Ele
faz parte da família, ouve e participa de todos os momentos alegres
ou tristes. É em sua presença que desabafamos as nossas
preocupações e procuramos aliviar as ansiedades. Em todos os
momentos, quando traçamos os planos para o futuro, o planejamento, o
orçamento familiar, enfim, ele é como um membro real da família,
sempre pronto a nos ouvir. Todos os dias está a nossa disposição.
Quando estamos cansados, nos soltamos sobre ele para nos esvaziar das
tensões diárias e muitas vezes adormecemos confortavelmente
reclinando a cabeça sobre seu braço. Se felizes, também dividimos
em sua presença um pouco da nossa felicidade. Sem ele em nossa casa,
ela se torna vazia e sem graça que certas coisas que fazíamos fica
sem sentido e perde o interesse de serem feitas, como assistir
televisão por exemplo, sem ele não tem a menor possibilidade, além
de ser desconfortável. Os anos passam mas ele continua o mesmo, um
pouco mais desgastado pelo tempo por causa das crianças que pulam em
seu colo, em seus braços, fazem dele um cenário para as suas
brincadeiras, mas ele nunca reclama, fica inerte como se aprovando
toda as peraltices das crianças. Jogam-lhe água, deixam cair suco,
café, refrigerante, leite, comida, biscoitos, mas ele nunca se
altera, continua recebendo todos de braços abertos.
Quando
chega uma visita por exemplo, é ele que os recebe e os acomoda em
seu colo oferecendo o conforto do nosso lar à pessoa recém chegada.
Ele está no centro da casa. Para onde olhamos podemos avistá-lo,
ali, majestoso, pronto para dar o seu aconchego e nos fazer relaxar.
Quantas vezes não tenho vontade de sair do lugar que ocupo e fico
horas e horas sentado, lendo ou escrevendo e desfrutando de sua
agradável companhia. Constantemente disputamos um lugarzinho até em
seus braços pois o pequeno espaço que ele reserva para cada um
membro da família não é suficiente para todos e as vezes fica
ocupado com a família inteira que nos acolhe sem nenhuma reclamação
em seus braços macios. Eu, assim como outros integrantes da família,
já temos o nosso lugar de preferência em seu colo. Almoçamos,
jantamos, lemos, conversamos, enfim, fazemos diversas atividades, ou
as vezes nenhuma, em seu colo. Não sei se existe alguma família que
não tenha pelo menos um em sua casa. Algumas têm dois ou até mais.
Parece
o nosso paizão, por qualquer motivo, corremos logo para o seu colo.
Se queremos conversar algo muito importante com alguém, o convidamos
para sentar, se for algo triste como dar uma noticia não muito
agradável, trazemos a pessoa que deve ouvir, para que relaxe um
pouco em seu colo e depois damos a notícia. Ele é o nosso divã
familiar. Depois de um dia cansativo de trabalho, ao chegar em casa
me sento nele para ouvir os relatos da esposa sobre os filhos e os
netos. Depois de um banho relaxante, me sento novamente e agora
confortavelmente e assisto as notícias e programas na televisão e
até adormeço reclinando a cabeça em seu braço. Sem ele não sei
como seria o nosso cotidiano. Pela manhã, aos domingos, já acordo e
volto a cochilar em seu colo para completar o sono da noite anterior.
Só o trocamos por outro da mesma espécie e depois de alguns anos
fazendo parte íntima da família, mesmo assim, depois de algumas
tentativas de reforma se for possível. Assim como algumas coisas
importantes em nossa vida que não podemos abrir mão de tão
cruciais que são, também não podemos abrir mão de ter uma casa
sem ele, não sei como seria o nosso viver sem a sua presença. A
casa ficaria faltando alguma coisa.
Como
é gratificante ver uma criança deitada sobre ele, dormindo depois
de um período de muita brincadeira, é como aquela tradicional cena
de um anjo descansando sobre as nuvens. Como é bom ver a esposa em
seu momento de descontração lendo um livro bem acomodada sobre ele
e os filhos assistindo filmes, os familiares, parentes e amigos
conversando descontraídos. Cenas de grande beleza são
proporcionadas em sua presença. Também é nele que eu me vejo
refletindo e compartilhando sobre meus problemas e dificuldades. É
nele que nos sentamos muitas vezes para agradecer a Deus pela vida,
pelos filhos e netos e também pelos irmãos, pelos amigos e por
todos que nos são queridos. Sem ele fica muito difícil de imaginar
essas cenas dentro de minha casa.
Ah!
se eu pudesse, agora mesmo estaria descansando em meu sofá...
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