Em
meio as nuvens vulcânicas que cobrem o céu da Europa, o Papa Bento
XVI as enfrenta, assim como as que cobrem o céu da igreja católica,
em busca de curar as feridas causadas pelos padres pedófilos durante
décadas. Em sua peregrinação pela ilha de Malta nesse final de
semana, que de acordo com os registros bíblicos, o apóstolo Paulo
sofreu um naufrágio, o Papa, em meio as cinzas do vulcão e das
denúncias tenta soprar as cinzas da padrefilia para bem longe da
igreja. Nos últimos anos temos visto e ouvido relatos de cidadãos,
vítimas quando crianças, dos irresponsáveis atos de padres
pedófilos ao redor do mundo, dando margem a que se questione a
integridade moral dos sacerdotes católicos. Não somente a
padrefilia ocupa os noticiários nesses últimos dias, mas também o
homossexualismo entre os sacerdotes é notícia que lança nuvens
negras sobre a igreja. O assunto, desde os primórdios ficou
escondido e jamais foi assumido abertamente pela igreja. Muito se
questionou, e agora, muito mais se questiona o voto de celibato dos
padres com esses assuntos vindo à tona. Aliás, já estava na hora
da igreja rever essas questões.
É
impossível se conter ou barrar os impulsos sexuais humanos, quer
seja de homens ou mulheres através de exigências e regras
exteriores. É algo intrínseco do ser humano. Não se pode frear a
libido humana durante o curso da vida. Padres ou freiras possuem a
mesma natureza, igual a de todos os mortais. O que está vindo à
tona e divulgado ainda que timidamente pela mídia, talvez não seja
dez por cento do que realmente acontece por detrás da sacristia.
Como dizem alguns em tom de brincadeira, é uma sacranagem.
Homens paramentados tentam esconder atrás de suas vestes algo que
não se consegue evitar: o desejo sexual. O que é proibido por
dogmas, doutrinas ou por leis externas, a qualquer momento pode
explodir, e o pior é que não se consegue mensurar as consequências
dessa explosão. Aqueles que estão expressando seus desejos
reprimidos por décadas, o estão fazendo de maneira errada e
escandalosa. Contrário à natureza. Estão abusando de crianças
inocentes e indefesas com a certeza da impunidade. Até mesmo o Santo
Padre está sendo acusado de acobertar os abusos sexuais dos padres
no passado. Nessa segunda-feira Sua Santidade, o Papa, completou seu
quinto ano no governo da igreja mas sem muito o que comemorar.
As
nuvens negras que pairam sobre a cúpula do Vaticano encobrem
práticas, ainda que não generalizada, de padres que antes de tudo
são homens ainda cheios de vigor, mas de apetite sexual reprimido.
Através de cartas, Sua Santidade pediu desculpas, assumindo a culpa,
a máxima culpa, quando deveria ter perdido perdão a todos àqueles
que sofreram abusos sexuais dos padres pedófilos. A atitude
negligente do clero levou o Pontífice a clamar por uma penitência,
ou seja, por uma purificação em favor da igreja. As justificativas
são muitas. A controvérsia entre celibato e pedofilia tomou fôlego
nesses últimos dias. Psicólogos e psiquiatras concordam e ao mesmo
tempo divergem entre esses dois temas. Há os que afirmam que
pedofilia é uma doença que pode atingir qualquer pessoa e em menor
escala, os sacerdotes, mas que não deixa de ser em qualquer pessoa
uma atitude escandalosa. E há os que defendem o fim do celibato,
liberando os padres para o casamento, o que a igreja é contra.
Porque será? Enquanto a controvérsia continua não podemos
continuar assistindo as denúncias de padrefilia nem que isso resulte
em exoneração, aliás, denúncias como essas não deveriam existir
em nenhuma classe da sociedade.
Os
mais importantes meios de comunicação insistem na pergunta: Como
os padres pedófilos puderam, durante tanto tempo, continuar
exercendo o sacerdócio e celebrando a comunhão?
O fato é que a igreja, como em nenhuma outra instituição, não
pode colocar silenciador nas atitudes de seus membros para abafar o
tiro da vergonha que esteja sendo efetuado. Também não adianta
muito divulgar uma falsa transparência e deixar em oculto, enterrado
por séculos e por gerações, todos os abusos cometidos no passado,
não somente pelos padres e sacerdotes, mas por todo o clero, que de
uma maneira ou de outra, hoje o vento está soprando as cinzas em
direção da Santa Sé. Os ventos que por lá sopraram balançaram as
árvores da padrefilia por aqui e o resultado foi a descoberta desse
mal também em território nacional. Houve até entre o clero quem
desdenhasse das acusações que caminhavam em direção ao Santo
Padre como se ele fosse um homem acima dos demais, o elo entre o céu
e a terra, o divino entre os humanos, o concebido sem pecado, mas a
posição não representa o homem, mas o homem representa a posição
que ocupa.
O
pecado está dentro de todos os seres humanos enquanto que os atos
pecaminosos estão fora, por causa do que está dentro cometemos o
que está fora. O
querer fazer o bem está em mim,
não
porém o efetuar,
dizia o apóstolo Paulo, lembrando ao Pontífice que refaz seu
percurso. A natureza humana é pecaminosa e por causa dela cometemos
pecados independentemente de quem somos. Não há acepção de
pessoas, mas infelizmente, alguns, com os lábios que profetizam e
bendizem a Deus, cometem piores deslizes do que aqueles que se calam,
pasmos e envergonhados por tamanho descalabro. Não quero atirar
pedra isentando-me de qualquer pecado, porque vejo em meus membros
uma outra lei que guerreando contra a lei da minha mente, me faz
prisioneiro do pecado. Porque nem eu mesmo entendo o meu próprio
modo de agir. Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, que é
fraca, não habita bem algum. Diante disso, acredito que já passa da
hora de se revelar a sujeira oculta durante séculos debaixo das
batinas. Está na hora de descortinar o passado mantido sob a égide
da moralidade espiritual e que a vontade do Pai celestial seja feita
na terra como é feita no céu e que seu nome seja santificado na
terra como é santificado no céu.
O
problema está aqui na terra e não no céu. A padrefilia talvez não
seja o mal maior. Por essa razão continuo acreditando na oração do
Senhor, o único a santificar o nome de Deus, mas pedindo-o que nos
livre dos padres nossos de cada dia...amém
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