quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Brincadeira de criança

Não podemos mensurar o quanto a tecnologia moderna está sendo benéfica ao ser humano, principalmente na medicina e em suas ramificações. Hoje é possível usufruir da mais alta tecnologia em todos os setores da sociedade e tudo sempre visando o bem estar da humanidade e um futuro com bem menos esforço e maior comodidade. Fico impressionado quando olho para trás, uma ou duas décadas apenas, e parece que já passaram muito mais do que isso. O avanço é tão rápido que o tempo cada vez passa mais depressa. No mundo moderno, onde impera a lei do menor esforço, e que tudo o que foi criado visa oferecer melhor qualidade humana, percebe-se, que o homem, cada vez mais, anseia e busca por uma melhor qualidade de vida. Tudo foi idealizado para se ganhar um pouco mais de tempo e o que menos temos é tempo. Não há tempo para nada. Fomos engolidos pela velocidade do mundo que quando sobra um tempinho, logo o deixamos passar com coisas fúteis, sem sentido. Passamos rapidamente para a era da informática, do just in time, do on line, do WhatsApp, estamos na era global.
Se antes éramos os atores principais na sociedade, hoje, somos meros coadjuvantes. É a lógica da realidade atual, onde recebemos a tecnologia e a informática de braços abertos, mas, os fechamos para as coisas simples da vida. Se outrora não havia academias de ginásticas com seus sofisticados aparelhos, atualmente há uma em cada esquina e o homem está andando cada dia mais estressado, irritado, explosivo, exercitando o corpo mas atrofiando a mente. Nos abrimos para o mundo diante da tela de um computador tendo o planeta em nossos dedos, porém, nos fechamos em nosso mundo, indecifrável e incompreensível através das nossas atitudes. Estamos nos tornando à imagem e a semelhança dos computadores, cujos, são lógicos, programáveis, não pensam, não criam, não sonham. Hoje tudo é virtual mas não sei se é o ideal.
Em uma simples conversa entre amigos, todos na mesma faixa etária, com algumas décadas de experiências, onde relembramos a infância com suas brincadeiras, percebemos que tínhamos essa qualidade de vida tão desejada atualmente. Todas as atividades das crianças eram em movimento. Não havia nenhuma brincadeira ou brinquedo, a maioria produzido pelas próprias crianças, que não estimulasse o corpo a se movimentar. O pensamento era estimulado e a arte de criar de cada um podia se ver nos mais variados tipos de brinquedos que eram feitos. As crianças brincava nas ruas, na chuva, no barro, andavam descalças, jogavam bola nos quintais, nos campinhos, corriam e pulavam com alegria, almoçavam fora de horário sem as mães se preocuparem com os tipos de vitaminas que cada alimento produzia, o que importava, era comer. O resultado de tudo isso era a saúde que a criançada esbanjava. Hoje o mundo está mais moderno, dizem.
A tecnologia chegou para encurtar distâncias, trazer rapidez de informações, não podemos negar, é um privilégio navegar na internet. Porém, enquanto encurtamos distâncias, nos afastamos das pessoas. Falamos muito e nos entendemos pouco. Trocamos as conversas face a face pelo Facebook. Não consultamos mais a sabedoria dos mais velhos e sim, o Google. Estamos plugados no mundo, mas alheio à vida. Percorremos galáxias buscando entender os caminhos do universo através de um “click” porém, não sabemos quem somos e continuamos solitários no meio da multidão perdida. Hoje as máquinas parecem ter sentimentos, falam, fazem, indicam, substituem o ser humano. Estamos virando máquinas e máquinas virando gente. Mesmo diante de toda essa tecnologia, o ser humano continua sendo a máquina mais perfeita que existe na face da terra. Uma máquina que pensa, sente, se emociona e é feliz.

Esse computador não é lógico. Ele chora, sorri e se entristece. É programado para ter sentimentos, sonhar, ter amigos, amores, conversar, não pela internet. Não vamos deletar tudo isso e jogar fora a poesia da vida, as flores da primavera, as estrelas de uma noite de luar, porque ainda vale a pena ser humano, poder tocar, sentir, pensar, viver...que o virtual nunca ultrapasse o real, nem mesmo nas brincadeiras de crianças.

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