quarta-feira, 26 de agosto de 2015

No olho do furacão

No começo dessa semana, a imprensa mundial, através de imagens de satélites, divulgou a passagem do furacão Sandy que arrasou a costa leste americana e antes, ao passar pelo Caribe, deixou dezenas de mortos e um rastro de destruição sem precedentes. Alguns anos atrás, o furacão Katrina, de proporções menores, porém, com poder destrutivo maior do que o atual, também assustou o povo norte americano, principalmente a cidade de New Orleans, cuja, até o momento ainda se recupera. É fácil perceber os danos causados por um furacão porque as consequências do rastro destruidor, além das mortes, deixa traumas, assusta, não nos dá possibilidade de reação e acima de tudo, é incontrolável. Por mais precavidos que seja o norte americano, orientado, experiente em enfrentar essas situações, quando ela chega ainda são surpreendidos, ficam sem reação e assim como nós, apenas contemplam perplexos os acontecimentos sem nada poder fazer diante da força da natureza.
Apesar de sermos um país privilegiado, pois não sabemos o que é enfrentar a fúria da natureza nessa magnitude, mas, estamos vivenciando o que é estar no olho do furacão. Não como o Katrina de outrora ou o Sandy no presente, mas outros tipos de furacões que tem assustado, devastado e amedrontado o povo brasileiro. É a violência urbana, as drogas, a imoralidade, a corrupção política, o descaso com a saúde pública e outras coisas que tem deixado o rastro da destruição àqueles que são atingidos por eles. O furacão da violência por exemplo, tem feito até mesmo policial solicitar proteção. Eles estão no olho do furacão para nos proteger, mas estão enfrentando rajadas não de vento e sim de balas, estão sendo trucidados nas ruas, becos e vielas, espreitados como animais nas esquinas e mortos enquanto a população sofre com tamanha devastação da insegurança.
E o que dizer do furacão da saúde onde os ventos da morte tem assolado a população que não encontra refúgio nos hospitais públicos sucateados, mal equipados, sem produtos básicos, sujos, com pacientes abandonados em macas enferrujadas, morrendo pelos corredores e proliferando todo tipo de vírus e bactérias, cujos hospitais, estão a mercê de administradores sanguessugas, que corrompem e são corrompidos por laboratórios e seguradoras de saúde. O que dizer do furacão das drogas que arrasta crianças, adolescentes, jovens e adultos como folhas de árvores para um lado e para outro tornando-os verdadeiros molambos. É um furacão que vem acompanhado de tormenta de uma feira livre onde se vendem todos os tipos de drogas sob os olhares de autoridades incompetentes que na maioria dos casos nada pode fazer. É o resultado do furacão da politica suja e mentirosa, de acusações e ao mesmo tempo de favores parlamentares onde se fatia o país em partidos políticos em um jogo de empurra-empurra em troca de podres poderes.
E o povo que é obrigado a eleger o menos desonesto, o menos corrupto e fingir que ainda acredita em promessas vazias é quem carrega a culpa pelo mal desempenho deles como se tivesse uma bola de cristal na hora do voto. E o que dizer do furacão da imoralidade onde as próprias mães aliciam suas filhas ainda crianças em troca de míseros reais e onde o sexo é negociado em leilão via internet? É o quem dá mais de um negócio vergonhoso onde cada lance é medido e acompanhado pelo ibope virtual da internet. Esse é o mundo do é dando que se recebe. É o furacão da falta de respeito, da falta de amor ao próximo, da falta de educação escolar onde aluno de oito anos discute como adulto com a professora levando-a à morte por enfarto.
Embora os furacões naturais causem mortes e enormes prejuízos materiais, eles são passageiros e logo se dissipam e tudo volta ao normal. Os nossos parecem sem fim e os prejuízos são morais, psicológicos, sociais, etc. Concluo que os ventos que ventam por lá não são os mesmos que ventam por aqui, mas estamos todos no olho do furacão.

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