Todos
os dias no caminho para o trabalho, venho apreciando aquela parte da
cidade que não é possível se ver em horários normais. Por causa
do corre-corre e do horário comercial muitas coisas se perdem dos
nossos olhos. Algumas coisas boas, mas, infelizmente, outras tristes
e repugnantes ao serem vistas, também se perdem, ou seja, desviamos
o nosso olhar não acreditando no que vemos. Por essa razão
acreditamos que elas não existam, ou que, pelo menos, se existem,
não são facilmente notadas. O fato é que a cidade grande esconde
em seus becos, ruas e avenidas uma população que não é notada.
Pelo menos por quem deveria notá-los. São como ratos que vivem as
escuras em porões e que somente saem, amedrontados a noite, em busca
de algum alimento. São os moradores de rua, que na verdade não é
possível afirmar que realmente moram em algum lugar. A pressa em que
vivemos encobre a calma em que vivem essas pessoas. Alguns com muita
dificuldade de caminhar por causa da fome, trazem em seus semblantes
um olhar distante e sombrio, o sonho que parece não mais existir em
seus pensamentos, a frieza da cidade os faz esquecidos.
Hoje não percebemos mais que eles existem. E fato mais triste ainda é que mais de 13 mil pessoas entre crianças, adolescentes, jovens e adultos vivem dessa maneira e que 74% dessa população faz uso de álcool ou droga e muitos, de ambos. O crack, uma das piores drogas, que leva rapidamente a dependência e a morte, é a mais consumida. Outro fato gravíssimo que faz com que fiquemos chocados, é que 80% dessa população está na faixa etária entre 18 e 30 anos, não possuem documentos, portanto, estão excluídos de uma vida cívica normal, e que já vivem nessa situação por mais de dez anos. Dormem em frente as lojas, amontoados para se aquecerem do frio, cobertos por papéis e papelões, vigiados pelos cães, seus fiéis companheiros, e pela manhã, quando o dia começa clarear, se veem obrigados a se levantarem e partirem antes do comércio abrir as portas.
Apesar do sol já despontar no horizonte parece que não brilha para eles, os dias são sempre sombrios e sem nenhuma esperança. Quando partem, perambulam iguais a zumbis vestidos com seus trapos, e caminham sem direção sob os olhares assustados de camelôs que vendem seus lanches pela manhã. Entre um bar e outro recebem vários “nãos”, quando mendigando, estendem as mãos solicitando um pedaço de pão, são enxotados desses estabelecimentos para não afastar os clientes. Saem e chafurdam-se entre uma e outra lata de lixo procurando algo para comer. Mulheres solidárias são sempre vistas oferecendo biscoitos tentando amenizar um pouco a realidade dura da fome. Ainda no decorrer do dia, é possível tropeçarmos em corpos, que devido a tanta cola que cheiram durante a noite e madrugada, não conseguem se restabelecer no dia seguinte e jazem em calçadas dopados pelo efeito anestésico dos produtos que inalam.
Se alguns anos atrás ficávamos chocados ao presenciarmos crianças, adolescentes e jovens dormindo em calçadas, hoje, por mais impressionante que sejam as cenas, a grande maioria, com raras exceções, já não se abala tanto com essas cenas. A frequência e o aumento dessas cenas, está se transformando em algo comum em nossa rotina, que está deixando nosso coração insensível e nossos olhos acostumados com elas. Não nos impressiona como antigamente ver crianças roubando, se prostituindo, cheirando cola, fumando, pelo contrário, fujimos delas temendo sermos subtraídos de nossos bens. É notório que existe um problema social muito grave por detrás de cada adolescente, jovem e adulto perdido na rua: a desestruturação familiar. Famílias desestruturadas onde a mãe exerce o papel de mantenedora, educadora sem a presença paterna, esse que por sua vez, na maioria dos casos, se perdeu na bebida alcoólica ou nas drogas. Algumas delas choram pelos filhos dia e noite e incansáveis, sonham, buscam e esperam pelo retorno deles.
