A
Lei Maria da Penha, que visa proteger as mulheres de agressões e da
violência masculina, completou quatro anos e parece que ainda não
vingou. Segundo dados da Secretária de Segurança Pública, são
mais de 50 boletins de ocorrência por dia somente na capital e, é
claro, que a grande maioria das mulheres que são vítimas não fazem
boletim. São mais de 600 mil ocorrências policiais por ano em todo
território nacional sem contar aquelas que não registram queixa e
as que cancelam. E as que fazem, algumas chegam a fazer cinco, seis
ou mais boletins e mesmo depois disso, são mortas impiedosamente por
seus ex companheiros. Mesmo diante de câmeras, os agressores não se
intimidam e depois de diversas ameaças, cumprem suas promessas
matando suas ex companheiras. São agressões físicas e psicológicas
que vão além da nossa imaginação. Por um lado é preciso
denunciar, mas por outro, seria bom que não houvesse a denúncia,
pois não deveria haver a agressão.
Isso
não pode ser normal entre seres humanos. Parece que quanto maior a
proteção da lei, maior o índice de violência. Não é somente
encorajar as mulheres para que denunciem seus agressores, é preciso
acabar com a violência. O clímax de tudo isso, ocorreu nessa última
quinta-feira (23) de madrugada. Uma delegada, é isso mesmo, uma
delegada foi assassinada pelo seu ex namorado que mesmo depois de
quase um ano de separação, ainda não estava conformado com a
situação a matou em seu recinto de trabalho. Outras tantas
mulheres, que ainda não tiveram as promessas de seus ex companheiros
cumpridas, vivem com medo da própria sombra, se escondendo e
fugindo, com medo de viver, mesmo depois de diversas queixas. Quem
não se lembra do caso do rapaz que sequestrou por quase três dias a
ex namorada em sua própria casa e depois a matou diante da polícia,
o caso Eloá, como ficou conhecido?
Também
do mecânico que matou sua ex namorada diante das câmeras de
vigilância enquanto ela trabalhava como cabeleireira? São centenas
de mulheres mortas depois de ameaçadas pelos seus ex e a polícia
assiste tudo com os boletins de ocorrências nos bolsos. No mesmo dia
em que a delegada foi assassinada, outra Maria foi esfaqueada no
período da manhã quando seguia para o trabalho pelo seu ex
namorado. Está na hora dessa lei Maria da Penha mostrar porque foi
aprovada e com isso evitar que tantas outras Marias, da Penha, de
Santo Amaro, de Sapopemba, Marias de São Paulo, do Brasil sejam
assassinadas por seus ex namorados, ex maridos, ex companheiros, ex
amantes etc...
São tantas Marias que pedem socorro, Marias
desesperadas, Marias espancadas, violentadas, agredidas,
incompreendidas, Marias que só querem uma coisa... serem
respeitadas, compreendidas, valorizadas e de preferência, amadas...
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