Depois
que casa é assim mesmo...Quem
nunca ouviu ou até mesmo já disse essa frase?
Eu a ouvi a alguns dias atrás,
através da boca de uma jovem senhora que pelo que parecia, havia se
casado a menos de um ano. Eu seguia o meu caminho de volta para casa,
sentado na cadeira do metrô pensando na minha esposa, nos meus
filhos e netos, e até em nossos problemas, mas não pude deixar de
ouvir da cadeira atrás de mim um diálogo muito intrigante.
Era uma dessas conversas de
amigas embaladas pelo vai e vem de pessoas que entravam e saiam do
trem, e, em meio a tantos ruídos, elas conversavam algo digno de
muita reflexão.
O
descontentamento com o matrimônio parecia ser unânime e contagiava
as duas amigas. Era impressionante como a decepção com o cônjuge
após o casamento se tornava uma realidade cada vez maior, pensei.
Pelo tom daquela conversa, o tão sonhado e esperado príncipe
encantado parecia haver se transformado em um tenebroso e
horripilante sapo. O sonho de um final feliz, do enfim sós, começava
a se tornar um pesadelo na vida daquelas amigas, assim como na vida
de muitos outros casais. Haviam sonhado e planejado um viver a dois
sem nenhum problema. Ou até mesmo os problemas que
ambos sonhavam
eram de prazer. Fiquei prestando a atenção naquela conversa e
analisando comigo mesmo a razão de tal afirmação. Aquela não era
apenas a realidade das duas jovens senhoras. Muitos amigos e pessoas
bem íntimas a nós, provavelmente, nesse momento, estão passando
pela mesma situação. É uma história que se repete diariamente. O
sonho parecia ter acabado para uma daquelas amigas. Era a que estava
mais indignada. Ela parecia haver se entregado ao fracasso e ao
contentamento com a situação do seu matrimônio. Depois
que casa é assim mesmo...ainda
pude ouvir entre tantas vozes diferentes, enquanto me preparava para
sair na minha estação e fiquei meditando nessa conversa enquanto
prosseguia ao meu destino. E realmente, a situação de muitos casais
está assim mesmo. As juras de amor eterno, declaradas durante a fase
de namoro, parecem que se findam diante do juiz ou do sacerdote,
quando ali deveriam apenas começarem. Aquele sim,
muitas vezes reflete um talvez,
ou quem sabe, um não
disfarçado,
ou um depois
quem sabe.
Aquelas promessas parecem de mentirinha. Acredita quem quer. Mas a
coisa não é bem assim. Casamento não é um evento, não é uma
festa, ou uma demonstração de que somos capazes disso ou daquilo, é
relacionamento diário. É um despojar de nossas ideias, opiniões,
vontades e até mesmo desejos individuais para se doar em prol de
algo maior: o próprio casamento. Os motivos de constantes
desentendimentos entre os cônjuges, é sempre porque um acredita
estar certo e o outro é que sempre está errado, e com isso, o
resultado pode ser a separação de pessoas certas em suas razões.
Ninguém quer abrir mão de suas ideias e pensamentos. A razão e o
ego falam mais alto do que a própria família que acabou de ser
constituída. Casamento não é território para medirmos forças,
pelo contrário, deve haver renúncia em certas coisas. O certo ou o
errado não deve prevalecer pela força da discussão. A mulher que
outrora era invencível pelas lágrimas, hoje é invencível pela
razão e muitas vezes pela força. E isso tem sido, aparentemente, a
única maneira de se resolver os conflitos. É preciso percebermos
que o casamento é uma esfera de restrição, se não quisermos ser
restritos em nossas ações, não devemos casar. Enquanto somos
solteiros, temos nossa liberdade de fazer o que quisermos, sem
necessidade de darmos satisfação à outra pessoa, no caso, nosso
cônjuge. Mas a medida em que o compromisso matrimonial vai ficando
mais sério, a ponto de resultar no casamento, a nossa liberdade vai
sendo restringida em favor da outra pessoa. Ao casarmos aumenta mais
ainda a restrição. Com a chegada de filhos mais ainda. Cada vez
ficamos mais limitados ao casamento e assim deve ser se quisermos
preservá-lo. Hoje é muito comum os cônjuges se tornarem
independentes um do outro. Não se tem mais o compromisso
matrimonial. Já se casam com o pensamento que se não der certo,
procura-se outra pessoa para serem felizes. Tornam-se pessoas
infelizes, em busca da felicidade para fazer alguém feliz. Parece
que a felicidade está em uma pessoa e não no relacionamento com
determinada pessoa. Um casamento que já perdura por quatro, cinco ou
seis anos, para alguns, já é um transtorno muito grande, um fardo
muito pesado de carregar, então se soltam e voam em busca da alma
gêmea novamente. Percebem tardiamente que alma gêmea não existe.
