Na
semana passada uma pesquisa deixou muita gente perplexa ao revelar o
que passa pela cabeça dos brasileiros. O resultado surpreendente
apresentado mostrava que 65% dos entrevistados (público masculino)
afirmaram que mulheres que usam roupas curtas, são merecedoras do
assédio masculino. Se para um bom entendedor meia palavra basta,
pode-se concluir que essa esmagadora maioria culpa as mulheres pelos
assédios, estupros e violência sexual que sofrem. Não sei se foi
mencionado o grau de cultura que os entrevistados apresentavam, mas,
não posso aceitar que essa pesquisa demonstre o verdadeiro
pensamento de homens adultos, pais de família, que tenham esposas,
filhas ou irmãs que possam um dia enfrentar situações desse tipo,
causada por homens que pensam dessa maneira como os entrevistados.
Provavelmente seja o pensamento de jovens com os hormônios a flor da
pele, descomprometidos com a sociedade em que vivem.
Não
sei, mas é assim mesmo a natureza masculina, que para justificar
suas ações, transfere a causa e o efeito, a consequência e a culpa
de seus atos para terceiros, e na maioria das vezes, para as
mulheres. Foi assim desde o jardim do Éden, que segundo consta nos
relatos bíblicos, ao ser por Deus questionado sobre o que havia
acontecido, o homem, claro, imediatamente se isentou de sua
responsabilidade, jogando a culpa em sua auxiliadora e no próprio
Deus alegando que: foi
a mulher que me destes
– disse ele. Não posso me permitir ser incluído nesses 65% nem
mesmo concordar que roupa curta feminina seja motivo para assédios
mais afoitos da parte masculina. Em alguns países
ultraconservadores, onde as mulheres vivem cobertas dos pés à
cabeça, os índices de estupros também crescem ano a ano, e olha
que em alguns deles, a pena capital é permitida.
A
maneira de se vestir feminina, se desprovida de modéstia ou do bom
senso, jamais pode ser motivo e causa da insanidade praticada por
atos bestiais masculinos. Por essa razão, algumas mulheres
descontentes com o resultado das pesquisas, resolveram protestar
tirando a roupa. Com placas, cartazes e com dizeres pintados nos
corpos, expressavam que não mereciam ser estupradas. Na verdade,
ninguém merece. Com pouca ou muita roupa, é crime tal atitude,
estupro ou relação sexual sem o consentimento da mulher e efetuado
com o uso da força, por constrangimento ou por intimidação, é
atentado ao pudor, portanto, é crime. Até mesmo a nossa presidenta
(como ela gosta de ser chamada) repudiou o resultado da pesquisa e
foi solidária com as manifestantes.
A
onda de ataques às mulheres tem alcançado índices alarmantes.
Nessa mesma semana, uma rádio de grande alcance em audiência,
veiculou em sua programação, uma frase em que o apresentador dizia
que no Metrô lotado era um bom lugar para o xaveco. Com essa
divulgação, tanto homens como mulheres, que não se encaixam nesses
moldes de promiscuidade, protestaram também. Elas dizendo que com
isso, o assédio que já possui um alto índice nos trens lotados,
ficará pior por parte de homens que pensam como os da pesquisa. E
eles alegam que dessa maneira, todos agora passam a ser suspeitos ao
se aproximar de uma mulher, o que é impossível nos trens lotados,
mesmo sendo de opinião totalmente contrária as dos entrevistados.
Enquanto nas redes sociais os homens promovem e até mesmo filmam
tais atitudes, as mulheres se defendem como podem.
O
estupro, o assédio, a violência e abuso sexual em suas mais
variadas formas contra as mulheres, antes de mais nada, e longe de
ser instinto masculino, é um desrespeito, que pode gerar traumas
irreparáveis. A guerra entre os sexos foi declarada. Por toda parte
milhares de mulheres tem postado nas redes sociais testemunhos de
agressões embora muito bem vestidas. A situação cria debates e
polêmicas prós e contra. Por enquanto, não há vencidos nem
vencedores, mas pode haver respeito, educação, caráter e muito bom
senso nessa eterna guerra dos sexos.
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