Cheiro de comida
Eram
quase onze horas daquela manhã ensolarada. Não que houvesse visto
as horas, mas o estômago, meu pontual relógio informava que a hora
do almoço se aproximava. De repente senti no ar aquele cheirinho de
comida, o mesmo cheiro que sentia todas as vezes que minha mãe,
carinhosamente nos preparava a comida. Senti o cheiro do alho quando
colocado no feijão, até mesmo daquele barulhinho que fazia quando
era colocado na panela, e da fumaça aromática que subia,
deixando-nos inquietos pela comida. Senti
o cheiro do bacon, do ovo fritando em óleo quente, das batatas
fritas e até do suco de laranja que sempre preparava. Hum!!! Que
delícia!!! Que simplicidade!!! Viajei por aquele aroma cujo destino
final foi a minha infância, onde visualizei por alguns instantes,
cenas da nossa cozinha, do cuidado e do amor com que aquela senhora
nos preparava tão saborosa comida que nunca esquecemos. Cada um
tinha suas preferências, e ela tentava satisfazer a todos. Éramos
em oito crianças, cada um gostava de certo alimento ou dessa ou
daquela maneira de prepará-lo. E
o mais incrível, é que ela nunca perdia a calma. Sabia lidar com as
crianças e com as panelas quentes ao mesmo tempo e com uma agilidade
espantosa. Sentávamos no chão, comíamos deitados, na varanda,
outros em seu colo, mas ninguém resistia ao seu tempero. Outras
crianças e até mesmo adultos, vinham atraídos pelo cheiro e
ninguém ficava sem a comida. Creio que até hoje muitas pessoas
ainda se lembram do sabor da comida da mamãe. Eta comidinha
gostosa!!! Já se passaram muitos anos
mas nunca esqueço o cheiro. Incrível dizer isso, mas aquele cheiro
era inesquecível...Cheiro de comida...da minha mãe...
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