quarta-feira, 19 de agosto de 2015

A Síndrome do ex

A Lei Maria da Penha, que visa proteger as mulheres de agressões e da violência masculina, completou quatro anos e parece que ainda não vingou. Segundo dados da Secretária de Segurança Pública, são mais de 50 boletins de ocorrência por dia somente na capital e, é claro, que a grande maioria das mulheres que são vítimas não fazem boletim. São mais de 600 mil ocorrências policiais por ano em todo território nacional sem contar aquelas que não registram queixa e as que cancelam. E as que fazem, algumas chegam a fazer cinco, seis ou mais boletins e mesmo depois disso, são mortas impiedosamente por seus ex companheiros. Mesmo diante de câmeras, os agressores não se intimidam e depois de diversas ameaças, cumprem suas promessas matando suas ex companheiras. São agressões físicas e psicológicas que vão além da nossa imaginação. Por um lado é preciso denunciar, mas por outro, seria bom que não houvesse a denúncia, pois não deveria haver a agressão.
Isso não pode ser normal entre seres humanos. Parece que quanto maior a proteção da lei, maior o índice de violência. Não é somente encorajar as mulheres para que denunciem seus agressores, é preciso acabar com a violência. O clímax de tudo isso, ocorreu nessa última quinta-feira (23) de madrugada. Uma delegada, é isso mesmo, uma delegada foi assassinada pelo seu ex namorado que mesmo depois de quase um ano de separação, ainda não estava conformado com a situação a matou em seu recinto de trabalho. Outras tantas mulheres, que ainda não tiveram as promessas de seus ex companheiros cumpridas, vivem com medo da própria sombra, se escondendo e fugindo, com medo de viver, mesmo depois de diversas queixas. Quem não se lembra do caso do rapaz que sequestrou por quase três dias a ex namorada em sua própria casa e depois a matou diante da polícia, o caso Eloá, como ficou conhecido?
Também do mecânico que matou sua ex namorada diante das câmeras de vigilância enquanto ela trabalhava como cabeleireira? São centenas de mulheres mortas depois de ameaçadas pelos seus ex e a polícia assiste tudo com os boletins de ocorrências nos bolsos. No mesmo dia em que a delegada foi assassinada, outra Maria foi esfaqueada no período da manhã quando seguia para o trabalho pelo seu ex namorado. Está na hora dessa lei Maria da Penha mostrar porque foi aprovada e com isso evitar que tantas outras Marias, da Penha, de Santo Amaro, de Sapopemba, Marias de São Paulo, do Brasil sejam assassinadas por seus ex namorados, ex maridos, ex companheiros, ex amantes etc...
São tantas Marias que pedem socorro, Marias desesperadas, Marias espancadas, violentadas, agredidas, incompreendidas, Marias que só querem uma coisa... serem respeitadas, compreendidas, valorizadas e de preferência, amadas...

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