terça-feira, 18 de agosto de 2015

Um...dois...três...achei!!

Em um determinado final de semana enquanto me divertia com a minha neta pelos quartos, sala e cozinha do meu pequeno apartamento, brincando de se esconder para que ela me achasse e vice-versa. Eu contava um...dois...três e perguntava se já podia sair à sua procura. De onde ela estivesse gritava ainda não...ainda não...Somente quando encontrava um lugar, que ela acreditava estar invisível, é que, com um novo grito dava a autorização...pode vir...Eu passava por ela diversas vezes, mesmo que estivesse escondida atrás da cortina com os pés aparecendo, ou atrás de um móvel qualquer, mas propositadamente eu não a via e depois de alguns minutos procurando por ela, quando a encontrava, ela corria aos meus braços e soltava o mais lindo sorriso, digo, gargalhada que existia. Depois de certo tempo brincando com ela, enquanto descansava, porque, haja fôlego para tanto corre-corre, assistia a um programa na tv, cuja reportagem mencionava uma controvérsia entre os moradores de uma cidade do interior por causa da troca de roupa de um santo na igreja.
O santo tão discutido era o São Longuinho, aquele em que quando as pessoas perdem algum objeto, oferecem-lhe três pulinhos, e, segundo a crença, o objeto é encontrado. Eu jamais pensei que esse Santo houvesse existido de verdade. Para mim, não passava de pura crendice popular. Segundo a reportagem, e eu aqui não afirmo nada, mas fui conferir o que fora informado, era o centurião (e por incrível que pareça, a maioria dos santos foram soldados ou personagens romanos) que com uma lança, furou o lado de Jesus na cruz para certificar se ele realmente havia morrido. A sua imagem é retratada empunhando uma longa lança na mão direita. Há outra crendice que reza que ele era de baixa estatura, quase anão, daí a origem irônica do nome “longuinho” usada pelos seus contemporâneos e que não era nada santo. Existem outras longas histórias a seu respeito. Esse santo é bom mesmo? perguntou o repórter à zeladora do templo. É sim, respondeu ela, as vezes não dá tempo nem de contar até três e já encontramos o que queríamos.
Ambos sorriram e o repórter encerrou a matéria. Pessoas, objetos e tantas outras coisas, quando encontradas lhe são tributados alguns pulinhos e há pessoas que ainda acrescentam alguns gritinhos como algo a mais ao santo, do tipo achei...achei. O retorno é imediato quando se confia no santo alega o povo nas cidades interioranas. Hoje com o surgimento da internet, São Longuinho perdeu e muito o seu crédito. Se alguns dias atrás eu contava calmamente até três, dando tempo suficiente para que a minha neta se escondesse até se achar invisível, hoje, como disse a zeladora do templo ao repórter, não dá tempo de contar até três ou dar os três pulinhos e logo se encontra o que se procura. São Longuinho precisa entrar na era on-line, do just in time para não cair na descrença popular de uma vez. Os sites de buscas estão cada vez mais rápidos é só clicar um...dois... três e pronto...achei, podemos exclamar de contentamento.
Empresas já usam a imagem do santo longuinho como sinônimo de retrocesso, ou seja, usa-se o produto que a empresa oferece, ou continua dando pulinhos e gritinhos esperando pela ação do padroeiro das coisas perdidas. Acho que ao invés do povo ficar debatendo sobre a mudança de roupa do santo, está na hora de criar um site como saolonguinho.com para que ele possa encontrar as coisas com maior rapidez e facilidade. Depois de parar uns minutinhos para ver a reportagem, voltei a brincar com a minha neta, e dessa vez era eu que me escondia. Ela contava um, dois, três com uma rapidez incrível e logo corria ao meu encontro. Ela estava na velocidade da internet e eu na do são longuinho. Enquanto a sua velocidade era de cem megabites por segundo, a minha era de cem kbites. Ela estava on-line e eu com queda de sistema.

Hoje, objetos e coisas ficaram mais fáceis de serem encontrados, mas as pessoas estão cada vez mais perdidas, digo isso em razão de que havia tanta gente na paróquia celebrando o dia de São Longuinho que nem pulinho as pessoas davam agradecendo por algo que tivessem encontrado, por falta de espaço. Por essa razão, meu caro São Longuinho, não o desmerecendo por tantos anos de serviços prestados à comunidade, me perdoe por pensar dessa maneira, mas atualmente, a internet é fundamental e mais rápida...achei.

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