quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Embarque nesse Carrossel

Na semana passada tivemos a estreia do remake da novela Carrossel que fez muito sucesso entre as crianças no começo dos anos 90. Com o slogan de: a novela que vai unir a família brasileira, a televisão do dono do baú espera dar sua contribuição e uma nova opção para o horário nobre das famílias brasileiras. Em uma vida do faz de contas, onde a terra é quase céu, as crianças estão se encantando e se encontrando em cada personagem. No mundo da simplicidade, inocência e pureza onde os adultos até o momento não introduziram a sensualidade, o egoismo, a ganância, as tramas sentimentais que resultam em mortes sem sentido, cujos autores são sempre uma incógnita, elas começam a sonhar com outra realidade nas escolas. Não sei se estou sendo precipitado em parabenizar o dono do baú, mas o fato é que outra vez ele saiu na frente na causa pela moralidade da teledramaturgia brasileira. As famílias e as crianças brasileiras precisavam desse momento.
Chega de ibope a qualquer preço, de imoralidade, de cenas obscenas que agridem o bom senso, o caráter e despertam nas crianças a libido precoce gerando uma personalidade moldada aos padrões nefasto da mídia subversiva. É preciso inculcar nas crianças algo que realmente tenha valor e não o padrão perverso apresentado nas novelas, onde a luxuria, a mentira, o adultério, o jogo sujo da vida predomina e usurpa o viver de famílias, que ficam a mercê de personagens subliminares que não condizem com a realidade em que vivemos. Não digo que essa novela, Carrossel, expresse a realidade das escolas e nem das famílias brasileiras, mas pelo menos não motiva as crianças, o meu principal cuidado, a atitudes libidinosas, lascivas, dissolutas e insanas, fruto de um molde pernicioso chamado novela. Aliás, novela é apenas um item sem conteúdo na grade cultural do país.
Quando o atleta do século, há 40 anos atrás, disse que era preciso cuidar melhor das nossas crianças, riram de suas palavras. Hoje, essas crianças já geraram outras crianças, e o que vemos é uma linha de reprodução fecundada sob a batuta da insegurança, do medo, das incertezas, a qual, está sendo criada e conduzida através do controle remoto dos games e da televisão. Quem sabe, ao embarcar nesse Carrossel, as crianças deixem um pouco de lado o uso dessa ferramenta! Talvez possamos, e ainda há tempo, de ver as salas de aulas sem armas, sem bulling, sem violência infantil, sem estresse educacional, com educação e respeito entre alunos e mestres. Claro que esse Carrossel não é nenhum padrão para as nossas crianças, mas pelo menos, não estão sujeitas às maledicências de palavras proferidas aos sussurros e cheias de segundas intenções existentes nas demais novelas.
As traquinagens e travessuras infantis, o sorriso espontâneo, as amizades, as brincadeiras e o corre-corre, coisas próprias da idade, devem ser preservadas. Em nome de uma sociedade mais humana, que preza os direitos das crianças a um crescimento sadio, o acesso a um melhor conteúdo cultural, não é papel somente das famílias, mas de todos cidadãos, empresários ou não, inclusive do estado. Assim como o Carrossel foi e voltou, espero que a mídia nacional reveja seus programas de televisão infantis, que são apenas mais um item no complexo mundo de aprendizado das crianças, cuja influência atinge altos índices de realidade na vida delas e se voltem a algo mais puro, inocente e verdadeiro, mesmo que para isso, percam alguns números no ibope.

Deixem que a vida do faz de contas, do mundo infantil, da alegria, da felicidade e da paz contagiem o mundo sisudo dos adultos, livrando-os dos fingimentos, das hipocrisias, que tenhamos motivos para sorrir, e acima de tudo, permitir que as crianças continuem sorrindo. Ainda não parei para ver cenas do Carrossel, mas observando em meus netos, a quietude com que assistem e por não ouvir nenhuma palavra chula e ao mesmo tempo sem querer incentivar ninguém a acompanhar novelas, comedido e mui respeitoso, sugiro que deixem que as crianças embarquem nesse Carrossel.

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