quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Corinthians e a Libertadores, o sonho acabou

Em uma noite bela, mágica, inesquecível e que será eternizada, o Corinthians sagrou-se campeão da Copa Libertadores. Foi na raça, na garra, no peito, no sofrimento, mas foi também com muita emoção e com o sorriso aberto de alegria, com lágrimas de felicidade, foi com paixão, foi entre braços e abraços que a nação Corinthiana, eufórica, explodiu com o êxtase da vitória. Seu brado ecoou pelo universo, arrebatou os sentidos, confundiu a lógica e a razão, até mesmo a consciência da própria existência precisou ser verificada. Vivia-se a realidade de um sonho, onde o mortal parecia imortal. Momento único, onde o pulsar dos corações podia ser ouvido e cada olhar refletia em seu brilho a angústia da espera pelo apito final. O medo trazia a esperança da certeza de que no final seria possível contemplar a glória, libertar a dor do insucesso, saborear o néctar da vitória e acima de tudo poder hastear o seu pendão no patamar mais alto do pódio, o de campeão.
E foi assim, como o Corinthiano sempre aprendeu, que para ele não existe nada fácil. Foi a superação de um trauma que parecia não ter fim. Sua epopeia sempre fora escrita com suor, mãos trêmulas, coração acelerado, agora não poderia ser diferente, é assim com todo povo brasileiro e o Corinthians é o povo. O único capaz de aproximar os paralelos, confundir razão e emoção, atrair os opostos, unir os adversários, fazer de um simples momento, algo eterno, imensurável. Isso é Corinthians! Grandeza que não se explica, porque é sempre maior do que se pode explicar ou compreender. Mas o fantasma das eliminações precoces insistia em querer acompanhar os 35 milhões de enlouquecidos torcedores. Mas dessa vez não. O sonho que para muitos parecia inatingível se concretizou, o grito aprisionado no peito, que sufocava a alma de cada cidadão dessa nação, finalmente ganhou a liberdade. A luta dos heróis guerreiros, aliás, heróis libertadores, proporcionou a fuga em massa das masmorras do passado que trancafiaram por décadas tal sonho.
Mas, enfim, o sonho acabou. Passado e presente se mesclaram em uma só meta, um só objetivo, uma só determinação e se comprometeram gerando a certeza de que o fim do sonho estava perto. Por essa razão, era preciso avançar, atacar muitos adversários e se defender com barreiras intransponíveis dos tiros que surgiam a fim de derrubá-los. Chutaram para longe as dificuldades, agarraram as oportunidades, driblaram o cansaço, jogaram para fora o desânimo, ergueram mais alto a cabeça, para ver que a meta não estava tão longe. Invadiram países, cidades, cruzaram fonteiras, percorreram os campos, lançaram a semente da responsabilidade e da união para não vê-los transformados em arenas de mortes súbitas, onde somente os fortes sobrevivem. Lutaram, uma nação contra todas, mas, mesmo assim, foi uma luta de gigantes. Os últimos segundos pareciam horas intermináveis, aliás, foram três horas para levar o presente até a eternidade, para fazer com que os onze libertadores realmente virassem heróis, que a nação em uma só voz libertasse a dor e gritasse bem alto para toda a América ouvir: É campeão.
As lágrimas incontroláveis que brotavam do interior de cada torcedor, dos corações sofridos, lavavam a alma, iluminavam os olhos, formavam rios de emoções que escorriam transformando o sofrimento em alegria, a ansiedade em refrigério, a expectativa em uma explosão de euforia incontrolável. Em cada confronto foi preciso soltar os gritos de guerra, para depois, no último e decisivo, poder entoar o hino da vitória. Finalmente um grito de felicidade em uníssono se ouviu. O êxtase coletivo fez dos loucos, conscientes, dos que são, como se se não fossem, dos pobres, milionários e milhares de mãos aplaudiram quando o capitão ergueu os braços ostentando a taça da vitória, a nação foi laureada com a coroa da justiça, o sonho chegava ao fim.
Vozes roucas e gritos alucinados fizeram da esperança uma certeza, do sonho uma realidade e da realidade, que ainda parece um sonho, uma história, uma vida. De um time, fizeram uma paixão eterna, para assim, continuar sendo fiel e, nunca, jamais abandonar o Corinthians! Essa sempre foi a razão dos loucos, mas, loucos por ti, Corinthians. Os adversários um a um se renderam, se curvaram perante a grandeza do seu poder e, por fim, reconheceram que és e sempre serás o campeão dos campeões. O sonho acabou. Novos sonhos começarão, o de ser bicampeão, por exemplo, mas este, e o mais ambicionado de toda sua existência, de ser campeão da Copa Libertadores da América, acabou.
Agora não resta mais nada a dizer, apenas esvaziar o peito e gritar para o universo ouvir:
É campeããããããao....Parabéns Corinthians.


(04-07-2012 – Corinthians Campeão da Copa Libertadores da América 2012)

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