O
que mais se falar do que já se falou? É obvio que o assunto é
muito polêmico e ainda carece de debate e exaustiva discussão com
todos os segmentos da sociedade até que se esgotem os motivos e
razões para se evitar preconceitos e conclusões infundadas que
levam as pessoas a se desrespeitarem com palavras, provocações e
até mesmo atitudes agressivas para que, pessoas um pouco
inteligentes, possam conviver com as diferenças sem nenhuma
animosidade. Grupos radicais, cristãos católicos e evangélicos
estão disparando impropérios e com dedo em riste saem às ruas em
uma marcha para Jesus acusando de promiscuidade, ou seja, de uma
mistura sexual perniciosa de homens com homens e mulheres com
mulheres na inútil tentativa de se criar um terceiro sexo. Com esse
argumento, colocam palavras não proferidas na boca do Mestre
do Amor
como se ele as tivesse falado, apenas para censurar aqueles que
pensam e agem de maneira contrária a deles.
Parecem
cegos sendo guiados por cegos. Marcham firmes e determinados com seus
libelos acusatórios, com seus slogans e chavões bíblicos como se
fossem as pessoas mais corretas do mundo. Embora não mintam, se
escondem atrás de meias verdades, pois parece que desconhecem que o
Mestre
do Amor
jamais condenou as atitudes de prostitutas, chamou de amigo o maior
traidor da história de que se tem notícia, abraçou leprosos,
perdoou ladrões assim como seus algozes no momento de sua maior dor.
Também encorajou aquele que o negou por três vezes a prosseguir
resoluto em sua missão, e enquanto dependia dele, conviveu com as
diferenças com muita harmonia. Teve uma pequena contenda com o grupo
que mais falavam em Deus, os religiosos, chamando-os até de
hipócritas e de raça de víboras, pois professavam às alturas o
nome de Deus, mas com suas ações o desonravam. Com os lábios se
aproximavam de Deus, mas com o coração se afastavam. A história se
repete e o desentendimento ganha forças extremas.
O
discurso religioso continua o mesmo assim como a hipocrisia. A
batalha entre o bem e o mal foi declarada, a verdade entre o certo e
o errado vem sendo travada em cima de carros de som, a moral e a
imoralidade percorrem a mesma avenida da discórdia, os santos e os
profanos disputam o mesmo espaço nas igrejas professando o nome do
único Deus. O céu e o inferno seguem em paralelo, mas cada vez mais
próximos, a razão tenta sobrepujar a sabedoria. A tolerância, uma
das principais virtudes humanas nos diz que o mais importante é
conviver em paz e aceitar um ao outro, pois ninguém é diferente de
ninguém. Não quero me fazer, como cristão que sou, de advogado nem
de um e nem do outro, cada um seja responsável por seus atos, o que
plantarem, com certeza colherão, isso é infalível. Por outro lado,
também não posso admitir que a ignomínia, o vitupério e a falta
de respeito, algo que vem se perdendo com o tempo, devido a atitudes
indecorosas de alguns, possa influenciar de maneira nefasta as
crianças, as famílias e principalmente aqueles que não professam o
mesmo pensamento de ambos os grupos que se debatem. Peçonha mortal
destila-se dos lábios.
Não
concordo com um grupo e também não aprovo as atitudes do outro. Não
sou a favor de um e nem contra o outro. Entre a irreverência dos
gays e a seriedade dos cristãos, se esconde um ser humano com
problemas e dificuldades inerentes a todos e que desfrutam de
momentos alegres, outras vezes tristes, que choram, sofrem, sentem
dores, ficam chateados, se irritam, pensam, falam, se emocionam e se
decepcionam como qualquer outra pessoa. A verdade tem dois lados e
ninguém é dono dela. Aquele que julga e condena o outro se faz juiz
sobre ele. Se por um lado se constitui família a partir de pessoas
homoafetivas, por outro se inicia a castração da espécie humana.
Se por um lado, tenta-se legalizar a imoralidade, por outro, por
causa de uma pseudomoral, não se pode cometer atos levianos,
difamatórios e até mesmo agressivos para defendê-la. O homo
sapiens
está deixando de ser sapiens
e assumindo a passos largos apenas o lado homo.
É
preciso caminhar pelas alamedas da vida, desarmados de ódio, rancor,
de todas as formas de preconceito, de discriminação quer seja ela
profissional, racial, sexual ou de qualquer outro tipo, mas ao mesmo
tempo não podemos nos contentar com a Sodoma em que a nossa
descendência viverá. A conclusão que eu não quero chegar é que
nesses últimos anos, embora marchando
para Jesus, o povo cristão, talvez mal comandado, parece que
retrocede e se distancia dos ensinamentos do Mestre. Por outro lado a
comunidade gay em sua parada,
avança em passos largos conquistando seus direitos. Se na marcha ou
na parada, somos todos da mesma espécie: humana.
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