A falta de emprego, de escola, de saúde, falta de vontade política, também são fatores que contribuem para o elevado índice de crianças, adolescentes, jovens e adultos que nem sempre estão abandonados, mas que perambulam pelas ruas. É um problema que está exposto em todas as cidades, ruas e suas esquinas, mas parece que somente aqueles que nada podem fazer é que conseguem enxergá-lo e os que podem e devem fazer alguma coisa, não enxergam. Por essa razão os dias vão passando e a sociedade somente lamenta encontrá-los como verdadeiros trapos humanos dormindo sem nenhum futuro promissor aparente. Por essa razão, se as autoridades competentes ficarem aguardando que a sociedade tenha uma conscientização sobre esse assunto, ou seja, que cada um faça sua parte, temo que passará séculos e ainda assim não veremos um final para esse problema. Também não acredito em solução imediata que com certeza, os futuros candidatos farão, prometendo solução antes de assumirem o poder e depois esquecendo de suas promessas mentirosas, continuarão empurrando o problema para a sociedade. Mas uma coisa é fato: é hora de acordar, principalmente, nossas autoridades...
Hoje não percebemos mais que eles existem. E fato mais triste ainda é que mais de 13 mil pessoas entre crianças, adolescentes, jovens e adultos vivem dessa maneira e que 74% dessa população faz uso de álcool ou droga e muitos, de ambos. O crack, uma das piores drogas, que leva rapidamente a dependência e a morte, é a mais consumida. Outro fato gravíssimo que faz com que fiquemos chocados, é que 80% dessa população está na faixa etária entre 18 e 30 anos, não possuem documentos, portanto, estão excluídos de uma vida cívica normal, e que já vivem nessa situação por mais de dez anos. Dormem em frente as lojas, amontoados para se aquecerem do frio, cobertos por papéis e papelões, vigiados pelos cães, seus fiéis companheiros, e pela manhã, quando o dia começa clarear, se veem obrigados a se levantarem e partirem antes do comércio abrir as portas.
Apesar do sol já despontar no horizonte parece que não brilha para eles, os dias são sempre sombrios e sem nenhuma esperança. Quando partem, perambulam iguais a zumbis vestidos com seus trapos, e caminham sem direção sob os olhares assustados de camelôs que vendem seus lanches pela manhã. Entre um bar e outro recebem vários “nãos”, quando mendigando, estendem as mãos solicitando um pedaço de pão, são enxotados desses estabelecimentos para não afastar os clientes. Saem e chafurdam-se entre uma e outra lata de lixo procurando algo para comer. Mulheres solidárias são sempre vistas oferecendo biscoitos tentando amenizar um pouco a realidade dura da fome. Ainda no decorrer do dia, é possível tropeçarmos em corpos, que devido a tanta cola que cheiram durante a noite e madrugada, não conseguem se restabelecer no dia seguinte e jazem em calçadas dopados pelo efeito anestésico dos produtos que inalam.
Se alguns anos atrás ficávamos chocados ao presenciarmos crianças, adolescentes e jovens dormindo em calçadas, hoje, por mais impressionante que sejam as cenas, a grande maioria, com raras exceções, já não se abala tanto com essas cenas. A frequência e o aumento dessas cenas, está se transformando em algo comum em nossa rotina, que está deixando nosso coração insensível e nossos olhos acostumados com elas. Não nos impressiona como antigamente ver crianças roubando, se prostituindo, cheirando cola, fumando, pelo contrário, fujimos delas temendo sermos subtraídos de nossos bens. É notório que existe um problema social muito grave por detrás de cada adolescente, jovem e adulto perdido na rua: a desestruturação familiar. Famílias desestruturadas onde a mãe exerce o papel de mantenedora, educadora sem a presença paterna, esse que por sua vez, na maioria dos casos, se perdeu na bebida alcoólica ou nas drogas. Algumas delas choram pelos filhos dia e noite e incansáveis, sonham, buscam e esperam pelo retorno deles.
A falta de emprego, de escola, de saúde, falta de vontade política, também são fatores que contribuem para o elevado índice de crianças, adolescentes, jovens e adultos que nem sempre estão abandonados, mas que perambulam pelas ruas. É um problema que está exposto em todas as cidades, ruas e suas esquinas, mas parece que somente aqueles que nada podem fazer é que conseguem enxergá-lo e os que podem e devem fazer alguma coisa, não enxergam. Por essa razão os dias vão passando e a sociedade somente lamenta encontrá-los como verdadeiros trapos humanos dormindo sem nenhum futuro promissor aparente. Por essa razão, se as autoridades competentes ficarem aguardando que a sociedade tenha uma conscientização sobre esse assunto, ou seja, que cada um faça sua parte, temo que passará séculos e ainda assim não veremos um final para esse problema. Também não acredito em solução imediata que com certeza, os futuros candidatos farão, prometendo solução antes de assumirem o poder e depois esquecendo de suas promessas mentirosas, continuarão empurrando o problema para a sociedade. Mas uma coisa é fato: é hora de acordar, principalmente, nossas autoridades...
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