Um olhar distante
Parecia-me
um quadro onde a paisagem ficava em segundo plano. Aquela pessoa,
sentada no banco da praça, olhando o infinito mas ao mesmo tempo
acredito que seu olhar não passava de si mesma, roubava a cena e
tirava a beleza da praça. Em um olhar tão distante, procurava
encontrar, talvez ao longe, respostas para seus problemas tão
próximos. Era claro pelo olhar que aquela pessoa sofria. Ansiedade
invadia o seu coração. O medo talvez barrasse as perspectivas da
vida. Paradigmas precisavam ser rompidos. O silêncio era a fuga
momentânea para um novo salto na vida, talvez refletisse. Apesar da
velocidade do tempo que passava naquele instante, nada parecia passar
para ela. Estava imóvel como uma presa acuada por seu predador,
refletia tristeza. Era amparada apenas pelo vento que insistia em
balançar seus cabelos,
anunciando que existia a vida. Quem sabe em suas asas, viajava em
buscas de soluções pra vida. Vida essa que aparentemente havia lhe
roubado o próprio sabor. Sem lágrimas, chorava em seu coração.
Sem amigos, implorava alguma mão. Passei por aquela pessoa ainda
olhando de soslaio, para ver se entendia a razão de tão grande
solidão. Muitas pessoas também passavam, apressadas, assim como eu,
mas não se davam em conta aquela pessoa que sofria. Eu também
passei deixando aquela pessoa com seu olhar distante tão perto de
mim. Segui o meu caminho, insensível, com meu olhar distante...
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