Domingo
é o dia de descansar, ficar na cama um pouco mais do que o normal,
acordar mais tarde, ir para a reunião da igreja, comer pastel na
feira, enfim, é um dia diferente dos demais. É o dia de reunir a
família para o almoço, visitar os parentes distantes e recarregar a
bateria para o dia seguinte, a segunda-feira. Nesse domingo passado,
de manhã fria, sem os filhos e os netos em casa, aproveitei para
ficar descansando e para arrumar e colocar em ordem alguns papéis,
fazer uma faxina. Com esse pensamento na cabeça, depois de acordar e
saborear o delicioso café covarde (aquele que jamais vem sozinho, é
acompanhado de frios, frutas, sucos, bolos etc...) preparado pela
esposa, comecei meu intento. Liguei a televisão, o melhor passatempo
dos domingos e fiquei ouvindo as notícias sobre esporte. Depois de
um certo período, mais ouvia do que propriamente assistia,
pacientemente continuei rasgando papéis, separando outros e assim o
tempo foi passando. Lembrei-me que precisava verificar algo no
computador e parei o que fazia e sentei-me em frente ao computador.
Enquanto
navegava pela internet, uma notícia vinda de Brasília, outra entre
tantas absurdas e vergonhosas que de lá já vieram, era sobre um
jantar no Senado Federal. Até então nada de anormal, era um simples
jantar de negócios sobre as decisões dos nobres senadores em prol
da República e do povo brasileiro, pensei. Fiquei pasmado ao ler a
quantia gasta nesse jantar, R$ 24,900,00. Isso era uma afronta ao
povo brasileiro que luta com unhas e dentes para conseguir trazer
alimento para casa, e esses senhores esbanjam nosso dinheiro para se
banquetearem. Que vergonha! Fiquei indignado. Pensei que fosse um
jantar para se tratar de um assunto relevante, mas era para uma
homenagem a um ex-presidente do Supremo Tribunal de Justiça. Que
injustiça para com o povo! Segundo a Constituição Federal art 37
inciso XXI o limite para esse tipo de gasto e com licitação é de
R$ 8.000,00. Enquanto lia sobre a comilança dos nobres senadores e
dos seus convivas, a minha barriga estava roncando com fome e
sentindo o cheirinho do almoço que vinha da minha cozinha.
Não
sei a quantia certa que a minha esposa gastou para preparar o nosso
almoço do domingo, mas com certeza foi menos do que os R$ 400,00
gastos por cabeça nesse jantar, três vezes mais do que o valor
permitido por lei. Ah, o Sarney disse que vai devolver a diferença,
quem acredita levante a mão rsrsrsrsrs. Me desculpe meu caro Sarney,
mas o verdadeiro líder, ele não apenas corrige os erros e sim os
previne. Se já sabiam dessa repercussão que o caso teria, por quê
cometer tamanha afronta enquanto o povo luta pelo fome zero? O fato é
que enquanto esperava para saborear alguns pedaços de frango assado
com batata, um verdadeiro banquete, que a esposa preparava com muito
amor, carinho e dedicação, os nobres senhores em uma noite
inesquecível, se esbaldaram com um cardápio digno do faraó dos
faraós, (veja cardápio no site:www.contasabertas.uol.com.br).
Esqueci dos papéis que estava organizando, do pastelzinho na feira,
do programa de esporte que era transmitido pela tv, tamanha era a
minha incompreensão por causa desse jantar que nem notei que minha
barriga roncava de fome.
Como
é possível homens que deveriam cuidar da nutrição básica da
população brasileira, digo isso com respeito as crianças, pois são
as que mais sofrem com a pobreza e a falta de nutrição, sobejarem
em seus banquetes enquanto uma simples merenda escolar é fornecida
com datas de vencimentos ultrapassadas, produtos de terceira
categoria, estragados, podres e acima de tudo, superfaturados, mas
que não valem nem mesmo um real. É fácil perceber que a fome que
enfrentamos no Brasil, não é natural, somos um país rico na
agricultura, um dos maiores do mundo nessa área, mas ela é
política. Se olharmos para as regiões norte e nordeste veremos os
bolsões da fome se alastrando. Foi preciso um cidadão comum dar
início a um projeto que mobilizou o país e o mundo, o fome
zero,
para despertar nos glutões do palácio da alvorada um pouco de
sensibilidade com os miseráveis. E quando resolveram abocanhar essa
ideia, porque viram uma maneira de angariar votos em cima dessa
plataforma política, o projeto fome
zero
não saciou a fome de mais ninguém. Morreu de fome.
Mas
é bom que se lembrem das palavras do Autor da Existência que dizia:
bem
aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque eles serão
fartos...Hoje,
os senhores arrotam caviar sobre a cabeça de uma nação que clama
com sede e fome de justiça, esses serão saciados, mas os senhores,
nobre senadores, que hoje estão fartos, empanturrados, nutridos,
gordos, enfastiados com tanta comida,
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