sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Todas as coisas me são lícitas, mas...

Nesses últimos anos tenho observado que o fluxo natural da vida está seguindo em sentindo contrário à natureza. O caminho de ida, tornou-se o caminho da volta. O certo agora é o errado e o errado é que está certo. Bandido virou mocinho. Hoje torcemos mais pelo touro do que pelo toureiro. Os bois estão sendo puxados pelos carros. Paciente sabe mais do que o doutor. Filhos desonram e não obedecem aos pais, foram-se as regras, ficaram as exceções. O rio da vida inverteu o seu curso, houve uma transposição em seu leito. As contrariedades no viver humano tem despertado a minha atenção. Expressões como: vale tudo, ninguém é de ninguém, é proibido proibir, hoje isso é normal, o importante é ser feliz...etc. O sim sim e não não, deram lugar ao talvez quem sabe.
A verdade já não é bem assim. Mudamos a verdade de Deus em mentira humana. Mudamos a glória do Deus incorruptível à semelhança da imagem do homem corruptível.
Tudo é permitido. Nunca fomos tão abertos e ao mesmo tempo tão impenetráveis. Dividimos um átomo mas não dividimos o pão. Dissecamos a vida alheia, mas ignoramos um filho.
Parece que o normal é ser anormal. Buscamos mais de mil e uma maneiras de sermos felizes mas aonde está o sorriso? Isso é o que esperamos em nosso viver, ser feliz.
Nossos sentimentos estão confusos, é como uma névoa que encobre nosso coração, a fonte do amor. Não sabemos mais amar. O amor é a expressão da vida, o sentido dela. Hoje amamos qualquer coisa porque o importante é amar, afirmamos. Amamos coisas e usamos as pessoas. Amamos a Deus da mesma maneira como amamos comer hot-dog com coca-cola. Há muitos deuses disfarçados no mundo. Um império de trevas nos rodeia. Estamos sendo conformados ao sistema mundano. A massa humana, como uma massa de bolo, está sendo moldada a uma fôrma. Nos apertam daqui, nos amassam dali, até nos conformar ao molde que querem. Esse é o sistema, e isso não é normal.
O deus Eros, ou Cupido, o deus do amor, é quem está ditando a ordem ou a desordem. Despertando a libido até em crianças com dois anos de idade. Deus é amor e a fonte do nosso amor, do amor Ágape (Divino) se é que muitos sabem que ele existe e é real. As mulheres deixaram o uso natural do homem no contrário à natureza. Semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade de uns para com os outros, homens com homens, mulheres com mulheres, cometendo torpeza desonrando seus corpos entre si, e recebendo a recompensa que convém ao seu erro. Isso não é normal. Estamos valorizando mais a criatura do que o Criador. Isso também não é normal.
E quanto a nossa fé então, afirmamos que o mais importante é crê em alguma coisa, não importa o que seja. Passamos a crer em deuses desconhecidos. Nos refugiamos em uma religião onde os religiosos não se entendem e quanto mais nos aprofundamos nela, mas nos decepcionamos. A nossa fé está sem conteúdo, ôca, vazia, baseada no achismo e em nosssos vãos pensamentos. Com a mente sirvo a lei de Deus, mas vejo em meus membros outra lei que guerreando conta a lei do meu entendimento, me faz prisioneiro da minha carne. Porque o bem que eu quero fazer, eu não faço e o mal que eu não quero, esse faço. Miserável homem que sou, quem me livrará do corpo dessa morte? bradou o apóstolo.
Impossível servir a dois senhores. Ou agradamos a um ou o outro, não podemos servir a Deus e a Mamom, o deus das finanças, e nos tornamos seus escravos. Quantos de nós escolhemos a segunda opção! Ele prende o rico pelo medo de perder o que adquiriu e o pobre pelo medo de lhe faltar a provisão. Dizem alguns que o dinheiro não traz a felicidade, mas manda buscá-la. Ledo engano. Nem tudo se pode comprar. Se eu não tenho dinheiro, tenho amigos, se eu tenho dinheiro, ganho inimigos. Não possuir riquezas me faz um milionário, mas possuí-la e não saber usar, me faz o mas miserável dos homens. A alegria da vida está em podermos contemplar as coisas simples, olhai os lírios do campo – disse o mestre dos mestres.
O prazer da vida está nas coisas simples. No sorriso de uma criança, no bater das asas de um beija flor, de poder andar descalço na grama molhada pelo orvalho, de contemplar os raios de sol em entardecer e não em nossas contas bancárias. Ali estão as nossas ansiedades, estresse, depressão, angústias, medo, coisas que vem naturalmente com o dinheiro ou que são atraídas por ele. E por tê-lo, queremos comprar a alegria imposta pelos deuses desse século que cega nosso entendimento. Baco (romano) equivalente a Dionísio (grego) é o deus da alegria, das festas, do divertimento, do vinho, dos prazeres, ah! esse é conhecido. Se não o é, pelo menos é muito desfrutado. Hoje a nossa alegria é exterior. Os palhaços choram em suas camas. A alegria passageira é mais frágil do que uma bolha de sabão.
Por essa razão não devemos nos orgulhar do que temos ou somos. O orgulho precede a nossa ruína. Há pessoas que se sentem verdadeiros artistas, intocáveis. Semi-deuses. Não percebem que são verdadeiros prisioneiros, não cercados por barras de ferro, mas escravos da fama, do glamour, do sucesso a qualquer preço e tornam-se infelizes, porque nada dura eternamente. Tornam-se escravos da deusa Diana (romano) Ártemis (grego) a deusa das artes, dos artistas, alguns tão arrogantes que esquecem com facilidade que a glória do sucesso passa como uma neblina, como a flor da erva, seca-se a erva, cai a flor.
A beleza da vida é reflexo do nosso interior que se exterioriza em um coração alegre que formoseia o nosso rosto. Não existe um padrão de beleza. Afrodite para os gregos e Vênus para os romanos (deusa da beleza) tem escravizado homens e mulheres com um padrão de beleza inadmissível. Em nome de uma boa estética corporal, maquiamos o nosso ser. Vemos velhos em corpos jovens, sonhando ainda encontrar a fonte da eterna juventude, e jovens em corpos velhos, definhados pelos aguilhões da beleza. A ditadura da beleza cobra da sociedade um alto preço para manter o padrão. Em síntese, esse é o mundo em que vivemos.
Por essa razão quero terminar esse emaranhado de ideias, tal que o mundo, fazendo minhas as palavras do apóstolo Paulo que disse:...não vos conformeis com esse mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus...Diante de tudo isso eu só posso afirmar apenas uma coisa: que todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me edificam, todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas...


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