quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Banzai Corinthians

Banzaaaaaai! Com essa frase, os mártires kamikazes japoneses na segunda guerra mundial arremessavam seus aviões contra navios inimigos como última cartada para vencer a guerra. Com essa mesma frase, a terra do sol nascente, o berço dos kamikazes e dos guerreiros samurais, deu as boas vindas ao Sport Clube Corinthians Paulista e a seus 23 guerreiros ocidentais, como também a um bando de loucos que cruzaram o continente na maior invasão a um país em tempos de paz. Foram incontáveis dias de ansiedade onde cada hora que passava mais o oriente se aproximava do ocidente. As barreiras da língua e dos usos e costumes culturais se romperam. O moderno e o tradicional, a razão e a emoção de amarelos, brancos e negros se mesclavam evidenciando o preto e o branco que tremulava das bandeiras hasteadas. Ouvia-se a batida sincronizada dos “Taikos” tambores japoneses, que dizem, assemelha-se ao batimento do coração de uma mãe, e o som efervescente e alucinado de bateria de escola de samba, sob mãos suadas e rostos radiantes que se misturavam em um único ritmo, o da alegria e entusiasmo.
Num êxtase de alegria imensurável que atravessou o mar, cruzou o céu, ecoou pelo universo, resplandeceu nas estrelas, e refletia no rosto de cada guerreiro, gerando em um êxtase de felicidade que podia ser sentido em toda terra. O gavião pousou em terras japonesas, os samurais embainharam suas espadas, o sol nasceu em preto e branco, o monte Fuji sorriu, o trem bala parou para dar passagem, o Corinthians chegou. A seriedade nipônica conheceu a loucura, a divindade abençoou os fiéis, Tite-san assumiu o seu posto e comandava de fora das quatro linhas seus guerreiros. Os abalos não eram sísmicos, e sim, resultado dos brados e cânticos de vitória que os loucos entoavam, explodindo em alegria e emoção, em felicidade e paixão. Lágrimas escorriam formando verdadeiros tsunamis de prazer e de satisfação sem fim, cujas ondas cruzavam o planeta inundando corações, iluminando os olhos, escancarando sorrisos em todo território nacional.
O passaporte da emoção finalmente foi carimbado, mas a emoção não tem fronteiras, é igual ao redor do mundo. E parafraseando o Joelmir, não há como explicar esse fenômeno social, é impossível. Para todos é incompreensível, para a maioria uma explicação desnecessária, para os fiéis, loucos ou insanos Corinthianos, inexplicável, uma loucura normal, um amor incondicional. O guerreiro Paolo deu inicio a artilharia, um único tiro foi suficiente, a primeira batalha foi vencida. O faraó egípcio conheceu a garra do mosqueteiro. Assim o Corinthians foi apresentado ao mundo. Ao final, mais um tiro de misericórdia e os ingleses de sangue azul, que cruzavam os mares conquistando os povos, foram conquistados e viram a alegria em preto em branco tomar conta do planeta. A euforia da conquista iluminou os corações dos loucos, contagiou os povos em todos os continentes e as vozes roucas em uníssono entoavam o hino da vitória.
Os loucos com as mãos unidas em preces, agradeciam, e em lágrimas que lavavam a alma sofrida, unia os povos em uma ponte imaginária construída pelo amor e pela amizade. Entrelaçando braços em abraços, mesclando a fé com a esperança, espalhando e reforçando a paixão por um clube ao redor do mundo, desatando o nó da garganta para enfim poder gritar: Banzai Corinthians, campeão dos campeões, tu és orgulho dos esportistas do Brasil. Os guerreiros Corinthianos venceram a guerra. O gavião decolou de volta à terras tupiniquins. A terra do sol nascente parou para se despedir com alegria. Foi assim que se traduziu o sayonará e arigatô ao Corinthians. Depois do tsunami alvinegro o Japão não será mais o mesmo e o mundo agora é do Corinthians, parabéns.

(16-12-2012 - Corinthians campeão mundial de futebol no Japão)

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