quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Sem medo de viver

Pouco tempo atrás ao presenciar uma reportagem em forma de pesquisa realizada por um canal de televisão abordando os transeuntes sobre o medo que possuíam, fiquei estarrecido com as respostas das pessoas. Entre elas, algumas traduziam o medo relevante da grande maioria da população brasileira ou quem sabe, mundial. Percebi que o medo está tomando conta do nosso viver e o mundo está ficando pequeno para tanto medo. A vida tem deixado de ser um espetáculo emocionante e passou a ser uma tragédia urbana. O medo tem nos aprisionado, além das cercas eletrificadas, das grades em nossas casas, dos cães de guarda e dos seguranças particulares, nos porões e calabouços da nossa mente. Vivemos trancafiados em nossos “bunkers” residenciais, em mansões prisões, verdadeiras fortalezas de segurança máxima, cercados da hight technology que tenta nos oferecer uma melhor qualidade de vida, mas que ao mesmo tempo nos mantém prisioneiros em uma pátria livre. O medo tem nos roubado preciosos momentos da vida.
Tem usurpado nossa paz, nossa tranquilidade, nossa alegria nos fazendo reféns no cárcere do nosso próprio ser. Os maiores medos que os entrevistados responderam eram relacionados com o futuro, como: perder o emprego, ficar doente, medo de empobrecer, de morrer, medo de assalto onde nessa resposta a maioria afirmava que saia de casa para trabalhar e não sabia se voltava. Houve respostas sobre o medo de bala perdida, de um mundo dominado pelas drogas, tudo inerente a todos os seres humanos. Mas tantos outros medos não identificados pela pesquisa, fazem parte do nosso cárcere emocional. Medo da intolerância em todos os sentidos, medo de ser rejeitado, incompreendido, críticado, Ele nos tem feito andar sozinhos em meio à multidão, nos prende em casa em noites enluaradas, nos imobiliza e trava nossa vontade de viver, faz de uma simples barata um dinossauro, de um pequeno obstáculo uma barreira intransponível, de uma gota d'água uma tempestade, enfim, estamos psicoadaptando-nos ao medo inconsciente em nossa rotina diária. O medo tem matado os sonhos e esfacelado o prazer de viver.
Tem gerado pré-ocupações insanas e desnecessárias e tem contribuído e muito para a proliferação de ansiedades, angustias, depressão, tem sido, a meu ver, o verdadeiro mal do século XXI. O medo está se transformando em doença causando pânico à humanidade. Embora ele esteja dentro e se exterioriza nas mais diversas formas, ainda assim, a única maneira de vencê-lo é continuar sonhando, pois são os sonhos que impulsionam a vida, e sem eles, como afirma a psicologia, a vida seria um mero passatempo. Por essa razão, mesmo com alguns medos que insistem em nos assombrar e nos espreitam pelas vielas e labirintos da vida, é preciso prosseguir sonhando, pois a vida é um espetáculo único em nossa jornada nessa terra e ainda vale muito a pena viver, mas não como simples expectadores e sim como atores principais no teatro da existência. Viva a vida, mas sem medo...

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