Semana
passada assumiu a presidência do Supremo Tribunal Federal o
ministro, negro, Joaquim Barbosa. Muito se alardeou sobre sua posse.
A mídia divulgou em seus mais diversos ramos a posse do ministro
enfatizando a sua raça. Fiquei pensando e tentando compreender a
razão sincera de tão grande alarde e conclui que a razão era mesmo
a raça do ministro. O primeiro negro a ocupar a cadeira da
presidência de tão importante órgão. Não foi o seu caráter, a
sua dignidade, ética, moral ou honestidade em exercer tão nobre
oficio que chamou a atenção da imprensa, e sim, a cor de sua pele.
Então, diante disso, não sei se tamanha divulgação tinha
conotação de alegria, por finalmente um cidadão, expressa e
reconhecidamente honesto, até se provar o contrário, poder exercer
tamanha honra por méritos pessoais ou se a conotação exacerbada da
mídia era exatamente em razão da sua raça. Um negro no poder! Até
parece que pessoas negras não podem ser aptas, dignas, capazes de
por méritos presidir qualquer órgão no mais alto escalão do
governo.
Quantos
já passaram por cadeiras presidenciais, brancos ou negros e não
honraram a suprema grandeza dos cargos que ocupavam? O bom caráter,
a honestidade não são refletidas pela cor da pele. A natureza
humana é igual em qualquer ser humano, quer seja do príncipe e do
plebeu, do intelectual e do analfabeto, do douto ou do indouto. Do
presidente ao mais humilde servidor, todos podem e devem de igual
teor exercer a cidadania em seus moldes mais justos possíveis.
Quantos juízes legislam em causa própria ou pervertem o direito,
escondendo-se sob a toga da imoralidade e dos maus costumes,
desonrando a cadeira que ocupam, muito embora sejam negros ou
brancos? Não é somente o ministro Joaquim Barbosa, por ser negro, e
sim, como tantos outros que não se vendem, que ministram sem desviar
da retidão das leis, quer sejam brancos ou negros, que também são
merecedores dos nossos elogios e reconhecimento. Basta para isso
exercer a função com dignidade, bom senso, e acima de tudo justo e
honesto.
Ser um
bom caráter não é virtude de raça. Como circula nas redes
sociais, não foi a cor da pele que deu a ele o cargo, e sim, o seu
caráter. Isso não é privilégio de brancos ou de negros, mas,
deveria ser de todos. Embora uma boa base para a formação do
caráter e da personalidade humana venha do berço, outra parte é
adquirida, constituída e influenciada pelo meio em que vivemos. A
base forte educacional, digna e exemplar que recebemos da família
norteará, sustentará e desviará nossas ações das ilicitudes que
tenazmente nos assediam em função da posição dos cargos que por
ventura possamos exercer. Joaquim Barbosa tinha essa base. Família
simples, pai pedreiro e mãe dona de casa, mas que souberam, conforme
divulgado pela mídia, inculcar as mais dignas virtudes humanas em
seus oito filhos, a honestidade e a sinceridade.
Após
empossado, foi recebido no Conselho Nacional de Justiça, como aquele
que é capaz pela formação moral, independência, cultura, preparo
e dedicação aos deveres que o cargo exige, para conduzir de maneira
serena e segura as atribuições do Conselho. A razão não é porque
é negro e sim, porque, como eu disse a pouco, até que prove o
contrário, é honesto e isso não tem raça, não tem preço. Por
essa razão, meritíssimo juiz, o clamor por justiça ecoa de norte a
sul do país, e agora já é possível ouvir um clarim ao longe
anunciando a sua chegada, embora ainda em passos lentos. Mas, o temor
ainda é grande. Há rumores de que mais de 20.000 presos receberão
indulto de Natal, essa é a nossa justiça. Meritíssimo juiz, só
alguns exemplos, está na hora de acabar com o comércio de drogas em
praças públicas, que gera violência e morte prematura de jovens. É
preciso acabar com o poder de pessoas, que subtraem filhos de pobres
como se eles não pudessem tê-los, e os presenteiam aos ricos sob
manipulação de leis arcaicas.
Está
na hora de acabar com comércio de influências, onde por ocasião da
posição que se ocupa em órgãos públicos, se oferecem privilégios
como se fossem verdadeiras feiras livres. Está na hora de se acabar
com o é dando que se recebe, com o nepotismo desenfreado, com a
violência, com a desigualdade social, com a roubalheira sem
parâmetros, enfim, com um branco ou um negro no poder, que as leis
sejam cumpridas por todos, essa é a lei, e ela não tem
raça...Parabéns.
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