quarta-feira, 12 de agosto de 2015

De mochila nas costas...

Com licença...com licença...licença...licencinha por favor...desculpe...perdão...licença...
Dessa maneira seguia aqueles dois jovens com suas mochilas nas costas, óculos escuros e fone nos ouvidos, tentando educadamente abrir caminho diante dos passageiros em um coletivo lotado. O que me chamou à atenção, não era o fato de estar o coletivo lotado, mas a mochila e o fone nos ouvidos. Segui ao trabalho observando e ao mesmo tempo fazendo um retrospecto de como há gente com suas mochilas nas costas e seu fone nos ouvidos totalmente alheias aos transtornos que causam aos que andam a seu lado. Não sei se por coincidência ou pelo fato de um olhar mais apurado nesse dia, mas eu mesmo fui vítima de algumas mochilas. Vinha eu depois de presenciar o esforço dos jovens acima até alcançar a  proximidade da porta de saída do ônibus, lendo um livro de crônicas, quando fui atingido por uma mochila na cabeça, e essa não estava nas costas e sim na frente de uma jovem que fazia tremendo esforço para segurá-la assim como seus cadernos e uma sombrinha.
Pensei com meus botões para que então a mochila se os cadernos estão nas mãos, ou o que tanto leva dentro dessa mochila...bem isso não me diz respeito. Parei de ler o meu livro e levei a sua mochila, a qual foi difícil ela tirar do corpo, e seus cadernos até o ponto de parada do ônibus no metrô. E no metrô, não foi diferente. Senti-me como uma ilha, cercado de mochilas por todos os lados. Não era possível mover os braços. Um jovem alto,  acima do peso, óculos escuros, boné e o tradicional fone nos ouvidos que explodia uma melodia estridente que era acompanhada, ainda que timidamente pelo balanço do seu corpanzil na casa dos cem quilos. Parecia estar em uma dessas festas RAVE, alucinado com o som, não via e nem ouvia as reclamações das pessoas ao seu redor.
O vai e vem de mochilas era impressionante, acho que sempre foi, apenas comecei a perceber por causa do incomodo. Dois passageiros tiveram que ouvir de uma senhora a reclamação pois impediam sua passagem pelo corredor do trem. Um jovem de paletó e gravata, com o fone nos ouvidos, seguia ouvindo sua música e atrás dele um outro rapaz que provavelmente ia à faculdade, pois estava com uma camiseta com o nome de uma faculdade, também com uma mochila nas costas, ficaram um atrás do outro fechando o corredor e interrompendo a passagens das pessoas. Eu olhava para um lado e para outro e só via mochilas. Estava ficando alucinado com tantas mochilas e fone de ouvidos que parece que elas me perseguiam. Me senti vivendo uma cena de filme, algo como, o ataque das mochilas ou a guerra das mochilas.
Ao abrir das portas do metrô, entravam crianças carregando mochilas, adolescentes, jovens, executivos, doutores com seus estetoscópios nos ombros, cada um com suas mochilas e muitos com fone nos ouvidos, alheios aos demais usuários. Mas graças a Deus, cheguei ao meu destino. Me livrei das mochilas!!! Me enganei. Na escada rolante senti que elas me perseguiam. Quando subi os degraus da escada me vi barrado na frente por duas enormes mochilas. Dessas que tinham vários compartimentos e cheia de penduricalhos, garrafinhas com água, bolsinhos com zíperes que pareciam sorrir para mim. O rapaz subiu depressa os degraus e eu o acompanhei, mas ele parou repentinamente nos degraus e me vi de cara com sua mochila.
Ao lado uma jovem que mais parecia ir a uma academia do que ao trabalho, sustentava um cigarro entre os dedos, cuja fumaça vinha em minha direção, vestia um agasalho esportivo bem colado ao seu avantajado corpo, tinha as pernas em formato de um “x” ao mesmo tempo que ouvia música em seu celular, sem se preocupar com as pessoas ao seu lado, impedia-me de subir. Olhei para as pessoas que desciam pela outra escada e parece que nunca havia visto tantas mochilas penduradas nas costas das pessoas.
A impressão que eu tinha, se fosse fazer uma pesquisa, era de que a cada dez pessoas, pelo menos seis tinham mochilas nas costas. Impressionante. Mochilas coloridas com emblemas de time de futebol, em formato de animais, como macacos, leões, ursos, algumas com patinhas e garras para aderir ao corpo do usuário, era mochilas para todos os gostos. Percebi que o Brasil está sendo levado, de mochila...nas costas...

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