quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Planeta Água

Parece-me que o problema não está sendo levado muito a sério pelo governo federal, mas a falta de água que estamos enfrentando, não é uma exclusividade brasileira. O mundo já sofre com a escassez pelo menos a algumas dezenas de anos. A falta de água potável está sendo agravada em virtude do uso descontrolado dos recursos naturais. Um dado assustador revelado pela UNICEF mostra que menos da metade da população mundial tem acesso a água potável. E dentro desses que tem acesso, 35% não tem acesso a água tratada, ou seja, um bilhão e 200 milhões de pessoas. Nesse caso, 10 milhões de pessoas morrem por ano em decorrência do consumo de água não tratada, o que acarreta diversos problemas intestinais. Na verdade, o planeta água está morrendo de sede.
O desafio dos governantes brasileiros será, dentro de pouco tempo, encontrar água potável para o consumo da população. A falta de água afeta diretamente a produção agrícola. O crescimento populacional, a industrialização, a urbanização e o uso irracional ampliam a demanda pela água. É um circulo gravitacional girando ao redor da água que em breve resultará na falta de alimentos. Isso deve começar a preocupar a mente dos governantes mundiais. O primeiro passo para se evitar uma hecatombe pela falta de recursos hídricos é a conscientização racional do uso da água. O que muita gente talvez não saiba é que na grande maioria dos produtos industrializados a água está presente. De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa de Política Alimentar, situado em Washington, até 2050 quase cinco bilhões de pessoas passará pelo sofrimento do estresse hídrico, ou seja, pela falta de água para o consumo mínimo. A falta de água mundial vem sendo lenta, porém, constante.
Embora sejamos privilegiados, gigante pela própria natureza, pois detemos 12% de toda água doce superficial do planeta, muitas cidades já padecem pela falta do produto. A poluição dos rios e do meio ambiente de forma geral, vem apressando o clamor humano pelo precioso mineral. Além disso, as empresas de abastecimento com serviços ineficientes na distribuição que permitem desperdícios em vazamentos e roubos, contribuem para o aumento da demanda. Há profetas da era apocalíptica de plantão afirmando que a água será causa de muitos conflitos mundiais. Não duvido. Até mesmo entre as duas maiores e mais ricas cidades do país já houve desentendimentos verbais dos governos por causa da captação de recursos hídricos. Um querendo encontrar um desvio no rio para a água chegar até o seu estado e o outro querendo proibir e reter o que possui. Até mesmo o maior rio que corta o estado paulista já agoniza com a água que míngua pelo seu leito.
O rio Tietê, na região do interior paulista, fonte de renda aos ribeirinhos e pescadores tem preocupado e já vem tirando o sono das autoridades. Os peixes estão desaparecendo, os barcos estão sendo alertados quanto a profundidade de navegação e o volume das águas diminui notadamente. Todos estamos no mesmo barco. Tanto ricos como pobres precisam de água. Quem ainda tem dinheiro já começa a estocar água, não sei por quanto tempo ainda conseguirá. Mas como diz um grande escritor brasileiro, o dinheiro pode comprar uma bela cama, porém, não nos garante uma noite de sono tranquila. Da mesma forma, não terá o poder de saciar a nossa sede se não existir água para satisfazer-nos. Na semana passada o governador paulista, depois de afirmar por inúmeras vezes que não haveria o racionamento na capital, se viu obrigado a apertar os botões das bombas e captar água do chamado volume morto da represa. Isso representa algumas gotas no deserto escaldante.
Está na hora de se explorar com mais eficiência o aquífero guarani, considerado o maior do mundo até o momento, e que 2/3 de sua extensão passa por terras brasileira, antes que também se esgote por uso indevido da ação destruidora humana. No momento em que o planeta azul, a terra, também conhecido como planeta água, pois é constituído por mais de 70% de água, ironicamente anela pela água, somente nos resta navegar por águas tranquilas da esperança e clamar aos céus por chuvas temporãs para que as comportas sejam abertas e nunca nos falte o nosso bem maior, a água.

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