Quem
não se lembra daquela historinha infantil que nossos avós e nossos
pais nos contavam e que vem sendo recontada de geração em geração.
É a famosa historinha de João e Maria que para não se perderem na
floresta, depois de serem enganados por uma madrasta malvada,
soltaram algumas pedrinhas pelo caminho para depois encontrá-lo caso
se perdessem. E assim aconteceu, eles acharam o caminho das pedras e
novamente estavam felizes por retornarem para casa. Diz um certo
adágio popular que nós caímos ao tropeçar nas pequenas pedras e
não nas grandes. Essa é a mais pura realidade nos dias atuais. As
pequenas pedras estão por todos os caminhos, é preciso estar bem
atentos nos caminhos que seguimos para não tropeçarmos em algumas
delas. Uma grande parte da população brasileira e mundial já
encontrou seu caminho das pedras, o problema é que não sei se esse
caminho ou essas pedras, não está levando a se encontrarem depois
de perdidos, mas, está levando muita gente a se perder assim que
começa trilhá-lo. Esse é o caminho das pedras de crack. É um
caminho aparentemente sem volta e muito perigoso. Quando encontra-se
uma dessas pedras pelo caminho, dificilmente as pessoas se acham,
ficam perdidas, sem noção de quase nada, perdem o verdadeiro
sentido da vida, aliás, a vida é o que menos tem sentido e valor
nesse momento. O bem mais importante, que é a vida, para quem entra
por essa caminho vale simplesmente uma pedra. É um caminho que as
olhos parece ser bom, mas seu fim é dos piores, é a perdição, e
milhões de jovens estão entrando por ele sendo atraídos e atraindo
outros consigo.
É
o caminho da loucura, do desespero, do horror, do medo que leva ao
fim da vida de maneira tão cruel e rápida. Essas pedras pelos
caminhos tem preocupado e tirado o sono de várias autoridades
mundiais. O caminho das pedras de crack está assustando a humanidade
porque tem atingido proporções gigantescas e está alarmando o
mundo de tal maneira que as autoridades estão de mãos atadas sem
saber e sem poder fazer coisa nenhuma. É o subproduto da cocaína,
uma droga que vicia rapidamente, é barata, e qualquer criança,
adolescente, jovem ou adulto pode adquirir com muita facilidade. É
impressionante o número de viciados que tomaram o caminho das
pedras. Estima-se em mais de 200mil peregrinos por esses caminhos
afora, nas cidades brasileiras e a grande maioria, seguem sem
encontrar uma placa de orientação para poder retornar. Caminham
esfarrapados, disputandos as sarjetas com cães e ratos em busca de
alimento. É a dura realidade dos consumidores de crack. Cada cidade
grande já possui a sua pedreira, ou seja, sua crakolândia onde o
comércio de todos tipos de pedras, não preciosas, são
comercializadas a luz do dia e diante dessas mesmas autoridades que
não sabem, não podem e muitos não querem fazer nada.
Enquanto
eu me pego aqui escrevendo para desabafar, tirar do meu coração uma
parte da crueldade da vida que meus olhos diariamente presenciam,
milhares de crianças, adolescentes, jovens, meninos e meninas estão
desesperados, caminhando, tentando até mesmo vender seus corpos em
troca de uma pequena pedrinha. Há inúmeros que já são filhos do
crack, nasceram sob as pedras. São jovens em corpos velhos que
caminham ao encontro da morte. Não há futuro imediato para grande
maioria, vivem a espera de um milagre ou de outra pedrinha. São
histórias e mais histórias sem final feliz, de vidas sofridas que
foram e ainda estão sendo arrastadas pela correnteza das drogas. As
pedras rolam por um caminho sem volta, onde milhares, sem forças,
não resistem o caminhar por ele. Tropeçam e caem sem reação
diante de uma pedrinha que não é no sapato, mas, no cachimbo. As
ciladas e armadilhas nesse caminho estão por todas as direções e
os que escapam, carregam sequelas e fissuras inesquecíveis que a
qualquer momento podem retornar. Estima-se que os negociantes de
pedras de crack faturam um bilhão e quinhentos milhões com o
tráfico de pedras.
Os
usuários, o público alvo desses homens de negócio, dos empresários
do tráfico, o consumidor final, em sua maioria de baixa renda, são
enganados mentalmente por um prazer alucinógeno, comparado, segundo
dizem alguns psiquiatras, ao equivalente a 12 orgasmos por minuto. É
algo incontrolável. Entre o consumo e a ação da pedra no sistema
nervoso, leva entre cinco a dez segundos, o que faz uma pessoa ficar
viciada rapidamente apenas em uma ou duas semanas, dependendo da
experiência do usuário. Da mesma maneira rápida com que leva ao
vicio, também é rápida o efeito, que não passa de cinco minutos,
daí, a necessidade de frequentes consumo.
E
outro dado muito interessante e não menos triste, é que segundo os
teraupêutas especializados em toxicologia, não se pode usar remédio
para tirar o prazer causado pela pedra de crack porque ele vai
inutilizar todos os outros tipos de prazeres, inclusive o sexual.
Portanto, é alarmante saber que não existe uma substância que tire
o prazer de fumar crack. Por isso, não é preciso percorrer um longo
trecho para perceber que esse é praticamente um caminho sem volta,
basta alguns passos e logo se tropeça. Mesmo aqueles que caminham
acompanhados, seus passos são solitários, não há esperança nem
sonho, somente lágrimas e rancores. A depressão pós consumo deixa
os usuários irreconhecíveis. Depois da alegria e do prazer, são
entregues a uma malimolência física, ao desânimo profundo em nada
comparado aos pequenos momentos de euforia anterior.
Apesar de ser algo barato e fácil de se adquirir, o alto preço que a sociedade vem pagando por perdas de vidas humanas prematuramente é muito alto. É preciso reconhecer a incompetência dos governantes, a falta de interesse político, aliás, interesse esse que com certeza deve surgir durante as passeatas e comicios que os futuros candidatos farão, dando solução como em um passe de mágica, com um estalar dos dedos, para esses problemas que corrói a décadas nossos jovens. Mas, também é importante reconhecer a atitude louvável de diversas entidades que lutam sem recursos e desacreditadas, estendendo as mãos para aquelas que estão estendidas clamando por ajuda.
Apesar de ser algo barato e fácil de se adquirir, o alto preço que a sociedade vem pagando por perdas de vidas humanas prematuramente é muito alto. É preciso reconhecer a incompetência dos governantes, a falta de interesse político, aliás, interesse esse que com certeza deve surgir durante as passeatas e comicios que os futuros candidatos farão, dando solução como em um passe de mágica, com um estalar dos dedos, para esses problemas que corrói a décadas nossos jovens. Mas, também é importante reconhecer a atitude louvável de diversas entidades que lutam sem recursos e desacreditadas, estendendo as mãos para aquelas que estão estendidas clamando por ajuda.
É
interessante notar que uma boa parte da ajuda, aquela que realmente
chega até os que estão nesse caminho, vem daqueles que já
trilharam o mesmo caminho. Por isso, quando ouço os futuros
candidatos resolvendo todos os problemas que a décadas assolam a
população brasileira antes mesmo de assumirem seus cargos, fico
indignado, mas aumenta ainda mais a minha certeza, de que somente
Deus pode mostrar o verdadeiro caminho das pedras, o caminho para
vida...
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