quarta-feira, 19 de agosto de 2015

O pai nosso de cada dia

Nos últimos meses tem sido divulgada uma notícia que tem me deixado perplexo e estarrecido. É o expressivo aumento do número de crianças recém nascidas abandonadas em lixeiras, caçambas, terrenos baldios, nos quintais das casas de vizinhos, nas portas de desconhecidos e que são encontradas casualmente por adultos, crianças e até mesmo por cães. Mas, um outro fator que me chamou a atenção, foi que todas essas crianças, caso eu não esteja enganado, não tinham pais assumidos. E pensando nessas crianças e em uma frase que constantemente ouço da boca das mulheres, principalmente daquelas que têm o poder de influência, de que querem ser mãe, mas com uma produção independente. Talvez isso, o abandono de incapaz, expresse o resultado dessa produção independente. E outras vão mais longe ainda, dizem que, mãe só existe uma, mas pai pode ser qualquer um. Lamentável esse pensamento! Digo lamentável porque pai também só existe um.
Homens esperando uma oportunidade carnal, que buscam o prazer sem prazer, oportunistas, insensatos, pode ter muitos, mas o pai verdadeiro, aquele que aconselha, que chama o filho de amigo, que educa, abraça, ensina, que é exemplo de vida, de honestidade, que encoraja e que acima de tudo ama o que dele foi gerado, só existe um. Mas, parece que o ser humano está sendo fabricado em linha de produção, por máquinas, sem sentimentos, que apenas executam as ordens recebidas. Com isso, crianças estão sendo geradas, mas jamais sentirão o verdadeiro sabor da vida, o amor, o abraço paterno, e a força que esse nome tem. Nascem e muitos estão sendo descartados como objetos usados, abandonados sem afeto, frutos de uma concupiscência carnal exacerbada, de um egoísmo mesquinho, de uma paixão passageira, da produção independente e sem valor.
A figura paterna está sendo descartada. Alguns dias atrás, um homem soube que era pai de um menino após 13 anos do seu nascimento porque a mãe resolveu fazer uma produção independente. Durante esse período, a criança conviveu com um coração vazio sem a presença do pai, mas, a procura dele, e ela, a mãe, com a consciência intranquila, acompanhava o crescimento do filho sem o referencial paterno. O pai não sabia da existência da criança. Talvez alguém diga: pai é o que cria. Não discuto, respeito os que assim pensam, mas, para mim, o pai, é a origem de tudo. O sábio Salomão já dizia: Ouve o teu pai que te gerou, e não desprezes a tua mãe, quando vier a envelhecer. Quando o assunto é relacionado com a vida, nada pode ser independente. A vida nos une, cria uma dependência que só se extingue com o silêncio do túmulo. O amor entre pais e filhos deveria ser eterno, não enquanto dure, mas enquanto houver vida, pois o amor é a expressão da vida, e esse, deve ser verdadeiro, puro, sincero e acima de tudo, eterno.
Portanto, às mães independentes, que um dia dependeram de seus pais, deixe seus filhos correr para os braços do pai, pois um simples abraço é eficaz para o tratamento solidão, ansiedade, medo, depressão, angústia, e é capaz de preencher o vazio do coração, restaurar a alegria da alma e mais do que isso, trazer a paz e felicidade para quem dá e para quem recebe. Por essa razão, ainda hoje quando abraço os meus filhos, sinto o abraço do meu pai que eu nunca me esforcei para dar. Ainda ouço sua doce voz ecoando em meus ouvidos, lembro-me do seu sorriso, que embora raro, era inesquecível, do olhar sincero, do homem honesto e bom. Então, para aqueles que ainda têm seus pais e para aqueles que não mais os tem, como eu, e para aqueles que têm, mas não o conhecem, pois são frutos de uma produção independente, que todos agradeçam pelo pai nosso de cada dia. Feliz dia dos pais.

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