segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Bolsa de mulher, um mistério

Dizem que compreender a cabeça das mulheres é uma coisa impossível, e o que se passa pela mente e pelo pensamento delas também é incompreensível. Muitas vezes elas pensam uma coisa, falam outra e agem de maneira diferente do que pensam e do que falam. Não sabemos mensurar o que está dentro das mulheres. Por essa razão, quem sabe, elas sejam tão atraentes, afirmam os mais entendidos do assunto. O fato de querer descobrir os mistérios e os segredos das coisas de um modo geral, faz parte e sempre rondou a mente dos homens, é algo peculiar do sexo masculino, e as mulheres parecem entender muito bem disso. Se já é quase impossível compreender as mulheres, suas emoções e atitudes, o que se dirá de uma mulher mais a sua inseparável bolsa. É isso mesmo, sua inseparável bolsa. Existem algumas mulheres que não largam suas bolsas para nada nessa vida. Dá-nos até a impressão que carregam um tesouro de grande valor dentro delas. É claro que na época em que estamos vivendo, é importante proteger bolsas e carteiras, mas com a avidez que nos últimos dias venho prestando a atenção em uma determinada mulher, confesso que nunca tinha visto.
Todos os dias ela está ali a espera do mesmo coletivo que eu para seguir ao trabalho, com a sua bolsa inseparável, mas nunca imaginei que ela não soubesse o que tinha dentro dela até que uma situação surgiu. Apesar de incômoda, foi engraçada. Deu-me a impressão de já ter presenciado tal cena em ocasião passada e realmente tinha visto, apenas em circunstância diferente. Vejo diariamente quase todas as mulheres com suas bolsas a tiracolo, mas depois da cena que eu presenciei, passei a notar que algumas levam até duas bolsas. Agora, dessa vez, o que me chamou a atenção, foi que, talvez, muitas delas nem saibam o que carregam dentro de suas bolsas. Para elas, tudo ali dentro é útil, imprescindível, porém, não sei se tudo é necessário. Digo isso depois dessa cena que vi, aliás, não apenas eu, mas quase o coletivo inteiro. Estávamos embarcando no ônibus para mais um dia de trabalho, havia umas cinco ou seis pessoas antes de mim e duas depois, sendo que a terceira, era a mulher com a sua inseparável bolsa.
Passamos pelo cobrador que somente assistia a passagem dos usuários e logo me sentei e fiquei me ajeitando para começar a ler o meu livro quando começou um burburinho na catraca diante do cobrador. Era ela, a mulher com a sua inseparável bolsa. Ela trazia a bolsa cinza, com duas grandes fivelas prateadas, parecia pesada, mas era muito bonita por sinal, cuja, quando eu olhei, já estava em cima da caixa do cobrador que simplesmente assistia a mulher procurando desesperadamente algo de valor. Todos os olhares daquelas pessoas que já haviam sentado eram direcionados para ela. Os que vinham atrás dela, esticavam seus pescoços querendo entender porque a fila havia parado. As murmurações e reclamações aos poucos começavam. Não havia tempo para espera indesejável, o coletivo, que por sinal estava atrasado, tinha que partir. Era somente aguardar as pessoas entrarem, mas agora havia um entrave, a mulher com sua bolsa, travando a passagem.
Ela ia tirando objetos e mais objetos de dentro da bolsa como que se estivesse procurando uma coisa muito importante. Pente, estojo de maquiagem, duas escovas para cabelo, uma roliça e grossa e outra mais fina, carteira, que ela virava todos os compartimentos de cartões a procura de algo que eu logo imaginei o que fosse, o cartão de transporte. Uma caixinha com suco, uma maçã enrolada em um papel, bolsinha de moeda, e outras coisas. Mas, eu não quis ficar reparando o que saia da bolsa dela. Até mesmo, um par de sandálias, própria para o verão, embrulhada em um plástico transparente saiu de dentro de sua bolsa. Algumas pessoas mais apressadas e impacientes passavam-lhe a frente, nervosas, e ao sentar, era mais um torcendo para que ela encontrasse logo o que procurava. Quem já havia sentado como eu, e até mesmo o cobrador, já havíamos percebido que ela nunca encontraria o que procurava dentro da bolsa. O cartão de transporte estava pendurado em seu pescoço e ela não via e nem sabia. Por essa razão é possível perceber e concluir que a bolsa de mulher também é um mistério até para elas. Ela até mesmo se preparava para pagar sua passagem com dinheiro, pois, estava ficando irritada e constrangida com o transtorno que vinha causando aos demais usuários do coletivo. Nesse instante o cobrador mostrou que o cartão estava pendurado em seu pescoço.

Foram poucos minutos, mas, a sensação que me deu era de que as pessoas fossem aplaudir a cena, como em um final feliz de um encontro cinematográfico. Terminada a cena, tentei concentrar minha atenção na leitura que fazia, mas não consegui, pois ficava vagando entre as páginas do livro e a bolsa da mulher, imaginando quanta coisa caberia dentro de uma bolsa feminina. Sacudi a cabeça e segui visualizando em minha mente as mulheres que conheço, e outras que encontraria pelo caminho certo de que jamais conseguirei descobrir mais esse segredo do universo...das mulheres e suas bolsas, um mistério... 

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