Algumas
semanas atrás, em uma visita oficial a Israel para a celebração
dos 50 anos de restabelecimento das relações diplomáticas entre
Alemanha e Israel, a primeira ministra alemã Angela Merkel, foi
protagonista de uma cena inusitada que despertou a memória do mundo,
fazendo-nos lembrar das barbáries da segunda guerra mundial.
Enquanto apontava para algum lugar ao fundo, o primeiro ministro de
Israel, Benjamin Netanyahu, proporcionou aos fotógrafos um momento
de riso, de êxtase e ao mesmo tempo de tristes recordações. Seu
dedo indicador formou uma sombra sobre o rosto da primeira ministra
alemã criando um “bigode” do tipo usado pelo algoz dos
judeus na segunda guerra mundial, Adolf Hitler. Isso foi suficiente
para relembrar os horrores enfrentados pelo povo judeu com a guerra.
Por essa razão foi possível perceber que os fantasmas de uma
guerra, facilmente podem ressuscitar o medo de quem passou por ela ou
apenas soube pela história os seus horrores. Alemanha e Israel foram
atores principais no cenário da segunda guerra mundial, e hoje, 60
anos depois, os dois países celebram relações diplomáticas cheios
de cortesias e gentilezas como se, aparentemente, nunca tivessem
enfrentando tamanha hostilidade entre eles.
Embora
tanto tempo tenha passado, a pergunta ainda continua sem resposta,
valeu a pena, tinha motivo suficiente para tantas atrocidades? Não
existe nenhum motivo suficiente para se declarar uma guerra, mesmo
após esgotado todos os recursos imaginários. A guerra mostra a
força e o poder dos incapazes. O diálogo sempre foi e sempre será
a arma mais eficaz contra qualquer provável inimigo. Matar ou morrer
por ideologias vãs, por credos religiosos, étnicos ou culturais,
faz dos seres humanos verdadeiras feras indomáveis que vociferam
injúrias contra os semelhantes e pouco tempo depois do balanço de
mortos e feridos, apaziguado os ânimos, trocam cortesias como se
nada tivesse acontecido. Provando com isso que atitudes insanas de
certos loucos, que em virtude da posição que ocupam no cenário
mundial, tomam decisões absurdas e estarrecedoras em prol de uma
ideologia, porém, em detrimento da humanidade e de suas próprias de
nações, pode sim ser evitada pela tolerância, pelo diálogo e até
mesmo por uma resposta branda que lhe aplaque o furor momentâneo.
Alguns loucos continuam desafiando a inteligência humana com suas
decisões.
Com
certeza, muitas histórias, incontáveis dúvidas, lembranças
horripilantes, medo, rancor, lágrimas que ainda não cessaram, almas
amarguradas, corações acorrentados por um passado que teima em não
querer passar e acima de tudo, o temor de passar por tudo isso
novamente, poderia ser visto escondido a sombra daquele bigode
formado sobre o rosto da primeira ministra alemã. Não gostaríamos
que essa história se repetisse, porém, enquanto os homens não se
entenderem e perceberem que são todos da mesma espécie, a humana, a
sombra de um simples bigode pode gerar conflitos mundiais. Embora
saibamos que uma guerra não começa da noite para o dia e nem sem
motivos ou causas importantes para aqueles que a declaram, os
governos totalitários causaram e ainda causam medo no resto do
mundo. Estamos convivendo com a sombra de outro bigode na América do
Sul que está deixando o mundo em alerta.
Nessa
mesma semana, quando da visita da primeira ministra a Israel, também
faleceu aos 110 anos a mais velha sobrevivente do holocausto. Alice
Herz-Sommer, judia nascida em Praga na antiga Tchecoslováquia,
passou dois terríveis anos presa em Terezin, campo de concentração,
onde distraia os candidatos a câmara de gás tocando piano para
eles. Uma mulher que mesmo vivendo diante da morte, proporcionava aos
que caminhavam para ela, a oportunidade de um consolo, tentando,
através da música, aliviar o pavor dos seus semelhantes. Buscava
amenizar o medo no coração dos judeus entregues à morte. Nem tudo
está perdido. Embora haja guerras e rumores de guerras, a alegria e
a paz também podem ser irradiadas através de um simples bigode,
basta como nos recordamos deles, como o do Adolf Hitler ou do Charles
Chaplin!
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