Todos os dias que passo, com pressa, pela praça, vejo
aquela mulher sentada vendendo suas peças...Muitos que por ali passam, talvez
nunca notaram aquela mulher sentada na praça...
Franzina, olhar distante, olha para tudo e para todos,
mas ninguém olha para ela...Sentada, quieta, em meio aos apitos do guarda,
buzinas, freadas, ela simplesmente observa, nem percebe a fumaça ao redor da
praça...Tudo passa depressa ao redor dela na praça...mas o tempo parece que não
passa pra ela...Alguém se aproxima, observa, vai embora nada compra, e ela fica
ali, sentada, sozinha em meio a multidão que passa com pressa e ela fica sem
pressa conversando com as pombas, no meio da praça...Não há tempo ruim para
aquela viúva, faça frio, sol, ou até mesmo chuva, ela segue com sua
insistência, vendendo suas peças na praça, lutando pela sobrevivência...O dia
passa, a tarde também, a noite chega, na praça não passa mais ninguém...
Outro dia amanhece, parece que nada mudou, novamente passo na praça, mas
meu coração se entristece com aquela cena de dor, um menino de rua, sua
mercadoria levou...Sem ter o que fazer, do pouco que lhe restou ela tenta
sobreviver...Nada lhe tirava o vigor, apesar de fraca parecer, ensina muitos a
viver... Algum tempo se passou...não vi mais a mulher...o que será que
aconteceu, fui logo perguntar, cadê a mulher que há muito desapareceu? você não
sabe, respondeu o camelô, aquela senhora da praça, que nunca algo vendeu, por
causa da fome, há dois meses, ela morreu...A notícia deixou-me chocado, por ela
também nada fiz...tudo passava por ela na praça, a vida passou e eu também
passei. Assim como essa, tantas outras estão nas praças vendendo suas peças,
são mães, avós, tias, mulheres incansáveis, lutadoras, mulheres de fibra,
pessoas notáveis, mas que um dia a praça possa estar sem elas...
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