Fico imaginando como seria uma alma gêmea, ou seja, uma pessoa com
os mesmos defeitos, problemas, carências, manias e dificuldade que
eu tenho. Graças a Deus! Porque Ele me deu uma pessoa diferente para
completar minha carência, e eu a dela! Quantas pessoas famosas, que
passaram por diversos casamentos anteriores, hoje dão palestras
sobre essa área, pois julgam-se experientes no assunto. Descobri,
pela experiência, (não precisa confiar nela, pois são apenas vinte
e sete anos de casado) que para um casamento ser bem-sucedido,
ele precisa ser um triângulo de amor. È isso mesmo um triângulo
amoroso, onde Deus, o idealizador do casamento está no topo da
pirâmide e os cônjuges na sua base. Não que o casamento seja
sustentado por essa base fraca que somos nós, mas como o casamento é
uma esfera de amor, onde desejamos cumprir nossas juras de amor
prometidas durante o namoro, devemos receber em primeiro lugar, o
amor Daquele que é a fonte do amor. Cheios desse amor, podemos amar
um ao outro. Quanto mais nos aproximamos de Deus para amá-lo e
buscar Nele o amor necessário para amar nosso cônjuge, mais nos
aproximaremos um do outro. O amor, que é o elo da convivência entre
os casais, emana do coração de Deus e ao ser tocado por tal amor,
não há possibilidade de não amar o nosso cônjuge com esse mesmo
amor que somos amados. Talvez esteja ai a diferença. Porque esse
amor é diferente. Ele é sofredor, é benigno, não é invejoso, não
trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com
indecência, não busca os seus próprios interesses, não se irrita,
não suspeita mal, não se alegra com a injustiça, mas sim com a
verdade, é um amor que tudo sofre, tudo espera, tudo crê e tudo
suporta, totalmente diferente do nosso amor. Esse amor é um amor de
se dar e não querer nada em troca, amar do jeito que somos, na
verdade esse amor é o próprio Deus. Esse amor não exige que
melhoremos para nos amar. Esse amor não oscila dependendo da nossa
situação. Não é um amor que exige ser amado para depois amar.
Esse amor é puro e sincero. Cheios desse amor, somos capazes de amar
os nossos inimigos, se tivermos, dar a outra face, perdoar, então
como não amar nosso cônjuge cheios desse amor? Deus é esse amor. O
amor natural do ser humano, exige ser amado para depois amar, exige
um amor condicional. Eu só amo se for amado, sempre esperando algo
em troca. Depende muito da condição de cada um para surgir o amor.
Nosso amor é egoísta e muitas vezes não o sabemos definir. Deus
por nos amar de maneira incondicional, nos deu o seu filho para
morrer em nosso lugar. Deus por causa do seu infinito amor no dá sua
vida. Somos o objeto do amor de Deus. Então, é com esse amor que eu
devo amar minha esposa e filhos e todas as pessoas. Se assim eu
proceder, serei o mesmo antes e depois de casado. E dessa maneira a
frase...depois
que casa é assim mesmo...
terá outro significado apesar de ser a mesma frase. Será assim
mesmo antes e depois de casados. Claro que muitos que não concordam
com a minha opinião e nem pensam como eu penso, são felizes em seus
casamentos, talvez muito mais do que eu, mas, mesmo assim, um viver
matrimonial consagrado e dependente de Deus, pode ser melhor. Posso
estar errado, mas de uma coisa tenho certeza, Deus não erra. Ele
fixou alguns princípios e se nós quisermos podemos segui-los ou
não. Diante do exposto, só me resta afirmar que o casamento é a
melhor esfera para Deus provar seu amor por nós e nós provarmos do
Seu amor. E para terminar, vou usar as palavras do escritor Vitor
Hugo que deseja: que
se você sendo homem, encontre uma boa mulher, e sendo mulher que
encontre um bom homem, e que se amem, hoje, amanhã e nos dias
seguintes e quando estiverem sorridentes, ou exaustos, ainda haja
amor para recomeçar e se tudo isso acontecer, não tenho mais nada a
desejar...Esse
também é meu desejo...
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