Muita
gente já participou de alguma festa surpresa em homenagem a alguém
conhecido, ou quem sabe, já foi surpreendido com uma. É muito
gratificante saber que as pessoas nos consideram a tal ponto de nos
surpreender com uma festa. Embora, na idade que estou, onde já se
passaram mais de cinco dezenas de primaveras, não comemoro mais com
tanta vivacidade meus aniversários. Deixo para os meus netos o
desfrute dessas festividades, pois, a medida em que passamos pelo
tempo, a quantidade de pessoas e os votos de felicitações vão
diminuindo. Quando criança e jovem, os convidados que comparecem,
alguns nem mesmo lembramos se realmente foram convidados. São
parentes que não vemos há muito tempo, colegas de trabalho, amigos
dos amigos, penetras, os que aparecem de última hora, os pais
trazendo os filhos, enfim, é uma festa. E quando é surpresa, a
festa fica melhor ainda. Eu já vivi as duas ocasiões, ajudar a
surpreender e ser surpreendido.
Poucos
dias atrás, acabei de passar por uma experiência dessas
surpreendentes, a melhor que já tive. Essa foi a segunda vez que
isso me aconteceu, a primeira a gente nunca esquece, mas, a segunda é
mais gratificante, emocionante e acima de tudo, sincera, pois, assim
como a primeira, partiu de pessoas intimas que realmente amo, meus
filhos e netos. Durante vários anos, por pelo menos uns trinta e
cinco, tenho recebido primeiramente os cumprimentos daquela que
durante todo esse período esteve ao meu lado. O primeiro beijo, o
primeiro abraço apertado, recheado de amor e de carinho era o dela.
E essa para mim era a melhor surpresa. Mas nesse ano ela não estava
presente. Ninguém me deu os parabéns naquela manhã, não houve
nenhum cumprimento, nenhum abraço, nenhum beijo. Parecia um dia como
tantos outros, sem brilho, sem sabor, era assim que eu me sentia sem
a companhia dela ao acordar e ver a cama vazia.
Acordei
sem lembrar que estava aniversariando. O frio daquela manhã ficou
mais frio, sentei-me na beira da cama, na penumbra do quarto,
solitário, observando o fruto da vida, um dos meus netos que ocupava
o espaço reservado para ela, e fiz a minha oração de agradecimento
pela família e levantei-me para prosseguir na rotina. Foi então que
começaram as surpresas. Lembrei-me que naquele dia, um dos meus
filhos me daria o melhor presente da minha vida, mais um neto. Esse
era o motivo da ausência dela. Suas mãos estavam se preparando para
receber o nosso terceiro neto. Uma missão divina, compreensível e
que até mesmo fora incentivada por mim a viajar para acompanhar a
nora no parto. Não haveria presente melhor. Esqueci até mesmo do
meu aniversário, agora era somente aguardar notícias do nascimento
do bebê. Embora não tivesse recebido o seu abraço, sabia que em
seu coração eu me fazia presente.
Ao
chegar na empresa recebi e-mails, telefonemas, mensagens via rede
social, abraços de carinho e felicitações, tudo dentro dos padrões
normais de um bom relacionamento profissional. Na hora do almoço o
nível da surpresa aumentou. Um dos filhos veio almoçar comigo.
Fiquei muito feliz, foi algo inédito para esse dia e ainda me
presenteou com uma bela camisa do meu time. Para mim estava
suficiente, porém, ainda tinha muito mais. Na volta para casa, de
coração alegre com o nascimento de mais um neto, do almoço com o
filho, dos cumprimentos dos irmãos, parentes e amigos, fui recebido
pelo terceiro filho, ao lado dos seus filhos, com um lindo bolo, onde
as duas crianças cantavam parabéns para o vovô.
Foi um momento mágico e eterno, impossível de conter as lágrimas,
surpreendente. Disfarcei, interrompi as lágrimas e me voltei ao
telefone com a desculpa de querer saber noticias do nascimento e da
vovó que estava longe. Novamente agradeci a Deus em meu pensamento
por minha família, pelos meus filhos, netos e por aquela que deu
vida a todos eles.
Diante dessa cena indescritível das duas crianças, eu só poderia,
de coração, cantar, sorrindo e me divertindo com eles, um alto e
sonoro parabéns pra você e satisfeito com as surpresas da vida,
desejar um feliz aniversário para mim...
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