, da explosão contra políticos corruptos e seus
asseclas. Alguns fios por falta de reparos já se romperam, como o
fio da amizade, da gratidão, da tolerância, pois defendemos as
nossas convicções ao fio da espada como se vencer uma discussão ou
uma briga fosse a única saída, mesmo perdendo a amizade. Outros,
embora resistam, estão sendo enfraquecidos pelo tempo que transforma
tudo em quase nada, como moral em imoralidade, respeito em
desrespeito, fé em cepticismo, anjo em demônio. Até o fio do
entendimento, do diálogo, da fraternidade e da paz tão sonhada, já
se rompeu deixando a humanidade como uma pipa solta ao vento sem um
fio de linha a sustentá-la. Um fio de cabelo branco transforma as
mulheres em escravas da beleza e se esse fio de cabelo, se por acaso
for encontrado na sopa, transforma a rainha do lar em sparing
de um boxeador. O mundo parece estar sendo sustentado por um fio.
Rompe-se
esse fio, esfacelam-se os mais sólidos impérios e as mais prósperas
economias desabam como um paralelepípedo atirado ao mar. Grandes
nações estão a um fio da falência. Até quando o fio da
sustentabilidade resistirá? Até quando o fio da esperança motivará
os sonhos? Assim como os cidadãos da reportagem estão usando o fio
da eletricidade para iluminar suas vidas ou para mantê-la, no caso
dos que roubam, a humanidade também está por um fio. Estamos
assistindo perplexos, pessoas, carros, casas, países inteiros sendo
arrastados por fortes terremotos e tsunamis devastadores como nunca
vimos antes. Acompanhamos as guerras entre as nações a distância e
nem percebemos que estamos vivenciando uma guerra urbana de
proporções semelhantes, e o que é mais triste e preocupante é que
o número de baixas humanas tem sido algumas vezes superior à guerra
entre as nações. É
a vida por um fio.
Estamos por um fio de ser atingido por balas
perdidas, produto de roubos, assaltos, sequestros assim como de
sermos engolidos de surpresa por tempestades, deslizamentos de terra,
trânsito, e assim vamos tecendo nossos fios de vida como a aranha a
sua teia para segurança e sobrevivência no mundo de predadores.
Enfim, vivemos por um fio, as instituições estão por um fio e a
principal delas, a família, parece que já sofre as piores
consequências desse rompimento e está sem nenhuma sustentação de
moral e de respeito. A constituição da família agora é baseada
por leis do Supremo Tribunal Federal onde meia dúzia de intocáveis
pensam e discutem horas a fio para depois decidir o viver de milhões.
Somente espero que o Autor da Existência não nos veja por um fio,
mas continue nos sustentando com seu poder para não cairmos
totalmente na tentação de acreditar que o fio da vida que nos une a
Ele não foi, não está e jamais será rompido...
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