Enquanto
alguns vão e outros vem, as cenas se repetem em cada vagão do
trem…
A jovem tão concentrada com suas agulhas,
desenvolve o seu tricôt...outros observam a agilidade, a dedicação
e quem sabe o amor...Amor...espera um pouco, esse parece que falta
em alguns...a senhora, ansiosa procura seu espaço, ocupado por um
jovem que simula um cansaço em um sono disfarçado...mas há gente
delicada, gestos sinceros, gentis...em poucos segundo ela se senta
feliz...e o cego, que entra tateando, vagando nas sombras entre muita
gente...que de tanta correria, muitas vezes não sente sua
presença...e a mocinha que na próxima estação chega correndo,
temendo que as portas se fechem, escorrega, se equilibra mas não
perde o charme...com um toque no cabelo, e um olhar na janela fazendo
dela seu espelho, contempla não apenas o seu visual, mas também os
olhares masculinos não casuais que a acompanha como que vigiando os
seus passos...e entre os beijos e abraços, um casal apaixonado
desfruta de um amor incontrolável sem se importar com as pessoas ao
lado, se amam, se dão, sem nenhum conflito...quantos viajam
tranquilos pelas páginas dos seus livros que de tão concentrados
que estão, não percebem, já passou da estação...e as crianças,
algumas inquietas, sob apelo da mãe para que sentem, outras de tão
quietas, não deixam dúvidas, estão doentes...No entra e sai da estação
alguma coisa incomum, olhares que se cruzam procurando quem fez
um...p..mas nada disso importa, a viagem continua, a porta quando se
fecha cada um fica na sua, uns cochilando, outros cochichando jogando
conversa fora, todos em certo sentido já esperam a hora de vir
embora...o rapaz de tão cansado, dorme em pé segurando nos ferros,
a moça que tira da bolsa, outra bolsa com maquiagem, pra que isso?
já é tão bela, mas ela prossegue no embalo do trem em viagem...o
velho lê seu jornal, mas se distrai com aquela cena, aos berros
discutem a loira e a morena que despertam a atenção de todos, e o
rapaz avantajado, para não dizer gordo, preocupado, ocupava mais da
metade da cadeira, mas uma irmã com sua Bíblia, descontraída,
compartilhava aquele espaço, com sua leitura tão simples, nada lhe
distraía a atenção, mas muitos admirados lhe miravam a visão e em
certo momento da viagem olhou sem entender, por que lhe admiravam se
porque lia a Palavra ou se porque magricela como era, ao lado do
gordo estava...metade do caminho percorrido, o entra e sai continuava
a mãe que saia levando as quatro crianças, chamou à atenção de
todos e até dos seguranças...mas não do jovem roqueiro que com
seus fones nos ouvidos, que em mais de um metro de distância o som
se ouvia, balançava a cabeça, dançando, como se estivesse em um
show imaginário, curtindo os seus ídolos, ...alguns olhavam e pela
expressão que faziam, podia se ler, que otário! mas enfim cheguei
ao destino, impressionante, tanta gente, tantos fatos, que
realidade...haja força, coragem, agora entendo os meninos, não se
importam com nada, com gente atrasada, correndo, nervosa, pois o dia
nem bem começou, mas a alegria já se esgotou dos rostos cansados,
mal dormidos, desfigurados, característica de quem saiu atrasado...
Essa é nossa rotina, todos os
dias são assim, metrô cheio, lotado, gente por cima de mim... Só
uma estação me restava, mas ainda pude ver, uma jovem que
vomitava...coitada, olhavam pra ela e saiam de perto, não comeu nada
por certo, concluia alguns que nada sabiam apenas pelo que viam, mas
a moça, acanhada, de todos fugia, só a mocinha da Bíblia levantou
e socorreu...chegamos na Sé disse à jovem que tremia enquanto a
amparavam e socorria...a turma saiu, parecia desorientada, cada um
partia para o seu lado deixando a moça sentada chorando com a dor
que sentia, eu queria ver o fim daquilo, mas estava temerário, se
fico, talvez atrapalho e por causa do horário, eu segui para o meu
trabalho...trabalhei o dia inteiro, da jovem não me esquecia, o que
será que aconteceu? mas ainda tinha a volta, como é bom poder
voltar, estar em casa, descansar depois de um dia de trabalho, mas
antes tem o metrô e por pura coincidência encontro novamente a
mocinha do tricot, agora mais adiantada naquilo que pela manhã fazia
e ainda tão concentrada que nem mesmo percebia quando um garoto lhe
deixava alguns doces que vendia. Coitado, perseguido que estava,
partiu agitado que nem recebeu todos os doces que vendeu. E lá vem
os estudantes, eta turma animada! de onde vem tanto vigor, da idade,
da companhia da turma, de não saber o que é ter problemas, não
importa, só ficam menos eufóricos em respeito ao policial parado à
porta...
Em dias de chuva é mais
complicado, de repente um aviso e o trem, lotado, fica parado...o que
será que está acontecendo pergunta o povo agitado...alguns minutos
depois outro aviso, acidente, todo mundo preocupado, uma pessoa
angustiada havia se suicidado, na estação seguinte onde tudo
acontecia, sai para ver o que era, fiquei espantado ao ver e sem
acreditar no que via, era ela, a mocinha que pela manhã
sofria...alguns ali resumiam sem medo de estarem errados a causa do
suicídio, provavelmente, fosse o namorado...Sai dali pensativo
prosseguindo meu caminho, tanta gente acompanhada, mas por dentro tão
sozinha. Chego em casa e comento com a esposa esse fato que me
responde com sabedoria em suas palavras cheias de luz, o que todo
mundo precisa, independente de quem for, é de amor, e esse, o
verdadeiro, está em JESUS..........
Pense nisso....
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