segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Sangue inocente

Nesse feriado da semana santa e da páscoa, enquanto o comércio contabilizava os lucros com a venda de chocolate, eu parei para refletir no real sentido da morte do cordeiro pascal. O sangue derramado ali no calvário, era o sangue de um inocente. O justo pelos injustos. O próprio traidor, Judas Iscariotes, vendo que Jesus havia sido condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata que tinha recebido pela traição e as devolveu aos principais sacerdotes e aos anciãos do povo. Depois, como que confessando a sua culpa, disse: Pequei, traindo sangue inocente. Foi então que comecei a refletir no sangue inocente que desde a antiguidade começou a ser derramado. Este, embora por trinta moedas de prata, foi por uma justa causa, a redenção da humanidade perante Deus Pai, mas isso é outro assunto.
Mas, atualmente, muito sangue inocente está sendo derramado por traidores, por homens egoístas que a todo custo querem se manter no poder. São governantes que derramam sangue inocente do povo sem nenhuma justa causa, se é que pode haver uma. É o caso da Síria, que somente no mês de março, mais de seis mil pessoas morreram, perfazendo um total de mais de oitenta mil desde o começo da guerra. Pode ser o resultado do armistício entre as duas Coreias, do sul e do norte, caso se concretize as fúteis ameaças. O que dizer dos jovens que em busca de pequenas aventuras e embalados por drogas e bebidas, roubam, matam ou destroem vidas em questão de segundos? Correm com máquinas mortíferas derramando sangue pelas ruas, calçadas e avenidas sob os privilégios da impunidade e a proteção da lei, que lhes cobram trinta moedas de fiança e os liberam para novos assassinatos?
Foi nesse contexto que vi o sangue de uma criança inocente ser derramado, para conter a loucura de uma mulher, que com o desejo de vingança traiu a confiança de uma família e deixou uma nação indignada diante de tamanha crueldade. Como entender o ato desumano de uma pessoa que em apenas uma noite derrama o sangue inocente de quatro motoristas de táxi? Como não ficar perplexo, pasmado, boquiaberto ao ver um casal de turista estrangeiro, seres humanos, a mercê de jovens, cujo rapaz fora espancado enquanto sua namorada sofria todos os tipos de sevicias dentro de uma van? Como explicar os médicos que fizeram o juramento de Hipócrates, de exercer a arte de curar e ser fiel aos preceitos da honestidade, derramar sangue inocente de pacientes, determinando como Deus quem deve morrer ou viver? Até quando veremos pseudos policiais envergonhando a tão nobre missão de proteger o cidadão, dando cobertura a outros para derramar sangue inocente desses mesmos cidadãos que deviam protegê-los?
Judas Iscariotes pelo menos se arrependeu e foi devolver as moedas, contudo, não mais tinha como reparar o seu erro, e cheio de remorso, foi enforcar-se. Mas, aqueles anciãos do povo e os principais sacerdotes lhes disseram: que nos importa? Isso é contigo. Da mesma maneira nossos governantes, diante de tanto sangue inocente sendo derramado, parecem repetir a mesma frase: que nos importa? Isso é contigo. Aqueles que detém o poder e a autoridade para governar, estão traindo o sangue inocente do povo para arrecadar suas trinta moedas de prata! Estão fazendo como o soberano Pôncio Pilatos que com o gesto de lavar as mãos disse: estou inocente do sangue desse justo, e entregou Jesus para ser crucificado. Guardada as devidas proporções, muitos atualmente, ao lavar as mãos, sujam o coração, a alma e o corpo inteiro por causa das trinta moedas da corrupção.

O único sangue inocente, precioso, libertador derramado que nos trouxe vida foi suficiente e aconteceu a dois mil anos atrás, portanto, chega de derramamento de sangue.

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