quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Laços

Ontem ao ler um desses “bilhetinhos” de final de ano que são enviados aos amigos com votos de feliz natal, de boas festas, de próspero ano novo, esse falava dos laços de amizade que a pessoa que enviou, desejava ao destinatário. Fiquei então meditando na importância de tais laços. Como seria bom que esses laços jamais fossem desatados, mas é uma pena porque nada parece ser mais frágil do que a amizade, pois basta um simples momento e a amizade de anos, em um instante se quebra em pedaços, cacos, muitas vezes irrecuperáveis.
Ah! como somos enlaçados...são tantas as circunstâncias que nos laçam, impedindo nossos movimentos, levando-nos ao desânimo, ao desespero, à ansiedade, à fraqueza interior, deixando-nos à mercê de fatos que nos fogem ao controle e em razão disso, não conseguimos soltá-los ficando cada vez mais presos a eles. Parece que quanto mais tentamos desatar esses laços que surgem em nossa vida, mais ficamos enlaçados por eles. Recordei-me então de casos em que pessoas tiveram suas famílias destruídas, ou quase destruídas, por causa do laço forte da sedução.
Homens que querendo mostrar sinal de hombridade, como se para ser homem estivesse relacionado aos números de mulheres que conquistou e não pelo caráter que possui, deixaram suas famílias e foram atrás de aventuras amorosas passageiras. Outros que se deixam levar por qualquer fio de cabelo feminino, trazido pelo vento da paixão repentina, acompanhado com aroma de perfume sedutor. Perfume da traição. Perfume da luxúria, da fama, do sucesso, do status, do egoísmo mesquinho, que os faz “parecer” como meninos enfeitiçados, levados por esse vento, e que sem direção, saem em busca de seus brinquedos.
Não percebem que os verdadeiros homens são aqueles que aprendem a dizer não a esses laços. Hoje o laço do “parecer”, dominou as pessoas fazendo-as deixarem o “ser”, até mesmo o “ter” que lutaram tanto para obter e ostentam um “parecer” para impressionar outras. Atualmente, diante da sociedade que apenas exige e cobra o que não somos, aparentamos então o que não somos, e, sem forças, cada vez mais somos enlaçados, incapazes de desatar esses nós. Pessoas assim se debatem, e moribundos ainda assim não clamam por ajuda.
Quantos não ficaram pelo caminho do fracasso, porque sem forças, ao perderem uma batalha, foram enlaçados pelo medo, pela incerteza, pela insegurança e acima de tudo pela rejeição de ser estereotipado como “fracassado”. Outros estão enlaçados pelo fantasma do desemprego e vivem na angústia e na solidão da mente que vaga sem rumo a procura da sorte. Há quem esteja enlaçado pelo trabalho, pela pressão da sociedade em ser o melhor, o primeiro, só os melhores vencem, dizem, para assim poderem subir ao pódio da vida.
O homem tem sofrido muito com os laços. Como se desvencilhar dos laços da morte, do sofrimento de quem chora a falta de um ente querido?. Quantas mães nesse momento estão com um nó na garganta, apertado pelo laço da perda, querendo gritar, clamar pela presença de um filho, tirado de forma abrupta de seus braços e sem forças, tenta desesperadamente apertar o laço da esperança e da fé em Deus. Outras que derramam lágrimas de amor pelos filhos doentes, e com sacrifício de si mesmas, cuidam de suas crianças com um labor digno e louvável somente às mães, unindo-se a eles pelos laços de sangue em prol do cultivo da vida. Sem falar nos jovens que cada dia que passa, estão cada vez mais enlaçados pelas drogas, pelo álcool, pelo sexo e que não conseguem se libertar.
Quantos lares estão arruinados porque os laços da união foram soltos ou afrouxados, deixando com isso escapar pai ou mãe em busca de nova união. Seria excelente se pudéssemos em cada momento que passa apertar ainda mais os laços da amizade, da paz, da harmonia entre os povos e que esses pudessem sempre se lembrar que antes de sermos de raças diferentes, somos todos da mesma espécie: somos seres humanos. Poderíamos, sim, desatar os laços da discórdia, da guerra, da inimizade, do rancor, da mentira, da falsidade, da indiferença, da dor, da tristeza, do ódio, da corrupção, da prostituição e da libertinagem, e dos laços que nos apertam e sufocam nossos pensamentos, como o desespero, a ansiedade, o medo, a apatia, o desânimo, e apertar um pouco mais o laço do amor, da paz, da sinceridade, da alegria, da fraternidade, da tolerância, da amizade, da sabedoria, do altruísmo, da justiça, da verdade, da honestidade e da gratidão.
Em meio a esses laços e enlaços, lembrei-me de uma pequena passagem da bíblia onde nos é relatado que Deus nos livrará do laço do passarinheiro (salmos 91:3). E também o apóstolo Paulo escrevendo a seu jovem cooperador Timóteo disse o seguinte: Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade, e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos. Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, sem afeto natural, irreconciliáveis, profanos, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te...
Somente Deus é capaz de nos livrar dos laços do nosso dia a dia...e somente Ele pode fortalecer os laços da amizade, da compreensão, da harmonia e os laços da vida...confie NELE...sempre...


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