Na semana passada tivemos a estreia do remake da novela Carrossel que
fez muito sucesso entre as crianças no começo dos anos 90. Com o
slogan de: a novela que vai unir a família brasileira, a
televisão do dono do baú espera dar sua contribuição e uma nova
opção para o horário nobre das famílias brasileiras. Em uma vida
do faz de contas, onde a terra é quase céu, as crianças estão se
encantando e se encontrando em cada personagem. No mundo da
simplicidade, inocência e pureza onde os adultos até o momento não
introduziram a sensualidade, o egoismo, a ganância, as tramas
sentimentais que resultam em mortes sem sentido,
cujos autores são sempre uma incógnita, elas começam a sonhar com
outra realidade nas escolas. Não sei se estou sendo precipitado em
parabenizar o dono do baú, mas o fato é que outra vez ele saiu na
frente na causa pela moralidade da teledramaturgia brasileira. As
famílias e as crianças brasileiras precisavam desse momento.
Chega de ibope a qualquer preço, de imoralidade, de cenas obscenas
que agridem o bom senso, o caráter e despertam nas crianças a
libido precoce gerando uma personalidade moldada aos padrões nefasto
da mídia subversiva. É preciso inculcar nas crianças algo que
realmente tenha valor e não o padrão perverso apresentado nas
novelas, onde a luxuria, a mentira, o adultério, o jogo sujo da vida
predomina e usurpa o viver de famílias, que ficam a mercê de
personagens subliminares que não condizem com a realidade em que
vivemos. Não digo que essa novela, Carrossel, expresse a realidade
das escolas e nem das famílias brasileiras, mas pelo menos não
motiva as crianças, o meu principal cuidado, a atitudes libidinosas,
lascivas, dissolutas e insanas, fruto de um molde pernicioso chamado
novela. Aliás, novela é apenas um item sem conteúdo na grade
cultural do país.
Quando o atleta do século, há 40 anos atrás, disse que era preciso
cuidar melhor das nossas crianças, riram de suas palavras. Hoje,
essas crianças já geraram outras crianças, e o que vemos é uma
linha de reprodução fecundada sob a batuta da insegurança, do
medo, das incertezas, a qual, está sendo criada e conduzida através
do controle remoto dos games e da televisão. Quem sabe, ao embarcar
nesse Carrossel, as crianças deixem um pouco de lado o uso dessa
ferramenta! Talvez possamos, e ainda há tempo, de ver as salas de
aulas sem armas, sem bulling, sem violência infantil, sem estresse
educacional, com educação e respeito entre alunos e mestres. Claro
que esse Carrossel não é nenhum padrão para as nossas crianças,
mas pelo menos, não estão sujeitas às maledicências de palavras
proferidas aos sussurros e cheias de segundas intenções existentes
nas demais novelas.
As traquinagens e travessuras infantis, o sorriso espontâneo, as
amizades, as brincadeiras e o corre-corre, coisas próprias da idade,
devem ser preservadas. Em nome de uma sociedade mais humana, que
preza os direitos das crianças a um crescimento sadio, o acesso a um
melhor conteúdo cultural, não é papel somente das famílias, mas
de todos cidadãos, empresários ou não, inclusive do estado. Assim
como o Carrossel foi e voltou, espero que a mídia nacional reveja
seus programas de televisão infantis, que são apenas mais um item
no complexo mundo de aprendizado das crianças, cuja influência
atinge altos índices de realidade na vida delas e se voltem a algo
mais puro, inocente e verdadeiro, mesmo que para isso, percam alguns
números no ibope.
Deixem que a vida do faz de contas, do mundo infantil, da alegria, da
felicidade e da paz contagiem o mundo sisudo dos adultos, livrando-os
dos fingimentos, das hipocrisias, que tenhamos motivos para sorrir, e
acima de tudo, permitir que as crianças continuem sorrindo. Ainda
não parei para ver cenas do Carrossel, mas observando em meus netos,
a quietude com que assistem e por não ouvir nenhuma palavra chula e
ao mesmo tempo sem querer incentivar ninguém a acompanhar novelas,
comedido e mui respeitoso, sugiro que deixem que as crianças
embarquem nesse Carrossel.
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