quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Em tudo uma lição

Há um provérbio popular que diz que desgraça pouca é bobagem. Custa-me acreditar que uma dia alguém falou tal palavra. Não sei em que circunstância foi dita essa frase e nem qual era a situação enfrentada pela pessoa ao afirmá-la. Mas o fato é que isso se tornou um mito. Nesses últimos dias, refleti um pouco mais sobre essa questão, quando contei a minha situação de momento e alguém repetiu essa frase. Desgraça pouca é bobagem!. Mas, passei, graças a Deus, por algumas situações, independente do meu querer e que fugiram do meu controle. Uma após a outra, foram produzindo uma inquietação em meu espírito deixando-me sem saber o que fazer e a quem recorrer. Quando pensava que uma situação estava sob controle, surgia outra pior. Deitava e levantava envolto em preocupações.
Sentia-me como uma folha sendo arrastada pelo vento, que é lançada de um lado para outro, que quando consegue descansar, surge outra rajada de vento e a leva para mais distante ainda. Estava enfrentando um verdadeiro vendaval de problemas e situações incontroláveis. Era como se estivesse sem bússola resistindo aos fortes ventos e a tempestade em um mar em fúria. Por alguns dias, esqueci que o meu capitão estava comigo enfrentando a tempestade no mesmo barco junto a mim. Enquanto eu era assolado ele dormia tranquilamente. E quando parecia que iria submergir, lembrei-me dele. Imediatamente e desesperado, o acordei dizendo:
Mestre, não se te dá que morramos, podes assim dormir, se a cada momento me vejo já prestes a submergir? Salva-me nessa hora, bradei.
Era só o que faltava, acordá-lo. Percebi que desgraça era a ausência de Deus e que a graça é simplesmente, a sua presença. Ele por sua vez repreendeu o vento e a tempestade e surgiu a bonança. Depois com suave e doce voz ao meu coração falou, que a sua graça me bastava e que o seu poder se aperfeiçoava na minha fraqueza, porque quando eu era fraco diante dessas situações, então é que eu era forte pois o deixava agir. E era a mais pura verdade. Enquanto eu me debatia contra as situações, e as colocava diante de meus olhos, por menores que fossem, apenas via as situações, não conseguia enxergá-lo. Mas quando desviei meu olhos dos ventos e das tempestade, quando mudei de foco e clamei pelo seu nome, a tempestade e os ventos passaram. A paz voltou. A verdadeira paz voltou.
Ele então passou a consolar-me e a me encorajar a viver a vida em sua presença sob a sua graça. Disse-me que no mundo eu teria aflições iguais a todos seres humanos, mas para eu ter bom ânimo, porque ele venceu o mundo e eu sem ele, nada poderia fazer. Disse-me ainda que entendia o meu desespero e a minha dor diante dos sofrimentos. Ele fora um homem de dores e sabia o que era padecer, e que havia sofrido muito mais do que todos seres humanos. Desde o seu nascimento e até mesmo antes dele, já sofria. Foi perseguido, injuriado, maltratado, rejeitado, escarnecido, zombado, humilhado, abandonado, ferido, e finalmente preso e morto, mas nunca murmurou. Aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu.
Recobrei então o ânimo e as forças, desviei meu foco dos meu problemas, e pouco a pouco, eles foram perdendo o sentido de existirem. A luz no final do túnel já era possível enxergar. Aprendi a confiar ainda mais nele. Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação, pois podia todas as coisas, pois ele me fortalecia. Aprendi que tais ventos e tempestades, por maiores que sejam, não podem uma nau tragar, que leva o Senhor, rei do céu e mar. Aprendi a ouvir, a depender, a me acalmar, não desesperar, a esperar, a ter esperança, a sonhar, a falar, a agradecer, a repartir, a sorrir mesmo sob fortes tempestades.

Aprendi que desgraça não é apenas, como estamos acostumados a pensar, a perda de pessoas queridas, sofrimentos, privações, miséria, dor, pobreza, enfermidade e coisas inerente ao viver humano. E graça não é apenas a ausência dessas coisas, ou um presente imerecido ou algo que recebemos gratuitamente. Podemos estar passando por algumas das situações acima e ainda assim estar cheio da graça. Porque a graça é uma pessoa. Não é algo que nos deixa contente, mas uma pessoa que nos acompanha e faz-nos felizes. A tua graça me basta. Portanto, diante de qualquer situação, através de sua graça, da sua presença, aprendo em tudo uma lição...

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