segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Acampando na cidade

Hoje eu gostaria de falar sobre um assunto que está tirando o sono de muita gente, aliás, não sei se essas pessoas conseguem dormir, pois, não há cama, não há moradia, não existe um teto, não existe uma casa. São pessoas que vivem de invasões em prédios públicos ou particulares buscando um lugar onde possam reclinar a cabeça. Inúmeras famílias são arrastadas pelos movimentos dos sem teto a procura de um espaço na cidade para dar descanso à prole. De acordo com o governo, a casa própria não é mais um sonho e sim, uma realidade. Mas, a realidade que vemos são pessoas dormindo nas calçadas, barracas espalhadas pelas esquinas com famílias inteiras acampando nelas.
As crianças saem pedindo esmolas, sob olhares dos pais que observam tudo, pedindo uns trocados, mas eles, os pais, pedem um teto, um lar, uma chance, uma esperança de futuro, um novo começo, uma oportunidade de vida melhor. A incansável luta por um pedaço de terra, um lugar para se morar, fincar as raízes para viver com mais dignidade está se tornando mais acirrada. Invasões e desocupações tem levado muita gente ao desespero e até mesmo a morte, para ocupar e defender o direito a moradia. Essa guerra não está sendo travada apenas na zona rural onde a disputa por grandes latifúndios está em jogo, até mesmo os índios, os verdadeiros donos da terra, resolveram reivindicar o que sempre lhe pertenceu, a terra.
Na zona urbana das grandes metrópoles o mesmo problema social já é verificado a décadas. É uma realidade que vem se tornando mais notória na cidade e que se não for interceptada de maneira cabal, consciente e eficaz pelas autoridades, se tornará em outro fenômeno social de difícil solução. Os movimentos dos sem terra, dos sem teto, está proliferando pelo país afora. A luta pela moradia é o resultado de uma politica habitacional defasada em décadas e constatada pelo último Censo 2010. Isso não é somente assustador, mas absurda e preocupante, passando pelos corredores da educação e cultura empurrando famílias inteiras para o submundo dos excluídos sociais.
Não quero pensar no que leva uma família chegar a tal ponto de acampar na cidade. Acredito que nenhuma família está nas ruas com seus filhos porque deseja estar. Imagino, ao ver as mulheres pensativas dentro das barracas, que estejam sonhando com sua casa, por mais simples e humilde que seja. Sonhando com os filhos brincando tranquilamente, estudando, correndo de um lado para o outro, sorrindo, sem medo, sem preconceito a rodeá-los, felizes, e com muita dignidade. Parece que sonham com o marido trabalhando, com uma vida sem escassez alimentar, enfim, parece-me que sonham com o que é normal, se é que ainda sonham.

Espero que esse programa minha casa, minha vida, possa trazer e devolver a realidade desse sonho como alega o governo. Devolver o prazer de viver, a alegria e a esperança perdidas de muita gente., pois, não gostaria de ver famílias acampando na cidade.

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