O
amor é a expressão da vida. Uma vida que não sabe o que é amar,
não tem sentido, não tem sabor, torna-se monótona, entediante,
fria. Por outro lado a força do verdadeiro amor parece que está se
enfraquecendo. Ela ressurge com um pouco mais de vigor exatamente na
época do dia dos namorados quando é possível sentir a fragrância
do amor pelos ares, ou melhor, pelos corredores dos Shoppings. Não
se pode mensurar o alcance da flecha do amor pelo valor de um
presente. Um presente de um milhão de dólares pode valer muito
menos do que um de dez reais. Embora as juras de amor eterno, nessa
época se renovem, no entanto, muitas não duram mais do que a
primeira prestação do cartão de crédito, como dizem algumas
pessoas. A mídia, com sua intenção mercantilista, vem, de modo
geral, contribuindo para o desgaste do amor associando a pureza do
sentimento à efêmera trocas de presentes. Quem ama dá presente,
esse é o slogan entre os namorados atuais, pelo menos é o que cada
um espera do outro, um presentinho. O veículo do sentimento de amor
não é mais as palavras carinhosas, os gestos corteses, o respeito,
a cumplicidade de se caminhar de mãos dadas etc...etc...
Essas
coisas estão se perdendo com a velocidade da internet, com o desejo
de novas aventuras, de novos relacionamentos amorosos que começam
cada vez mais cedo, portanto, terminam cada vez mais rápido. Quem
tem muito amor para dar está repartido entre diversos parceiros. A
sublimidade e a magia que envolve essa palavra já faz parte do
passado, onde a ansiedade e a ternura de um encontro, o suor nas
mãos, o brilho do olhar, o sorriso encantador dos jovens ou adultos
enamorados, o abraço envolvente e acolhedor, o silêncio do olhar no
olhar, dos lábios que se atraem, não vêm dentro da caixa de um
presente. Não se compra essas virtudes em Shoppings, tampouco se
vende nos mercados, mas elas brotam de corações sedentos e ávidos
por serem preenchidos por esse sentimento que ocupa todos os espaços
do nosso ser, o amor. A profundidade dessa palavra tornou-se
banalizada.
Amamos
bem menos as pessoas, que deveriam ser o objeto do nosso amor e
redirecionamos o nosso amor para comidas, viagens, esportes, carros,
cinema, teatro, música e tantas outras coisas, que diluímos o amor
verdadeiro em partes de acordo com o momento. Todos as formas de amor
são válidas, mas eu me refiro ao amor genuíno, sem interesses, que
se doa e não espera nada em troca para amar, que sai das profundezas
do nosso ser, que nos impulsiona, supera todos os limites e que vai
além da nossa imaginação. Da fonte desse amor nos afastamos. Não
posso acreditar em um amor que promove a violência, destrói,
arruína, persegue, usurpa, explora, aprisiona, amedronta e que mata
em nome desse próprio amor. Esse tipo de amor não procede dessa
fonte. A base do nosso viver é o amor. Quem ama vive mais feliz,
consegue resolver seus problemas com mais facilidade, afinal, tudo se
resolve com e pelo amor. O amor perdoa, tolera, aceita, educa,
respeita, não se irrita, não se ensoberbece, o amor não trata com
leviandade, porque o amor procede de Deus.
É
preciso viver o amor não somente quando a mídia nos faz lembrar de
algumas datas para trocas de presentes, mas, em cada momento, somente
assim, o nosso viver será mais humano. O amor não deve estar apenas
no ar, mas, na vida, no sorriso, nos gestos, nas atitudes, entre
braços e abraços, nas camas entre os lençóis, nas palavras, nas
crianças, nos jovens, nos adultos, pois o amor é um óleo que
lubrifica os relacionamentos, ameniza os conflitos, suaviza os
atritos, restaura ou feridos, anima os desanimados, consola,
conforta. O amor deve ser o centro e a circunferência do nosso
viver. O amor gera alegria, promove a paz, refrigera nossas almas,
propicia-nos a tranquilidade, derruba as barreiras da inimizade,
convive com a harmonia, perdoa pecados, ofensas. O amor é tudo em
todos e esse tipo de amor não se encontra a venda nos Shoppings, mas
ele está dentro de cada um de nós, basta despertá-lo.
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