O
brilho do vil metal resplandece como uma chama hipnotizadora, que
atrai, corrompe e seduz a humanidade desde os seus primórdios. Ao
mesmo tempo parece iluminar os passos, fascinar a mente e corromper o
coração dos homens que tudo fazem para, como no conto de fadas,
encontrar o seu pote no fim do arco-íris. Nessa corrida ilusória
vale tudo, até mesmo mercadejar almas humanas trancafiando-as com
algemas de ouro nas masmorras do querer, do possuir, do ostentar e
com isso, geram sonhos, despertam desejos, criam falsas esperanças e
produzem, em alguns casos, frustrações que resultam em traumas
psicológicos de difíceis soluções. Nessa corrida maluca tudo é
substantificado em unidade monetária. É possível imaginar um carro
de luxo, um apartamento de alto padrão, um iate, uma maneira de vida
de reis e rainhas e no mesmo instante traduzir essa imaginação em
valores. Desse ponto até a conquista, vale tudo para alcançar o
objetivo.
Os
sonhos são para serem realizados, as metas para serem alcançadas,
os paradigmas para serem derrubados, as barreiras para serem
ultrapassadas, mas tudo isso precisa ser planejado em seus mínimos
detalhes a fim de que os percalços, as contrariedades que surgem
pelos caminhos escorregadios da vida, não criem nenhum descontrole
emocional no futuro. Não é raro se ouvir notícias de artistas que
conquistaram a fama, o topo, mas desembolsaram alto preço para
ostentarem o status, a glória e o glamour, que alguns até mesmo,
por não conseguirem se equilibrar na balança do sucesso, pagaram
com a vida pelo desequilíbrio. O pote de ouro encontrado, não tinha
valor e nem poder para libertar a alma sedenta por alegria, paz e
felicidade. O ouro que extraíram das minas das ilusões do show
business, da sociedade alternativa, do é dando que se recebe, de um
viver de aparências, não foi suficiente para comprar a tão sonhada
qualidade de vida. Embora possuíssem tudo, nada tinham para
oferecer, com raras exceções, de si mesmos. Mesmo sendo ricos,
contudo, alguns, tornaram-se pobres interiormente. Deixaram apenas um
legado frio e teórico de frases vazias, cujos heróis, como diz a
canção, morreram de overdoses.
Hoje,
diferentemente de como ocorreu no passado, onde as descobertas das
minas atraiam os homens fortes, rudes e corajosos para um trabalho de
escavação árduo, difícil e perigoso, o tiro de partida que
atualmente foi disparado, acirrando a corrida do ouro, está
arrastando não somente homens visionários e desbravadores, mas,
crianças, adolescentes e jovens que correm incentivados e até
mesmo, manipulados por garimpeiros profissionais que auto
denominam-se empresários, caçadores de talentos. As minas na
atualidade são os clubes de futebol, as gravadoras musicais, a
televisão e a mídia de um modo geral. Os futuros milionários
mirins ficam expostos na grande vitrine que são as redes sociais
onde são vistos, analisados e por fim, comprados por verdadeiras
fortunas e por fim, ficam reféns da ganancia e do brilho fugaz do
ouro em suas contas bancárias. O ciclo natural do ouro acabou, mas o
ciclo natural da vida não é passageiro.
É
preciso cumprir cada etapa do viver humano e preenchê-la com sonhos,
com esperanças, mas, acima de tudo, é preciso viver as
circunstâncias de maneira sólida, baseada não somente em valores
monetários efêmeros e sim em princípios humanos básicos como
honestidade, sinceridade, caridade, verdade, fraternidade, altruísmo,
sensatez, gratidão e sobre todas essas virtudes acrescentar o amor
que é o vinculo da perfeição. Somente assim, a tão sonhada
qualidade de vida, que independe dos verbos ter, possuir ganhar,
adquirir, comprar serão muito mais amenos, aprazíveis, suaves e
doces, que ao conjugá-los em nosso viver, a corrida do ouro até
linha de chegada será facilmente atingida. Nem tudo que reluz é
ouro. Como dizia Gandhi em sua sabedoria humana: algemas de ouro
são muito piores do que as de ferro.
Portanto,
ao pensar em extrair os ovos de ouro, pode-se matar a galinha, a
vida, e a decepção pelo fracasso de não encontrar nada dentro dela
pode ser insuperável. É preciso verificar a rota, repensar a
trajetória, mudar de direção, de objetivo. Vamos correr para a
vida, para o abraço, para o sorriso inocente, para a família, para
os amigos porque, onde estiver o nosso tesouro, ai estará o nosso
coração.
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