Pouco
tempo atrás ao presenciar uma reportagem em forma de pesquisa
realizada por um canal de televisão abordando os transeuntes sobre o
medo que possuíam, fiquei estarrecido com as respostas das pessoas.
Entre elas, algumas traduziam o medo relevante da grande maioria da
população brasileira ou quem sabe, mundial. Percebi que o medo está
tomando conta do nosso viver e o mundo está ficando pequeno para
tanto medo. A vida tem deixado de ser um espetáculo emocionante e
passou a ser uma tragédia urbana. O medo tem nos aprisionado, além
das cercas eletrificadas, das grades em nossas casas, dos cães de
guarda e dos seguranças particulares, nos porões e calabouços da
nossa mente. Vivemos trancafiados em nossos “bunkers”
residenciais, em mansões prisões, verdadeiras fortalezas de
segurança máxima, cercados da hight
technology
que tenta nos oferecer uma melhor qualidade de vida, mas que ao mesmo
tempo nos mantém prisioneiros em uma pátria livre. O
medo tem nos roubado preciosos momentos da vida.
Tem
usurpado nossa paz, nossa tranquilidade, nossa alegria nos fazendo
reféns no cárcere do nosso próprio ser. Os maiores medos que os
entrevistados responderam eram relacionados com o futuro, como:
perder o emprego, ficar doente, medo de empobrecer, de morrer, medo
de assalto onde nessa resposta a maioria afirmava que saia de casa
para trabalhar e não sabia se voltava. Houve respostas sobre o medo
de bala perdida, de um mundo dominado pelas drogas, tudo inerente a
todos os seres humanos. Mas tantos outros medos não identificados
pela pesquisa, fazem parte do nosso cárcere emocional. Medo da
intolerância em todos os sentidos, medo de ser rejeitado,
incompreendido, críticado, Ele nos tem feito andar sozinhos em meio
à multidão, nos prende em casa em noites enluaradas, nos imobiliza
e trava nossa vontade de viver, faz de uma simples barata um
dinossauro, de um pequeno obstáculo uma barreira intransponível, de
uma gota d'água uma tempestade, enfim, estamos psicoadaptando-nos ao
medo inconsciente em nossa rotina diária. O medo tem matado os
sonhos e esfacelado o prazer de viver.
Tem
gerado pré-ocupações insanas e desnecessárias e tem contribuído
e muito para a proliferação de ansiedades, angustias, depressão,
tem sido, a meu ver, o verdadeiro mal do século XXI. O medo está se
transformando em doença causando pânico à humanidade. Embora ele
esteja dentro e se exterioriza nas mais diversas formas, ainda assim,
a única maneira de vencê-lo é continuar sonhando, pois são os
sonhos que impulsionam a vida, e sem eles, como afirma a psicologia,
a vida seria um mero passatempo. Por essa razão, mesmo com alguns
medos que insistem em nos assombrar e nos espreitam pelas vielas e
labirintos da vida, é preciso prosseguir sonhando, pois a vida é um
espetáculo único em nossa jornada nessa terra e ainda vale muito a
pena viver, mas não como simples expectadores e sim como atores
principais no teatro da existência. Viva a vida, mas sem medo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário