quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A mulher da praça

Todos os dias que passo, com pressa, pela praça, vejo aquela mulher sentada vendendo suas peças...Muitos que por ali passam, talvez nunca notaram aquela mulher sentada na praça...
Franzina, olhar distante, olha para tudo e para todos, mas ninguém olha para ela...Sentada, quieta, em meio aos apitos do guarda, buzinas, freadas, ela simplesmente observa, nem percebe a fumaça ao redor da praça...Tudo passa depressa ao redor dela na praça...mas o tempo parece que não passa pra ela...Alguém se aproxima, observa, vai embora nada compra, e ela fica ali, sentada, sozinha em meio a multidão que passa com pressa e ela fica sem pressa conversando com as pombas, no meio da praça...Não há tempo ruim para aquela viúva, faça frio, sol, ou até mesmo chuva, ela segue com sua insistência, vendendo suas peças na praça, lutando pela sobrevivência...O dia passa, a tarde também, a noite chega, na praça não passa mais ninguém...
Outro dia amanhece, parece que nada mudou, novamente passo na praça, mas meu coração se entristece com aquela cena de dor, um menino de rua, sua mercadoria levou...Sem ter o que fazer, do pouco que lhe restou ela tenta sobreviver...Nada lhe tirava o vigor, apesar de fraca parecer, ensina muitos a viver... Algum tempo se passou...não vi mais a mulher...o que será que aconteceu, fui logo perguntar, cadê a mulher que há muito desapareceu? você não sabe, respondeu o camelô, aquela senhora da praça, que nunca algo vendeu, por causa da fome, há dois meses, ela morreu...A notícia deixou-me chocado, por ela também nada fiz...tudo passava por ela na praça, a vida passou e eu também passei. Assim como essa, tantas outras estão nas praças vendendo suas peças, são mães, avós, tias, mulheres incansáveis, lutadoras, mulheres de fibra, pessoas notáveis, mas que um dia a praça possa estar sem elas...

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