Hoje eu
gostaria de falar sobre um assunto que está tirando o sono de muita
gente, aliás, não sei se essas pessoas conseguem dormir, pois, não
há cama, não há moradia, não existe um teto, não existe uma
casa. São pessoas que vivem de invasões em prédios públicos ou
particulares buscando um lugar onde possam reclinar a cabeça.
Inúmeras famílias são arrastadas pelos movimentos dos sem teto a
procura de um espaço na cidade para dar descanso à prole. De acordo
com o governo, a casa própria não é mais um sonho e sim, uma
realidade. Mas, a realidade que vemos são pessoas dormindo nas
calçadas, barracas espalhadas pelas esquinas com famílias inteiras
acampando nelas.
As
crianças saem pedindo esmolas, sob olhares dos pais que observam
tudo, pedindo uns trocados, mas eles, os pais, pedem um teto, um lar,
uma chance, uma esperança de futuro, um novo começo, uma
oportunidade de vida melhor. A incansável luta por um pedaço de
terra, um lugar para se morar, fincar as raízes para viver com mais
dignidade está se tornando mais acirrada. Invasões e desocupações
tem levado muita gente ao desespero e até mesmo a morte, para ocupar
e defender o direito a moradia. Essa guerra não está sendo travada
apenas na zona rural onde a disputa por grandes latifúndios está em
jogo, até mesmo os índios, os verdadeiros donos da terra,
resolveram reivindicar o que sempre lhe pertenceu, a terra.
Na zona
urbana das grandes metrópoles o mesmo problema social já é
verificado a décadas. É uma realidade que vem se tornando mais
notória na cidade e que se não for interceptada de maneira cabal,
consciente e eficaz pelas autoridades, se tornará em outro fenômeno
social de difícil solução. Os movimentos dos sem terra, dos sem
teto, está proliferando pelo país afora. A luta pela moradia é o
resultado de uma politica habitacional defasada em décadas e
constatada pelo último Censo 2010. Isso não é somente assustador,
mas absurda e preocupante, passando pelos corredores da educação e
cultura empurrando famílias inteiras para o submundo dos excluídos
sociais.
Não
quero pensar no que leva uma família chegar a tal ponto de acampar
na cidade. Acredito que nenhuma família está nas ruas com seus
filhos porque deseja estar. Imagino, ao ver as mulheres pensativas
dentro das barracas, que estejam sonhando com sua casa, por mais
simples e humilde que seja. Sonhando com os filhos brincando
tranquilamente, estudando, correndo de um lado para o outro,
sorrindo, sem medo, sem preconceito a rodeá-los, felizes, e com
muita dignidade. Parece que sonham com o marido trabalhando, com uma
vida sem escassez alimentar, enfim, parece-me que sonham com o que é
normal, se é que ainda sonham.
Espero
que esse programa minha casa, minha vida, possa trazer e devolver a
realidade desse sonho como alega o governo. Devolver o prazer de
viver, a alegria e a esperança perdidas de muita gente., pois, não
gostaria de ver famílias acampando na cidade.
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