Nesse
feriado da semana santa e da páscoa, enquanto o comércio
contabilizava os lucros com a venda de chocolate, eu parei para
refletir no real sentido da morte do cordeiro pascal. O sangue
derramado ali no calvário, era o sangue de um inocente. O justo
pelos injustos. O próprio traidor, Judas Iscariotes, vendo que Jesus
havia sido condenado, trouxe, arrependido, as trinta moedas de prata
que tinha recebido pela traição e as devolveu aos principais
sacerdotes e aos anciãos do povo. Depois, como que confessando a sua
culpa, disse: Pequei, traindo sangue inocente.
Foi então que comecei a refletir no sangue inocente que desde a
antiguidade começou a ser derramado. Este, embora por trinta moedas
de prata, foi por uma justa causa, a redenção da humanidade perante
Deus Pai, mas isso é outro assunto.
Mas, atualmente, muito sangue inocente está sendo derramado por
traidores, por homens egoístas que a todo custo querem se manter no
poder. São governantes que derramam sangue inocente do povo sem
nenhuma justa causa, se é que pode haver uma. É o caso da Síria,
que somente no mês de março, mais de seis mil pessoas morreram,
perfazendo um total de mais de oitenta mil desde o começo da guerra.
Pode ser o resultado do armistício entre as duas Coreias, do sul e
do norte, caso se concretize as fúteis ameaças. O que dizer dos
jovens que em busca de pequenas aventuras e embalados por drogas e
bebidas, roubam, matam ou destroem vidas em questão de segundos?
Correm com máquinas mortíferas derramando sangue pelas ruas,
calçadas e avenidas sob os privilégios da impunidade e a proteção
da lei, que lhes cobram trinta moedas de fiança e os liberam para
novos assassinatos?
Foi nesse contexto que vi o sangue de uma criança inocente ser
derramado, para conter a loucura de uma mulher, que com o desejo de
vingança traiu a confiança de uma família e deixou uma nação
indignada diante de tamanha crueldade. Como entender o ato desumano
de uma pessoa que em apenas uma noite derrama o sangue inocente de
quatro motoristas de táxi? Como não ficar perplexo, pasmado,
boquiaberto ao ver um casal de turista estrangeiro, seres humanos, a
mercê de jovens, cujo rapaz fora espancado enquanto sua namorada
sofria todos os tipos de sevicias dentro de uma van? Como explicar os
médicos que fizeram o juramento de Hipócrates, de exercer a arte de
curar e ser fiel aos preceitos da honestidade, derramar sangue
inocente de pacientes, determinando como Deus quem deve morrer ou
viver? Até quando veremos pseudos policiais envergonhando a tão
nobre missão de proteger o cidadão, dando cobertura a outros para
derramar sangue inocente desses mesmos cidadãos que deviam
protegê-los?
Judas
Iscariotes pelo menos se arrependeu e foi devolver as moedas,
contudo, não mais tinha como reparar o seu erro, e cheio de remorso,
foi enforcar-se. Mas, aqueles anciãos do povo e os principais
sacerdotes lhes disseram: que nos importa? Isso é contigo.
Da mesma maneira nossos
governantes, diante de tanto sangue inocente sendo derramado, parecem
repetir a mesma frase: que nos importa? Isso é contigo.
Aqueles que detém o poder e a autoridade para governar, estão
traindo o sangue inocente do povo para arrecadar suas trinta moedas
de prata! Estão fazendo como o soberano Pôncio Pilatos que com o
gesto de lavar as mãos disse: estou inocente do sangue
desse justo, e entregou Jesus
para ser crucificado. Guardada as devidas proporções, muitos
atualmente, ao lavar as mãos, sujam o coração, a alma e o corpo
inteiro por causa das trinta moedas da corrupção.
O
único sangue inocente, precioso, libertador derramado que nos trouxe
vida foi suficiente e aconteceu a dois mil anos atrás, portanto,
chega de derramamento de sangue.
Nenhum comentário:
Postar um comentário