Ela
subia a rua em um esforço, quase sobrenatural e muito
desproporcional para sua pequena estatura física. Seguia em passos
lentos e parava a cada quarenta ou cinquenta metros aproximadamente
para descansar de tamanho esforço que fazia. Empurrava uma cadeira
de rodas que de tão velha que era, ia rangendo pelo desgaste. Seu
rosto era alegre apesar do cansaço que demonstrava. Havia uma pessoa
sobre a cadeira, que pelos gestos que fazia, fisicamente notava-se
que era um adolescente que sofria de alguma distrofia muscular ou
coisas do gênero. Apesar de ser um garoto, pela imobilidade da
doença, tinha um corpo de criança. Do mesmo lugar que provinha a
força para empurrar aquela cadeira, brotava um sorriso e uma alegria
inexplicável, do fundo do coração. O amor impulsionava aquela mãe
a seguir seu caminho pacientemente em paz. Embora fosse franzina,
seguia desviando das pessoas que apresadamente seguiam ao trabalho,
esperando e dando passagem, procurando não atrapalhar o vai-e-vem
dos pedestres. Não havia quem passasse por aquela mãe e não se
comovesse com ela.
Alguns que passavam, assim
como eu, ficávamos impressionados com a conversa alegre entre mãe e
filho e seguíamos observando a alegria natural neles. Havia quem
parasse e olhava para trás para certificar-se daquela cena divinal.
Para ela, o filho não era um objeto, um peso que empurrava rua
acima. Embora fizesse grande esforço, era o seu filho e isso,
jamais, pelo menos para aquela supermãe, seu filho não lhe seria um
peso. Não importava a dificuldade, ele estava sob seus cuidados. Sem
saber direito para onde ir, ela se informava com um e com outro a
localização correta do hospital que queria chegar. Entre uma parada
e outra para recuperar as forças, notava que algumas pessoas que por
ela passavam, ao ver a cena, meneavam suas cabeças, alguns em
movimento solidário, outros notadamente de revolta com o Criador por
ter permitido tal criança ao mundo. Culpavam Deus por tal cena mas a
mãe não. Seu semblante não era de revolta, pelo contrário,
notava-se que ela era agradecida a Deus pela vida de seu filho, por
lhe dar forças para cuidar dele da forma carinhosa que ele
precisava.
Agradecia pela graça recebida
de haver concebido tal criatura, podia se ler isso em seu rosto. A
vida não havia sorrido para ela, mas ela sorria para a vida. E o
mesmo sorriso se via naquela criança. Era contagiante e me encheu de
satisfação o fato de poder ver a alegria em que ele estava ao tocar
as pessoas que vinham a sua frente. Ele queria tocar nas pessoas,
mas, muitos nem o percebiam, e alguns que sentiam o seu toque, lhe
era solidário e retribuía com sorrisos. Não se podia questionar
Deus por tal pessoa. Ela, a mãe, estava satisfeita ao sentir o
coração do seu filho bombeando o sangue setenta e duas vezes por
minuto e quarenta milhões de vezes ao ano, quer ele estivesse
acordado ou dormindo. E esse bombeamento executado pelo coração
transportando o sangue por vasos e veias, é suficiente para encher
um tanque com capacidade de sete mil e quinhentos litros, em um dia.
Ela parecia ser a mãe mais feliz do mundo e agradecida com a vida de
seu filho que transparecia isso.
É preciso valorizar mais o
que somos ao ver pessoas que não tem o que temos, digo, que não tem
um corpo perfeito, sadio, livre de doenças. Mas muitas vezes somos
mal agradecidos e procuramos de diversas formas e razões, melhorar
aquilo que Deus fêz com extrema perfeição como se não tivesse
completo ou para aperfeiçoar a obra-prima do Criador, nós mesmos.
Nosso corpo é perfeito, nada nele é digno de ser descartado. Tudo
foi sincronizadamente e arquitetado por Deus. Precisamos valorizar o
ar que respiramos e agradecer a Deus que nos criou com esse nariz que
inala o ar dezessete vezes por minuto, o que o obriga a processar em
torno de catorze mil litros de ar por dia, ajustar sua temperatura,
regular a umidade e filtrar as partículas de pó em suspensão. Uma
máquina com essas características criada pelo homem com essas
funções, talvez pesasse algo em torno de cinquenta quilos. Não
podemos imaginar uma coisa dessas em nossos narizes. A própria
constituição humana é prova evidente da criação de Deus.
Aquela mãe tinha razões
suficientes para agradecer a Deus pela vida do filho. Então, por
esse motivo e por estar próximo do dia das mães, ao ver essa cena,
eu quero apenas dizer em alto e bom som a todas as supermães como
essa...Feliz dia das mães...
Nenhum comentário:
Postar um comentário