quinta-feira, 27 de agosto de 2015

O Amor não está no Shopping

O amor é a expressão da vida. Uma vida que não sabe o que é amar, não tem sentido, não tem sabor, torna-se monótona, entediante, fria. Por outro lado a força do verdadeiro amor parece que está se enfraquecendo. Ela ressurge com um pouco mais de vigor exatamente na época do dia dos namorados quando é possível sentir a fragrância do amor pelos ares, ou melhor, pelos corredores dos Shoppings. Não se pode mensurar o alcance da flecha do amor pelo valor de um presente. Um presente de um milhão de dólares pode valer muito menos do que um de dez reais. Embora as juras de amor eterno, nessa época se renovem, no entanto, muitas não duram mais do que a primeira prestação do cartão de crédito, como dizem algumas pessoas. A mídia, com sua intenção mercantilista, vem, de modo geral, contribuindo para o desgaste do amor associando a pureza do sentimento à efêmera trocas de presentes. Quem ama dá presente, esse é o slogan entre os namorados atuais, pelo menos é o que cada um espera do outro, um presentinho. O veículo do sentimento de amor não é mais as palavras carinhosas, os gestos corteses, o respeito, a cumplicidade de se caminhar de mãos dadas etc...etc...
Essas coisas estão se perdendo com a velocidade da internet, com o desejo de novas aventuras, de novos relacionamentos amorosos que começam cada vez mais cedo, portanto, terminam cada vez mais rápido. Quem tem muito amor para dar está repartido entre diversos parceiros. A sublimidade e a magia que envolve essa palavra já faz parte do passado, onde a ansiedade e a ternura de um encontro, o suor nas mãos, o brilho do olhar, o sorriso encantador dos jovens ou adultos enamorados, o abraço envolvente e acolhedor, o silêncio do olhar no olhar, dos lábios que se atraem, não vêm dentro da caixa de um presente. Não se compra essas virtudes em Shoppings, tampouco se vende nos mercados, mas elas brotam de corações sedentos e ávidos por serem preenchidos por esse sentimento que ocupa todos os espaços do nosso ser, o amor. A profundidade dessa palavra tornou-se banalizada.
Amamos bem menos as pessoas, que deveriam ser o objeto do nosso amor e redirecionamos o nosso amor para comidas, viagens, esportes, carros, cinema, teatro, música e tantas outras coisas, que diluímos o amor verdadeiro em partes de acordo com o momento. Todos as formas de amor são válidas, mas eu me refiro ao amor genuíno, sem interesses, que se doa e não espera nada em troca para amar, que sai das profundezas do nosso ser, que nos impulsiona, supera todos os limites e que vai além da nossa imaginação. Da fonte desse amor nos afastamos. Não posso acreditar em um amor que promove a violência, destrói, arruína, persegue, usurpa, explora, aprisiona, amedronta e que mata em nome desse próprio amor. Esse tipo de amor não procede dessa fonte. A base do nosso viver é o amor. Quem ama vive mais feliz, consegue resolver seus problemas com mais facilidade, afinal, tudo se resolve com e pelo amor. O amor perdoa, tolera, aceita, educa, respeita, não se irrita, não se ensoberbece, o amor não trata com leviandade, porque o amor procede de Deus.

É preciso viver o amor não somente quando a mídia nos faz lembrar de algumas datas para trocas de presentes, mas, em cada momento, somente assim, o nosso viver será mais humano. O amor não deve estar apenas no ar, mas, na vida, no sorriso, nos gestos, nas atitudes, entre braços e abraços, nas camas entre os lençóis, nas palavras, nas crianças, nos jovens, nos adultos, pois o amor é um óleo que lubrifica os relacionamentos, ameniza os conflitos, suaviza os atritos, restaura ou feridos, anima os desanimados, consola, conforta. O amor deve ser o centro e a circunferência do nosso viver. O amor gera alegria, promove a paz, refrigera nossas almas, propicia-nos a tranquilidade, derruba as barreiras da inimizade, convive com a harmonia, perdoa pecados, ofensas. O amor é tudo em todos e esse tipo de amor não se encontra a venda nos Shoppings, mas ele está dentro de cada um de nós, basta despertá-lo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário