quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Somente para inglês ver

Desde que se soube, a seis ou sete anos atrás, que iria organizar a Copa do Mundo de Futebol, o governo brasileiro começou uma grande maquiagem na infraestrutura do País. Um apito deu inicio ao jogo de cartas marcadas desencadeando criticas e manifestações prós e contra o evento em terras tupiniquins. Não que o brasileiro não goste de futebol, pelo contrário, afinal, somos o Pais do futebol. Porém, conhecendo a classe política que assola a nação, abriu-se uma porta ainda maior à corrupção. É impossível organizar um evento de tamanha magnitude em um País onde a única coisa organizada é o crime. Mas há os otimistas, e entre eles eu me incluo, que acreditam que o Brasil é capaz, pois é maior do que seus políticos. As promessas começaram a surgir e investimentos bilionários seriam necessários. Estádios, aeroportos, hotéis, acessibilidade, tudo de acordo com o padrão exigido pela entidade. Sistema viário sem congestionamentos, infraestrutura adequada, transporte público digno, sistema de saúde perfeito, alta tecnologia nas transmissões, comunicação, internet e telefonia sem interrupções, falhas ou quedas de sinal.
Tudo isso para os brasileiros usarem como herança depois da grande festa. Essas foram algumas promessas para inglês ver. Como seria bom, ou melhor, excelente, se a velha política não pusesse as mãos sujas sobre essa bola, mas sei que o meu desejo é quase impossível! Venderam um País que não existe. Porém, os anos passaram e a realidade mostrou a incompetência administrativa, a corrupção política, a ganância empresarial e uma burocracia sem limites que quase levaram, para vergonha do povo brasileiro, um merecido ”chute no traseiro” da entidade. Mas, enfim, o circo já está armado, as arenas já mataram alguns gladiadores, pobres trabalhadores, antes mesmo da inauguração e em breve o espetáculo vai começar, apenas os palhaços não querem tomar seus lugares, não há como chegar. O transporte público continua péssimo e o “Zé Marmita” ainda viaja pendurado no trem desde a década de 50. A dança por uma cadeira nos coletivos lembra-nos as brincadeiras de crianças, sem contar que os preços das passagem estão exorbitantes.
A torcida sofre nos ônibus abarrotados e a insatisfação com esse serviço vem gerando nos últimos meses protestos violentos deixando o serviço ainda pior com, em média, dois ônibus incendiados somente na capital paulista por dia. Enquanto o dinheiro público é investido em estádios, em portos em Cuba, a educação, a saúde e outras necessidades, no nosso País são ignoradas pela classe política que esbanja o erário em viagens milionárias. A sujeira do País está sendo varrida para debaixo do carpete. Um rio de dinheiro público inundou os canteiros das obras, sem licitações, para que, as ave de rapina, os corsários terrestres, os alienígenas políticos, os lobos disfarçados de ovelhas, usurpem o que não lhes pertencem.
Outra questão é a tão prometida segurança, que não existe e nunca existiu, a ponto de uma delegação estrangeira, em recente visita ao País, precisou vir acompanhada de sua própria policia. Dá-nos a impressão de que quem governa esse País estão trancafiados em prisões, porque as ordens são respeitadas e obedecidas imediatamente. E que falar dos hospitais? A fila por um ingresso (senha) nos hospitais públicos está concorrida. É preciso chegar antes do galo cantar para se conseguir uma. Com isso, aumenta o número de lesionados e feridos no departamento médico. A saúde sempre foi chutada para escanteio. No País do futebol ela nunca entra em campo, é reserva de luxo e aqueles que podem pagar um plano de saúde são enganados pelas empresas na hora em que mais precisam. Ah, mas lembre-se, Copa não se faz com hospitais, e sim com estádios, fenomenal quem afirmou isso. Embora os estádios sejam bonitos, não passam de elefantes brancos sem utilidade posterior em algumas cidades. Com ou sem Copa, a saúde sempre deverá ser prioridade em qualquer governo.

Onde estão os aeroportos de primeiro mundo, a organização nos novos estádios que até água falta nos banheiros, alguns já vão precisar de reforma no gramado, os ingressos já foram clonados, onde está o padrão Fifa, a tecnologia e tudo o que foi prometido? O que está sendo feito, como se diz por aqui, é apenas para inglês ver.

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