quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A mesma mesmice

O ano no Brasil só começa depois do carnaval. Essa frase virou uma realidade inadmissível. Embora seja verdade, ela não pode ter sentido de espera, de passividade, de empurrar com a barriga em nosso viver, mas tem, e muito. Aguardamos o carnaval passar para voltar a nossa mesmice. Antes desse período ficamos estáticos, à mercê de uma rotina de sonhos, planos e projetos, idealizados desde o final do ano, mas continuamos vivendo a sombra de um passado que insiste em não querer passar. São as mesmas expectativas, anseios e esperanças de um vida melhor de décadas que se repetem e que nunca são cumpridas. Quantos de nós ainda estamos esperando o amanhã chegar para fazer aquilo que deveríamos ter feito a anos atrás?
Não me refiro a regimes, viagens, troca de carro, noivado ou casamento, emprego etc...não, essas coisas são muito pequenas diante do universo que nos é servido diariamente e engolimos sem questionar sua importância em nosso viver. Sempre fomos arrastados pela enxurrada de promessas como: melhores empregos e salários, mais segurança e transportes, melhor infraestrutura e saneamento básico, moradia e saúde, lazer, educação e cultura. Nessa espera ansiosa, passamos áureos momentos da nossa vida trabalhando e reclamando do que é e do que não é realizado por intermédio da classe política, que muitas vezes esquecemos das nossas mais simples prioridades, porém, essenciais para o nosso viver.
Somos tolhidos em nossos objetivos, por causa da espera inútil que depositamos no macro sistema político e econômico, que nos afastamos das nossas metas pessoais, familiares, profissionais, sociais e porque não dizer, as espirituais. É preciso cuidar do nosso ser interior independente do que acontece ao nosso redor. A mudança começa conosco. Não podemos esperar o inicio ou fim do ano para um novo começo em nosso viver. A vida não para e está em constante mudança, assim como o tempo, que embora não sejamos senhores do tempo e nem da vida, a nossa vida e o nosso tempo, cabe a nós administrá-los. Não podemos aceitar como nossas as mensagens que surgem do Planalto Central como a que diz que o ano só começa depois do carnaval. Porque esse ainda não começou, agora temos a Copa, depois as eleições e quando dermos conta, o ano acabou.
Com essa mentira, que perdura a séculos, o povo trabalha cinco meses em cada ano apenas para pagar os impostos para manter o País, a máquina econômica e a mordomia escancarada em Brasília. E esse ano de 2014, ainda mais nos levará a repetir a mesma mesmice se aceitarmos o que estão nos vendendo, que será um ano que passará rápido demais por causa dos eventos que teremos. E com isso, os nossos ideais, as nossas realizações, ficam para o ano seguinte. Não podemos nos deixar enganar. O ano começa no primeiro dia de janeiro. O carnaval já acabou, a páscoa passou, a Copa do Mundo vai passar e em seguida vem as eleições, e quando menos esperarmos mas um ano se findou e continuaremos a ver navios.
Enquanto isso, a farra na casa da mãe Joana segue a todo vapor. Dinheiro não lhes falta, segurança e moradia, idem. Transporte aéreo ou em carros blindados estão a disposição. Mordomias faraônicas não são exceções. Está na hora de pararmos de assistir a batalha pelo poder, no jogo de cartas marcadas dos partidos políticos, cujos integrantes desferem golpes midiáticos verbais nulos, justificativos, porém, mentirosos, criando verdadeiros embates de palavras acusatórias, proferidas por lábios contaminados pelo mel da corrupção em busca de se perpetuarem no poder, mas logo caem envergonhados quando são encarcerados. É preciso dar um basta em políticos como esses, com ares de “bons moços” que mergulham na piscina da corrupção cheia de dinheiro público e depois ficam tentando justificar o que não é justo. Chega de impostos obrigatórios, imposto de renda, aliás, desde quando salário é renda? Que renda tem para declarar um trabalhador que ganha por ano bem menos do que o seu representante ganha em um mês?

Agora, para finalizar, a redundância empregada nesse texto tem por finalidade tirar-me do estágio das ideias e dos pensamentos analíticos e transportar-me à esfera das atitudes coerentes com o meu viver. E também a de mostrar o que todos já sabem, que nada devemos esperar dos políticos. O que eles dizem e prometem já estamos cansados de ouvir. É sempre a mesma mesmice.

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