quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Um negro no poder

Semana passada assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal o ministro, negro, Joaquim Barbosa. Muito se alardeou sobre sua posse. A mídia divulgou em seus mais diversos ramos a posse do ministro enfatizando a sua raça. Fiquei pensando e tentando compreender a razão sincera de tão grande alarde e conclui que a razão era mesmo a raça do ministro. O primeiro negro a ocupar a cadeira da presidência de tão importante órgão. Não foi o seu caráter, a sua dignidade, ética, moral ou honestidade em exercer tão nobre oficio que chamou a atenção da imprensa, e sim, a cor de sua pele. Então, diante disso, não sei se tamanha divulgação tinha conotação de alegria, por finalmente um cidadão, expressa e reconhecidamente honesto, até se provar o contrário, poder exercer tamanha honra por méritos pessoais ou se a conotação exacerbada da mídia era exatamente em razão da sua raça. Um negro no poder! Até parece que pessoas negras não podem ser aptas, dignas, capazes de por méritos presidir qualquer órgão no mais alto escalão do governo.
Quantos já passaram por cadeiras presidenciais, brancos ou negros e não honraram a suprema grandeza dos cargos que ocupavam? O bom caráter, a honestidade não são refletidas pela cor da pele. A natureza humana é igual em qualquer ser humano, quer seja do príncipe e do plebeu, do intelectual e do analfabeto, do douto ou do indouto. Do presidente ao mais humilde servidor, todos podem e devem de igual teor exercer a cidadania em seus moldes mais justos possíveis. Quantos juízes legislam em causa própria ou pervertem o direito, escondendo-se sob a toga da imoralidade e dos maus costumes, desonrando a cadeira que ocupam, muito embora sejam negros ou brancos? Não é somente o ministro Joaquim Barbosa, por ser negro, e sim, como tantos outros que não se vendem, que ministram sem desviar da retidão das leis, quer sejam brancos ou negros, que também são merecedores dos nossos elogios e reconhecimento. Basta para isso exercer a função com dignidade, bom senso, e acima de tudo justo e honesto.
Ser um bom caráter não é virtude de raça. Como circula nas redes sociais, não foi a cor da pele que deu a ele o cargo, e sim, o seu caráter. Isso não é privilégio de brancos ou de negros, mas, deveria ser de todos. Embora uma boa base para a formação do caráter e da personalidade humana venha do berço, outra parte é adquirida, constituída e influenciada pelo meio em que vivemos. A base forte educacional, digna e exemplar que recebemos da família norteará, sustentará e desviará nossas ações das ilicitudes que tenazmente nos assediam em função da posição dos cargos que por ventura possamos exercer. Joaquim Barbosa tinha essa base. Família simples, pai pedreiro e mãe dona de casa, mas que souberam, conforme divulgado pela mídia, inculcar as mais dignas virtudes humanas em seus oito filhos, a honestidade e a sinceridade.
Após empossado, foi recebido no Conselho Nacional de Justiça, como aquele que é capaz pela formação moral, independência, cultura, preparo e dedicação aos deveres que o cargo exige, para conduzir de maneira serena e segura as atribuições do Conselho. A razão não é porque é negro e sim, porque, como eu disse a pouco, até que prove o contrário, é honesto e isso não tem raça, não tem preço. Por essa razão, meritíssimo juiz, o clamor por justiça ecoa de norte a sul do país, e agora já é possível ouvir um clarim ao longe anunciando a sua chegada, embora ainda em passos lentos. Mas, o temor ainda é grande. Há rumores de que mais de 20.000 presos receberão indulto de Natal, essa é a nossa justiça. Meritíssimo juiz, só alguns exemplos, está na hora de acabar com o comércio de drogas em praças públicas, que gera violência e morte prematura de jovens. É preciso acabar com o poder de pessoas, que subtraem filhos de pobres como se eles não pudessem tê-los, e os presenteiam aos ricos sob manipulação de leis arcaicas.

Está na hora de acabar com comércio de influências, onde por ocasião da posição que se ocupa em órgãos públicos, se oferecem privilégios como se fossem verdadeiras feiras livres. Está na hora de se acabar com o é dando que se recebe, com o nepotismo desenfreado, com a violência, com a desigualdade social, com a roubalheira sem parâmetros, enfim, com um branco ou um negro no poder, que as leis sejam cumpridas por todos, essa é a lei, e ela não tem raça...Parabéns.

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