quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Acorda Brasil

Uma frase que exaustivamente tem sido repetida nas redes sociais, nos últimos dias, ganhou força porque reflete a indignação, a insatisfação e a revolta em que vive o povo brasileiro com a classe política que lhe representa. Acorda Brasil. É uma chamada para deixar a inércia em que vive os eleitores. A notícia de inauguração em porto Cubano, subsidiado e muito mal explicado com dinheiro público brasileiro, enquanto os nossos portos continuam sucateados e as rodovias, que deveriam escoar a produção de grãos com mais rapidez, seguem esburacadas e com pedágios em excesso, encarecendo frete e produção agrícola. As mentiras sobre a saúde com o projeto Mais Médicos, as justificativas que já duram décadas sobre corrupção nos governos, as promessas vazias sobre segurança, cujos senadores não ouviram o clamor da quase totalidade do povo em rever a lei para o menor infrator responder pelos seus crimes e rejeitaram sem pelo menos discutir o assunto. Com isso, um desses menores, por apenas duas horas, deixou de ser responsabilizado por assassinar a namorada e ficará impune e livre para novos assassinatos, agora sim, de maior. 
Isso sem falar nos transportes públicos, no nepotismo desenfreado que não há lei que o consiga barrar, no descaso com o erário, com as obras inacabadas e superfaturadas. São mentiras em cima de mentiras que passou da hora de darmos um basta em tudo isso. Um dos maiores descasos, digno de irritação e revolta é verificado na educação de nossas crianças, onde não existem salas, cadeiras, lousas, banheiros, água, esgoto e nem mesmo escolas. Os verdadeiros heróis e heroínas são os abnegados professores e professoras que sem nenhum recurso governamental, como foi mostrado em uma reportagem, fazem quase o impossível, apenas com pouca ajuda da comunidade para lecionar e incentivar as crianças na esperança de um futuro melhor. Diante disso, muitos afirmam ter vergonha de ser brasileiro nessas horas, mas eu, pelo contrário, é em momentos como esses que me orgulho de ser brasileiro, ao ver cidadãos genuinamente preocupados com o futuro do nosso País. Tenho vergonha sim, mas é desses políticos corruptos, mal intencionados que se perpetuam no poder sugando sangue e suor do povo em benefício próprio.
Poucos dias atrás, enquanto os súditos de Momo nos morros, nos barracões e nas periferias, esquentavam os tamborins para levar a alegria para o povo, os asseclas da Imperatriz da República, na corte real, faziam o povo chorar mais uma vez de vergonha. Os primeiros se esforçavam para trazer o circo, os blocos, as escolas para o desfile na avenida, os segundos, em um debate irônico e midiático, se organizavam para tirar o pão da boca do povo e livrar da cadeia a quadrilha que, segundo eles, não era quadrilha e conseguiram. Em uma manobra mirabolante, o bloco das raposas intelectuais, dos maiorais, dos doutores da lei decidiram que deputados, ministros, empresários, executivos, publicitários, gerentes de banco entre outros, que se organizaram e planejaram em detalhes, por vários anos, cada um com sua função específica, uma maneira de roubar os cofres públicos, não constituíram uma quadrilha. Como pode homens e mulheres togados, cultos, a mais alta corte da sabedoria nacional, chegar a essa conclusão, só poderia ser por causa do carnaval!
Pensei que fosse uma brincadeira. Mas não era. As togas não eram fantasias, mas escondiam a sujeira da corrupção, do favoritismo, a fonte do nepotismo classístico, homens que pervertem o reto juízo em troca de favores. Não é possível generalizar, mas as cartas marcadas foram distribuídas estrategicamente para reverter o jogo em favor da Imperatriz. Momo corou de vergonha ao ver o desfile da impunidade na corte real. Até mesmo a mocidade se entristeceu e não seguiu o trio elétrico. O sexteto de juízes deu o voto favorável a não formação de quadrilha. Enquanto as quadrilhas de políticos se organizam e já fazem promessas mirabolantes, para mais uma vez enganarem o povo, este, brincava alegremente na avenida relembrando seus ídolos. O circo estava montado e os palhaços sorriam enquanto os ratos roíam o nosso minguado pão. A festa já acabou, agora, acorda Brasil e olho neles.

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