Nesses
últimos anos tenho observado que o fluxo natural da vida está
seguindo em sentindo contrário à natureza. O caminho de ida,
tornou-se o caminho da volta. O certo agora é o errado e o errado é
que está certo. Bandido virou mocinho. Hoje torcemos mais pelo touro
do que pelo toureiro. Os bois estão sendo puxados pelos carros.
Paciente sabe mais do que o doutor. Filhos desonram e não obedecem
aos pais, foram-se as regras, ficaram as exceções. O rio da vida
inverteu o seu curso, houve uma transposição em seu leito. As
contrariedades no viver humano tem despertado a minha atenção.
Expressões como: vale tudo, ninguém é de ninguém, é
proibido proibir, hoje isso é normal, o importante é ser
feliz...etc. O sim sim e não não, deram lugar ao talvez quem
sabe.
A
verdade já não é bem assim. Mudamos a verdade de Deus em mentira
humana. Mudamos a glória do Deus incorruptível à semelhança da
imagem do homem corruptível.
Tudo é
permitido. Nunca fomos tão abertos e ao mesmo tempo tão
impenetráveis. Dividimos um átomo mas não dividimos o pão.
Dissecamos a vida alheia, mas ignoramos um filho.
Parece
que o normal é ser anormal. Buscamos mais de mil e uma maneiras de
sermos felizes mas aonde está o sorriso? Isso é o que esperamos em
nosso viver, ser feliz.
Nossos
sentimentos estão confusos, é como uma névoa que encobre nosso
coração, a fonte do amor. Não sabemos mais amar. O amor é a
expressão da vida, o sentido dela. Hoje amamos qualquer coisa porque
o importante é amar, afirmamos. Amamos coisas e usamos as pessoas.
Amamos a Deus da mesma maneira como amamos comer hot-dog com
coca-cola. Há muitos deuses disfarçados no mundo. Um império de
trevas nos rodeia. Estamos sendo conformados ao sistema mundano. A
massa humana, como uma massa de bolo, está sendo moldada a uma
fôrma. Nos apertam daqui, nos amassam dali, até nos conformar ao
molde que querem. Esse é o sistema, e isso não é normal.
O deus
Eros, ou Cupido, o deus do amor, é quem está ditando a ordem ou a
desordem. Despertando a libido até em crianças com dois anos de
idade. Deus é amor e a fonte do nosso amor, do amor Ágape (Divino)
se é que muitos sabem que ele existe e é real. As mulheres
deixaram o uso natural do homem no contrário à natureza.
Semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher,
se inflamaram em sua sensualidade de uns para com os outros, homens
com homens, mulheres com mulheres, cometendo torpeza desonrando seus
corpos entre si, e recebendo a recompensa que convém ao seu erro.
Isso não é normal. Estamos valorizando mais a criatura do que o
Criador. Isso também não é normal.
E
quanto a nossa fé então, afirmamos que o mais importante é crê em
alguma coisa, não importa o que seja. Passamos a crer em deuses
desconhecidos. Nos refugiamos em uma religião onde os religiosos não
se entendem e quanto mais nos aprofundamos nela, mas nos
decepcionamos. A nossa fé está sem conteúdo, ôca, vazia, baseada
no achismo e em nosssos vãos pensamentos. Com a mente sirvo a lei de
Deus, mas vejo em meus membros outra lei que guerreando conta a lei
do meu entendimento, me faz prisioneiro da minha carne. Porque o bem
que eu quero fazer, eu não faço e o mal que eu não quero, esse
faço. Miserável homem que sou, quem me livrará do corpo dessa
morte? bradou o apóstolo.
Impossível
servir a dois senhores. Ou agradamos a um ou o outro, não podemos
servir a Deus e a Mamom, o deus das finanças, e nos tornamos seus
escravos. Quantos de nós escolhemos a segunda opção! Ele prende o
rico pelo medo de perder o que adquiriu e o pobre pelo medo de lhe
faltar a provisão. Dizem alguns que o dinheiro não traz a
felicidade, mas manda buscá-la. Ledo engano. Nem tudo se pode
comprar. Se eu não tenho dinheiro, tenho amigos, se eu tenho
dinheiro, ganho inimigos. Não possuir riquezas me faz um milionário,
mas possuí-la e não saber usar, me faz o mas miserável dos homens.
A alegria da vida está em podermos contemplar as coisas simples,
olhai os lírios do campo – disse o mestre dos mestres.
O
prazer da vida está nas coisas simples. No sorriso de uma criança,
no bater das asas de um beija flor, de poder andar descalço na grama
molhada pelo orvalho, de contemplar os raios de sol em entardecer e
não em nossas contas bancárias. Ali estão as nossas ansiedades,
estresse, depressão, angústias, medo, coisas que vem naturalmente
com o dinheiro ou que são atraídas por ele. E por tê-lo, queremos
comprar a alegria imposta pelos deuses desse século que cega nosso
entendimento. Baco (romano) equivalente a Dionísio (grego) é o deus
da alegria, das festas, do divertimento, do vinho, dos prazeres, ah!
esse é conhecido. Se não o é, pelo menos é muito desfrutado. Hoje
a nossa alegria é exterior. Os palhaços choram em suas camas. A
alegria passageira é mais frágil do que uma bolha de sabão.
Por
essa razão não devemos nos orgulhar do que temos ou somos. O
orgulho precede a nossa ruína. Há pessoas que se sentem verdadeiros
artistas, intocáveis. Semi-deuses. Não percebem que são
verdadeiros prisioneiros, não cercados por barras de ferro, mas
escravos da fama, do glamour, do sucesso a qualquer preço e
tornam-se infelizes, porque nada dura eternamente. Tornam-se escravos
da deusa Diana (romano) Ártemis (grego) a deusa das artes, dos
artistas, alguns tão arrogantes que esquecem com facilidade que a
glória do sucesso passa como uma neblina, como a flor da erva,
seca-se a erva, cai a flor.
A
beleza da vida é reflexo do nosso interior que se exterioriza em um
coração alegre que formoseia o nosso rosto. Não existe um padrão
de beleza. Afrodite para os gregos e Vênus para os romanos (deusa da
beleza) tem escravizado homens e mulheres com um padrão de beleza
inadmissível. Em nome de uma boa estética corporal, maquiamos o
nosso ser. Vemos velhos em corpos jovens, sonhando ainda encontrar a
fonte da eterna juventude, e jovens em corpos velhos, definhados
pelos aguilhões da beleza. A ditadura da beleza cobra da sociedade
um alto preço para manter o padrão. Em síntese, esse é o mundo em
que vivemos.
Por
essa razão quero terminar esse emaranhado de ideias, tal que o
mundo, fazendo minhas as palavras do apóstolo Paulo que disse:...não
vos conformeis com esse mundo, mas transformai-vos pela renovação
da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus...Diante de tudo isso eu só posso
afirmar apenas uma coisa: que todas as coisas me são
lícitas, mas nem todas me edificam, todas as coisas me são lícitas,
mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas...
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