sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O último ato

Mais uma vergonha nacional. Em menos de cinco minutos, segundo uma reportagem da Folha.com, o Senado Federal em um esforço concentrado aprovou o que a câmara dos deputados também já havia feito, um rechonchudo aumento salarial aos nobres parlamentares para o próximo ano que passará dos 26 mil reais. Será de 62% de aumento em efeito cascata. E para custear essa vergonha nacional o nosso prefeito já cogita para o início do ano seguinte, novo reajuste nas passagens de ônibus. Em princípio esse reajuste de salário deveria vir acompanhado da extinção das verbas de indenizatórias, ou seja, a cada parlamentar tem o direito a uma verba extra de 12.000 mil reais para aluguel, locomoção, manutenção do gabinete entre outras e se não for usada, acumula para o mês seguinte. Isso sem levar em conta o 13º e o 14º salário além da ajuda de custo que é considerado como um 15º salário. Que vergonha! Para aprovarem vinte reais, eu disse R$ 20,00 de aumento para o salário mínimo, para quem trabalha muito mais do que eles, esses nobres senhores passam o ano inteiro e depois de muita discussão dizem: não, que é para não onerar a previdência.
Com apenas 35 votos contrários, mas que não abrirão mão do montante que têm direito, foi aprovado simbolicamente e em ritmo de urgência o novo salário. Está na hora de, assim como a policia subiu os morros do Rio de Janeiro e expulsou a casta nefasta que para lá concorria, assim o faça em Brasília, o verdadeiro escritório da Cosa Nostra Brasileira, pois essa corja de malfeitores da nação sabem muito bem legislar em causa própria. Os chefões da verdadeira mafia se concentram em um único lugar, Brasília. É claro que temos a nossa parcela de culpa, mas quem é que pode imaginar que os antes cordeiros se transformem em lobos vorazes em tão pouco tempo. Quantos projetos de suma importância continuam parados a espera de votação ou de leis complementares e no final do ano, as vésperas do natal o papai noel tupiniquim presenteia os nobres parlamentares com essa quantia. É o Natal dos sonhos. O último ato dos políticos sempre é pior do que o primeiro.
Como disse o bispo Dom Manuel, de Limoeiro do Norte no Ceará, que recusou receber a Comenda de Direitos Humanos Dom Helder Câmara por se contrário ao último ato dos deputados e afirmou que quem assim procede, não é um Parlamentar, mas Para Lamentar. Quero fazer coro a voz única desse bispo. Não é possível se entregar Comendas de direitos humanos e assolar o povo, privando-lhe dos direitos como fazem esses parlamentares, ainda assim os chamo, lamentando seus atos que envergonham o povo brasileiro digno de tanta honra. Parabéns Dom Manuel pela sua coerência, pois com muita dedicação defende o povo, como receber tal homenagem concedida por mãos manchadas pelo suor dos oprimidos? Acredito que ainda seja possível reverter esse ato. Se esses senhores tivessem um pouco de vergonha na cara, retrocederiam nesse atentado contra o povo.
Há dezenas de projetos de lei tramitando na câmara por décadas, mas como não é do interesse dessa corja de malfeitores, continuam parados, aguardando cair no esquecimento popular. Por essa razão, não somente o Bispo deveria protestar em não receber a insígnia de comendador, ou com seus discursos aos fiéis, mas todo o povo, em uníssono, também deveria protestar de todas as maneiras possíveis até que esses senhores possam honrar o voto de nos representar, se é que um dia serão merecedores. É de se lamentar! Enquanto isso, no longíquo Butão, um país que pouco ou nada se houve falar dele, lá nas cordilheiras do Himaláia, está imune aos desejos da fortuna e da cobiça, a meta do seu governante, o rei, é fazer com que seu povo seja feliz. Praticamente sem recursos, esse país é um exemplo de justiça social, preocupação ambiental e sem grandes problemas de ordem política. Com isso nobre parlamentares, eu quero dizer-lhes que a felicidade não está nas cifras, nos bens, nos imóveis ou em suas fazendas, mas sim em reclinar a cabeça no travesseiro e dormir com a consciência tranquila sem nenhum impedimento.
Saibam que é agindo na honestidade, virtude humana em extinção entre os senhores, que, se com muito ou pouco dinheiro, o mais importante é ser feliz. Espero que os senhores sejam felizes e que não impeçam o povo de ser também. Afinal, felicidade não se compra, mesmo tendo muito dinheiro...
22/12/2010


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