segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Uma igreja para os pobres

Com essa frase e determinação, o Papa Francisco foi entronizado dando inicio a seu papado. Era uma clara alusão de como será norteado o seu pontificado. Uma igreja para os pobres. É claro que todo o mundo entendeu o que ele quis dizer. Não há entrelinhas nessa afirmação. Durante séculos a Igreja Católica Apostólica Romana se sentou em trono de ouro e era administrada pelo poder e interesses da Cúria Romana. Mas, atualmente, o pescador deixou seu iate e voltou ao seu simples barquinho. Calçou as sandálias da humildade para caminhar entres os becos e vielas, pelas estradas empoeiradas dos países pobres a procura das ovelhas que não têm pastor. A suntuosidade e o orgulho incharam a igreja durante dois mil anos, não havia lugar para os pobres de espírito. Mas, conforme apregoou o Mestre dos mestres, no alto de uma montanha, para que todos o vissem e pudessem ouvi-lo, bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Ser pobre de espirito, é ser humilde, honesto, sincero, altruísta porque o reino dos céus e não o da terra, é dessas pessoas. Portanto, segundo o Sumo Pastor, elas são bem aventuradas, felizes, bem sucedidas, em tudo o que realizam e a recompensa, é o reino dos céus. A expectativa mundial é que o novo Papa seja para uma nova Igreja. Que sua maior riqueza realmente seja o amor, não apenas aos pobres, mas ao ser humano, sem nenhuma distinção, sem acepção, independente de classe social ou outra diferença qualquer. Já havia passado da hora da Igreja sair da escuridão de ensinamentos teóricos, sem vida e sem realidade e sair das paredes frias do Vaticano, para consolar os que choram, para saciar os que tem fome e sede de justiça. Talvez agora o mundo conheça a realidade da Igreja como luz do mundo e sal da terra.
A Igreja, meus caros Cardeais, Bispos e Arcebispos, não é aquele templo no Vaticano, a capela de São Pedro ou a Sistina, restaurada pelo Papa Sisto IV e sim, o ajuntamento de todos os cristãos ao redor do mundo. Ela é o reino de Deus aqui na terra, portanto, o seu governo, não deve proceder da Cúria e sim do trono de Deus, deve ser de humildade e amor, verdade e justiça, vida e paz, características inerentes do próprio Cristo, porque, precedendo a honra, está a humildade, mas na altivez está a queda. Conta-se através do folclore religioso, que um dia, andando pelos corredores do Vaticano, certo Papa, orgulhoso com tanta riqueza e parafraseando o apóstolo Pedro sobre um texto bíblico do novo testamento, onde ele, Pedro, diante de um pedinte paralítico, afirmou:
Não tenho ouro e nem prata; mas o que tenho isto te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. (Atos 3:6)
O Papa, orgulhoso dos seus tesouros, disse ao humilde secretário: se o apóstolo Pedro estivesse hoje entre nós, ele não afirmaria que não tinha ouro e nem prata, e continuou admirando o seu belo tesouro. O secretário então, humilde, porém, receoso afirmou: mas também não diria em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. Por essa razão, vejo nos gestos e atitudes humildes do Papa Francisco, a renovação da fé e da esperança de que a Igreja possa fazer o seu papel, o de atrair as pessoas para Deus e não de afastá-las. Espero que o Papa Francisco possa fazer a restauração interior de todos os membros da Santa Sé e exterminar de vez, com todos os tipos de escândalos, ganância, pompa, orgulho, arrogância e tantos outros pecados, que o simples mencionar já uma vergonha. Que a Igreja seja um organismo vivo e não uma organização morta.

Sendo assim, dou as boas vindas ao humilde Papa Francisco e que não somente ele, mas, entre outros tantos milhões de pessoas ao redor do mundo, também possa ser mais um embaixador da parte de Cristo, como se Deus por ele rogasse. E que após sua morte, a Igreja dos pobres possa dizer com convicção: Houve um homem, enviado de Deus, cujo nome era Francisco. (João 1:3)

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