segunda-feira, 17 de agosto de 2015

A Calçada do fumo

Após a lei antifumo decretada a exatamente um ano pelo governo estadual, proibindo fumantes em áreas coletivas como bares, restaurantes e repartições públicas e privadas, foi uma das melhores leis já decretadas pelo governo. Uma das poucas leis que pegou no país. Não somente o governo está soltando fogos de alegria, mas, o ministério da saúde também. A sensação psicológica de entrarmos em determinado lugar, que não permite que pessoas fumando, é claro, e saber que não teremos a nos rodear tão densas nuvens de fumaça cancerígena expelida por dezenas de chaminés ambulantes, já é uma vitória, tanto para o meio ambiente como para a nossa tão precária saúde. Até mesmo os fumantes agradeceram. Sabemos que voluntariamente é muito mais difícil abandonar o desejo de fumar. As células do corpo que estão constítuidas com as milhares de substâncias nocivas à saúde, exige cada dia mais essas substâncias para se manterem vivas. E a melhor maneira de se matar uma célula cancerígena é não alimentá-la. Entre os que aprovam e os que não aprovam a lei, a grande maioria continua favorável a proibição. Logo após os primeiros dias de vigor da nova lei, os relatos de pessoas que esperavam um incentivo para deixar de fumar começaram a surgir. Espero que essa lei possa atingir cem por cento em todo território nacional para o bem geral da nação.
Já ouvi diversos relatos em tom de desabafo desesperado de fumantes, aliás, todos do meu convívio, me confessaram a nível informal, em simples bate papo, o desejo ardente de deixar de fumar, mesmo antes dessa lei entrar em vigor, mas, não conseguem. Outros imaginam o valor gasto durante décadas com, em média dois maços de cigarros por dia, e se arrependem de haver queimado tanto dinheiro em prejuízo da própria saúde e da dos outros. Mas o fato é que o cigarro é mais forte do que todos eles. Os próprios órgãos de saúde pública estão desprendendo uma fortuna por ano com vistas ao tratamento de pessoas que tenham o desejo de deixar de fumar e não conseguem. A lei que os proíbe de fumar, também oferece meios para aqueles que pretendem deixá-lo que o façam através de clínicas de recuperação. Pode até ser utopia, mas a lei assim exige. Mas não é hora de repreender os amantes do tabaco, e sim, encorajá-los a prosseguir na árdua luta diária de tentar abandonar tal desejo. Esse desejo vicia e tudo o que vicia é prejudicial. Não tem vício bom.
Mas não tem jeito, quem quer fumar e depende do cigarro, arruma sempre uma alternativa para o ato. A qualquer hora do dia nos deparamos com grupos de amigos fumantes, trabalhadores de empresas que estão cumprindo a lei, nas portas das mesmas, nas calçadas, abastecendo os pulmões com a fumaça do cigarro. As nuvens de fumaça que os rodeia faz com que os transeuntes usem de todas as formas para afugentá-las, usando as mãos em forma de leque, abanando a fumaça, ou qualquer outro objeto que traga consigo. O ar fica rarefeito perto desses grupos. É comum diante de bares as mesas nas calçadas onde os amigos se reunem para fumar. As calçadas do fumo estão atrapalhando o andar por elas. Será que teremos outra lei proibindo esse fumódromo ao ar livre? Somente em sua própria residência, o fumante terá liberdade para fumar a vontade.
Agora, um grande fumódromo ao ar livre já foi estabelecido pelos apreciadores do tabaco, as calçadas. Em diversas calçadas, em frente a empresas, bares, lanchonetes, hospitais, os fumantes estão, para pesadelo daqueles que transitam por elas e que não fumam, se aglomerando e soltando baforradas de fumaça no rosto do transeuntes que por eles passam. Assim como existe a calçada da fama, onde atores e atrizes mundialmente famosos, exibem suas mãos ou pés em uma massa de cimento tentando com isso perpetuar suas brilhantes carreiras, agora temos as calçadas do fumo, lugar público, onde milhares de insistentes fumantes estão tentando se adaptarem a uma maneira mais rápida de abreviar suas vidas. As calçadas do fumo estão cada vez mais cheias de adeptos. Os diversos fumódromos que foram criados em bares e restaurantes, como extensão de seus negócios, e que estão invadindo as calçadas, também precisam ser extintos.

Portanto digo aos meus queridos amigos fumantes que desejam parar com o cigarro em benefício da sua saúde, não esperem a “sentença de morte” dada pelos médicos para deixar de fumar. Deixem as calçadas do fumo, sejam um a menos na cruel estatística dos condenados a morrer de câncer. Entrem para a calçada da fama, daqueles que recebem o louvor, os parabéns pela força de vontade em deixar de fumar e desfrutar da vida sem cigarro.

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