quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Depois da tempestade vem a cobrança II

Ano novo problema antigo. Em pouco mais de 20 dias de verão, novamente a natureza mostra a sua força. As chuvas que costumeiramente caem a décadas durante o mês de janeiro, outra vez está deixando várias cidades inundadas. As previsões estão se cumprindo. Como se fossem profecias, os fatos vão se repetindo por todo o planeta. Previsões de chuva para meses são alcançadas em poucas horas e o resultado são os mesmos, morros desabando, ruas intransitáveis, casas alagadas, moradores ilhados e sem esperança. Até mesmo os metereologistas estão impressionados com o volume das águas. Além do prejuízo material, estamos assistindo vidas serem arrastadas pela lama que sem piedade desce dos morros e encobre tudo em sua frente. Verdadeiros tsunamis se formam morro abaixo arrastando tudo e todos. O caos, o medo, a agonia e a tristeza se misturam com as lágrimas daqueles que só não perderam a vida e a coragem para começar de novo, porque essa parece ser a rotina dos brasileiros: recomeçar. Água de morro abaixo é incontrolável e gera uma verdadeira devastação. Casas, carros, árvores, pessoas estão sendo levadas a roldão pela enxurrada deixando um cenário de total destruição. Barreiras e barragens não estão impedindo que as águas arrastem tudo. Em alguns casos são essas barragens que estão causando transtornos aos governantes.
Centenas de mortos, milhares de desabrigados e muitos desaparecidos ainda não dão números finais a essas tragédias. Famílias inteiras estão boiando ou soterradas em seus próprios lares. A cena é de terror. A solidariedade em muitos casos chega primeiro do que o socorro, e, quando este chega, fica soterrado também. Bombeiros e voluntários foram mortos sob toneladas de lama. Principalmente o Rio de Janeiro e São Paulo vivem o caos de uma tragédia imprevista, mas anunciada e repetida diversas vezes. A cena se repete todos os anos, morros desabando, enormes pedras rolando e destruindo tudo pelo caminho, lixo se acumulando, o nível das águas nos rios subindo, trânsito parado, semáforos desligados, ruas alagadas, muda-se apenas os personagens. Não tem explicação, ou melhor, as autoridades procuram uma explicação para se isentarem das responsabilidades. O homem tem medido forças contra a natureza e esta não tem dado mais chances. É preciso aprender a conviver com ela se não quisermos sofrer as consequências dos nossos erros. Em tempos normais, depois de uma tempestade sempre vinha a bonança, mas, agora, é hora da cobrança. Da noite para o dia, cidades são destruídas pela força das águas mas a culpa não pode ser dos céus.
O descaso com o uso inadequado do solo e das encostas, as invasões clandestinas, juntamente com o desmatamento dessas encostas, que em nome de um progresso avassalador, tem deixado o homem à mercê da fúria da natureza e ela tem causado morte e destruições repentinas onde sonhos se desfazem debaixo d’água. Ricos e pobres estão sofrendo os efeitos das mesmas intempéries climáticas. Até quando assistiremos nossos semelhantes ao desalento aguardando o cumprimento das promessas políticas que jamais se cumprirão? Até quando veremos o dinheiro público sendo arrastado pelo mar de lama da corrupção enquanto famílias fogem assustadas do perigo das águas que causam avalanches e destroem o pouco que se tem? Nada é mais antigo do que chover no molhado! Se dependermos dos homens públicos para se evitar essas tragédias, com certeza, ela se repetirá ano após ano. Ministérios são criados para beneficiar as cidades em suas infra-estruturas, mas o que vemos são mães chorando pelos seus filhos enquanto eles se isentam ou se justificam pelo caos.

Nem mesmo vendo as imagens é possível mensurar a dimensão da tragédia. É um verdadeiro dilúvio que tem abatido a população ao redor do mundo. A vida está debaixo das águas à espera da arca...

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