terça-feira, 18 de agosto de 2015

Um bebê especial

Nos últimos dias estamos assistindo perplexos uma cena que está sendo divulgada e repetida até a exaustão pela mídia mundial e pode ser comprovada através da internet. Foi uma das maiores atrações nos sites com milhões de visitas. Trata-se de uma criança, digo, de um bebê, ainda usando fraldas, que aparece na inocência infantil, fumando freneticamente sob olhares risonhos de adultos, aparentemente despreocupados com o seu futuro. Enquanto pedala a sua motoca, vai dando tragadas e baforadas como um verdadeiro fumante com anos de experiência no assunto, e é possível ver seus próprios pais aparecendo nas imagens e se divertindo com as cenas. Esse fato, apesar de transparecer uma certa cultura local, causou indignação e chamou a atenção das autoridades do lugar e do mundo inteiro respectivamente. A repercussão foi mundial. Descobriu-se então que não apenas nesse país, a Indonésia, mas em outros países de primeiro mundo, cenas semelhantes estão se repetindo. Em nome de velhas tradições levam-se crianças a vícios mortais.
Essa criança, digo, esse bebê, tornou-se uma atração no lugar. O transformaram em um bebê especial. Por causa da agilidade com o cigarro nas pontas dos dedos, as pessoas concorrem diariamente para ver o show do bebê especial. Durante um dia inteiro ele chega a fumar em torno de quarenta cigarros. È possível vê-lo acendendo um em seguida do outro, ou seja, mesmo antes de terminar o que está fumando, na bituca deste, acende o próximo. Não larga do cigarro por nenhum momento, exceto para tomar mamadeira, na hora do banho e de dormir. É fácil perceber por sua aparência física que em brevíssimo tempo ele terá sérias complicações pulmonares. Entendemos por crianças especiais, aquelas que precisam de atenção especial, carinho especial, cuidados especiais, por serem portadoras de alguma deficiência física ou mental. Até mesmo as consideramos especiais, por serem especiais no sentido afetivo, ou seja, em relação ao amor que temos para com elas. Também pode ser especial em razão de alguma dificuldade na gestação, que a faz ao nascer, ser uma vencedora especial para os pais que esperaram com ansiedade esse período.
Por isso as tratamos com amor inigualável e incomparável. Isso é ser uma criança, digo, um bebê especial e não esse que é explorado por adultos em nome de uma velha tradição. Isso devia ser crime em qualquer lugar do mundo. Depois dessas cenas bárbaras outras foram divulgadas pelo mundo afora, inclusive em uma localidade, que grande parte do país desconhecia haver tal tradição. As crianças, adolescentes e jovens são forçadas a experimentarem cigarro para comprovar aos pais que passaram de uma fase para outra na vida, ou seja, os próprios pais iniciam seus filhos a vícios terríveis que podem deixar sequelas irreparáveis pelo resto da vida. Tudo isso, como disse e repito, em nome de velhas tradições. O importante é não roubar dos bebês, crianças, adolescentes e jovens os momentos de suas vidas. Mas um fato chamou ainda mais a minha atenção. As mulheres, as mães, inclusive a maioria, eu acredito, que assistiu tais cenas, não compartilham do mesmo sentimento masculino, tanto é verdade, que a própria mãe do bebê fumante, poucos dias depois já o havia encaminhado para um clínica para desentoxicação e recuperação do vicio.
Para ela o seu bebê é muito especial para se acabar entre fumaças. A irritabilidade e a inquietude do bebê por causa da falta dos componentes químicos do cigarro em seu organismo era notória. Mas o seu tino maternal poderá ainda em tempo devolver a alegria para que aquele bebê deixe de ser especial por causa da quantidade de cigarros que fuma, e passe a ser especial por haver conseguido se livrar, mesmo sem saber, de um vicio imposto pela sociedade moderna. Que os pais do mundo inteiro possam aprender com o exemplo negativo desse pai indonésio, mas, para fazer exatamente o contrário do que ele fez. É preciso ensinar a criança no caminho em que deve andar para que quando for um adulto jamais venha se desviar dele. Um bom exemplo é melhor do que muitas palavras. Não podemos mais assistir passivamente os adultos em nome de tradições culturais jogando com o futuro e a vida de nossas crianças e continuar achando que tudo isso é normal, que é a cultura milenar desse ou daquele povo e fechar os olhos ao sofrimento de bebês como esse.

Já é suficiente a cultura indígena e africana, onde milhares de meninas são mutiladas em seus órgãos genitais em nome dessa tradição. Por isso basta de levar os bebês, as crianças, e os adolescentes a colherem em seus corpos o que eles não plantaram. Que o filho possa ser especial pelo menos para os pais...em todos os sentidos...

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