quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Depressão

Pressão insuficiente ou para baixo, uma sensação de tristeza, de pesar ou infelicidade, com certeza já nos aprisionou por algum momento em nosso viver. Não sei se nessa era moderna alguém pode ficar ileso aos ataques da depressão. De acordo com os médicos, a causa muitas vezes é genética e em outras pode ser adquirida ou ambas. Vários fatores e eventos estressantes ou trágicos podem resultar em melancolia, tristeza e desânimo, outras formas de identificar a depressão. Claro que em um mundo agitado em que vivemos, quando ainda não estamos robotizados e insensíveis às dificuldades e problemas inerentes aos seres humanos, somos passíveis de depressão. São inúmeros os fatores adversos que enfrentamos em nosso cotidiano que podem nos abater deixando-nos depressivos. Doenças, mortes, dores, fim de um relacionamento ou a separação de familiares, perda de emprego, reprovação escolar e o fato de se sentir inútil para a sociedade, no caso de idosos, entre outros fatores, vem sendo motivo de estudo pela medicina para tentar amenizar tal sentimento.
Psicólogos e psicanalistas têm sido os profissionais mais recomendados nessa era. Mas o problema é que a grande maioria tem se preocupado mais com a doença do doente do que com o próprio doente. Não sei se por razões mercantilísticas, mas o fato é que excessivamente a classe psiquiátrica recomenda todos os tipos de antidepressivos levando muitos pacientes ao vício contumaz. De acordo com a OMS o consumo desses medicamentos subiram 49% em apenas quatro anos, mas o gráfico continua subindo. Os órgãos de saúde falam em dois fatores, um que deu mais acesso ao uso de antidepressivos e com isso trouxe um pouco mais de facilidade ao combate da depressão e outro é o uso indiscriminado desse tipo de remédio, o automedicamento. Mas eu queria entender por outro ângulo, não o da doença, mas do doente, não fármaco e sim humano, não físico, mas psicológico. Não em possibilidade de cura, mas em qualidade de vida, não pelo efeito e sim pela causa. Não por um problema médico apenas, mas social. A sociedade está depressiva.
Se por um lado a indústria do entretenimento é uma das que mais crescem no mundo e a diversão e a arte estão entre os produtos mais rentáveis, qual a razão de tantas pessoas depressivas, tristes, solitárias, melancólicas, vazias e sem vontade de viver? Temos um coração tão pequeno, mas parece que o mundo não é capaz de preenchê-lo! Quando ele está vazio o tédio se aproxima, a emoção se perde em labirintos indecifráveis, a alma chora, as lágrimas rolam formando sulcos nos rostos outrora alegres, a motivação se esfacela sem forças para se reerguer, a vida perde o sabor e o sentido mingua através de pensamentos que navegam tortuosos por caminhos sem direção. Embora em corpos aparentemente sadios, fortes, cheios de força e vigor nosso ser interior parece enfraquecido, atado por uma camisa de força chamada depressão.
Status, fama, glamour, posição social, dinheiro, parece que não têm conseguido contribuir para que o gráfico da depressão diminua. Segundo pesquisas é em países ricos onde se concentra o maior número de pessoas depressivas e os jovens estão ocupando os primeiros lugares. E na relação de países em desenvolvimento, o Brasil ocupa o topo. Mas o fato é que ricos ou pobres todos estão sujeitos ao mesmo mal, e que nos desertos africanos ou nas mansões americanas, é quase impossível viver sem esse mal a nos acompanhar. Isso me faz refletir, e as vezes acredito, até que algo me faço mudar de ideia, que nada nessa terra tem a capacidade de nos satisfazer para sempre. Os dias são maus! Embora possamos nos alegrar momentaneamente usufruindo os prazeres oferecidos pela indústria do entretenimento e o nosso corpo esteja vendendo saúde, algo em nosso ser ainda reclama buscando ser preenchido. Engana-nos a frase: mens sana in corpore sano.

Entre a felicidade da alma e a beleza do corpo existe uma profundidade inatingível. Entre o ter e o ser existe uma enorme lacuna a ser explorada, entre a razão e a emoção de viver existe caminhos paralelos e desconhecidos. Entre a vida e a morte basta apenas um passo, mas entre a depressão e a qualidade de vida, uma eternidade, entre o querer e o realizar existe a impossibilidade, mas entre Deus e o homem existe a fé. Talvez esteja ai as respostas para as perguntas, a certeza para a dúvida, a força dos fracos, a alegria dos homens na terra de iracundos, a esperança da vida, o consolo para os aflitos, o conteúdo para preencher o vazio do coração e o elo para completar o nosso viver. Mesmo se não acabar com a depressão, pelo menos ameniza...

Nenhum comentário:

Postar um comentário