Pressão
insuficiente ou para baixo, uma sensação de tristeza, de pesar ou
infelicidade, com certeza já nos aprisionou por algum momento em
nosso viver. Não sei se nessa era moderna alguém pode ficar ileso
aos ataques da depressão. De acordo com os médicos, a causa muitas
vezes é genética e em outras pode ser adquirida ou ambas. Vários
fatores e eventos estressantes ou trágicos podem resultar em
melancolia, tristeza e desânimo, outras formas de identificar a
depressão. Claro que em um mundo agitado em que vivemos, quando
ainda não estamos robotizados e insensíveis às dificuldades e
problemas inerentes aos seres humanos, somos passíveis de depressão.
São inúmeros os fatores adversos que enfrentamos em nosso cotidiano
que podem nos abater deixando-nos depressivos. Doenças, mortes,
dores, fim de um relacionamento ou a separação de familiares, perda
de emprego, reprovação escolar e o fato de se sentir inútil para a
sociedade, no caso de idosos, entre outros fatores, vem sendo motivo
de estudo pela medicina para tentar amenizar tal sentimento.
Psicólogos
e psicanalistas têm sido os profissionais mais recomendados nessa
era. Mas o problema é que a grande maioria tem se preocupado mais
com a doença do doente do que com o próprio doente. Não sei se por
razões mercantilísticas, mas o fato é que excessivamente a classe
psiquiátrica recomenda todos os tipos de antidepressivos levando
muitos pacientes ao vício contumaz. De acordo com a OMS o consumo
desses medicamentos subiram 49% em apenas quatro anos, mas o gráfico
continua subindo. Os órgãos de saúde falam em dois fatores, um que
deu mais acesso ao uso de antidepressivos e com isso trouxe um pouco
mais de facilidade ao combate da depressão e outro é o uso
indiscriminado desse tipo de remédio, o automedicamento. Mas eu
queria entender por outro ângulo, não o da doença, mas do doente,
não fármaco e sim humano, não físico, mas psicológico. Não em
possibilidade de cura, mas em qualidade de vida, não pelo efeito e
sim pela causa. Não por um problema médico apenas, mas social. A
sociedade está depressiva.
Se
por um lado a indústria do entretenimento é uma das que mais
crescem no mundo e a diversão e a arte estão entre os produtos mais
rentáveis, qual a razão de tantas pessoas depressivas, tristes,
solitárias, melancólicas, vazias e sem vontade de viver? Temos um
coração tão pequeno, mas parece que o mundo não é capaz de
preenchê-lo! Quando ele está vazio o tédio se aproxima, a emoção
se perde em labirintos indecifráveis, a alma chora, as lágrimas
rolam formando sulcos nos rostos outrora alegres, a motivação se
esfacela sem forças para se reerguer, a vida perde o sabor e o
sentido mingua através de pensamentos que navegam tortuosos por
caminhos sem direção. Embora em corpos aparentemente sadios,
fortes, cheios de força e vigor nosso ser interior parece
enfraquecido, atado por uma camisa de força chamada depressão.
Status,
fama, glamour, posição social, dinheiro, parece que não têm
conseguido contribuir para que o gráfico da depressão diminua.
Segundo pesquisas é em países ricos onde se concentra o maior
número de pessoas depressivas e os jovens estão ocupando os
primeiros lugares. E na relação de países em desenvolvimento, o
Brasil ocupa o topo. Mas o fato é que ricos ou pobres todos estão
sujeitos ao mesmo mal, e que nos desertos africanos ou nas mansões
americanas, é quase impossível viver sem esse mal a nos acompanhar.
Isso me faz refletir, e as vezes acredito, até que algo me faço
mudar de ideia, que nada nessa terra tem a capacidade de nos
satisfazer para sempre. Os dias são maus! Embora possamos nos
alegrar momentaneamente usufruindo os prazeres oferecidos pela
indústria do entretenimento e o nosso corpo esteja vendendo saúde,
algo em nosso ser ainda reclama buscando ser preenchido. Engana-nos a
frase: mens
sana in corpore sano.
Entre
a felicidade da alma e a beleza do corpo existe uma profundidade
inatingível. Entre o ter e o ser existe uma enorme lacuna a ser
explorada, entre a razão e a emoção de viver existe caminhos
paralelos e desconhecidos. Entre a vida e a morte basta apenas um
passo, mas entre a depressão e a qualidade de vida, uma eternidade,
entre o querer e o realizar existe a impossibilidade, mas entre Deus
e o homem existe a fé. Talvez esteja ai as respostas para as
perguntas, a certeza para a dúvida, a força dos fracos, a alegria
dos homens na terra de iracundos, a esperança da vida, o consolo
para os aflitos, o conteúdo para preencher o vazio do coração e o
elo para completar o nosso viver. Mesmo se não acabar com a
depressão, pelo menos ameniza...
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