sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Quem quer ser milionário?

Esse é o título de um filme indiano que está fazendo muito sucesso em todo o mundo. Afinal, quem não gostaria de ser um milionário? Principalmente agora onde a palavra que mais tem sido pronunciada é: crise. Todos querem sair dessa crise custe o que custar. Os que a estão enfrentado, pensam em como se ver livre dela. Os que ainda não sofreram por causa dela ou com ela, se perguntam até quando estarão livres. Enfim, o mundo mergulhou em uma crise sem precedentes à nossa geração. Então o sonho de ser um milionário, pensamento da grande maioria, aflorou nas pessoas por esse mundo afora. Pensamos então o que fazer com tanto dinheiro. Planos e mais planos são elaborados nas mentes das pessoas. Viagens, compras, festas, bons restaurantes, eventos de luxo, requinte e muito glamour é o viver de muitos milionários. Esses paralelos parecem se encontrar. Por um lado, quem tem muito dinheiro está com os olhos voltados para a crise, pré-ocupados com ela ao vê-la se aproximando sorrateiramente, e quem não tem muito dinheiro está sonhando em ser um milionário, para sair de vez dessa crise. E há aqueles que nunca tiveram dinheiro e nunca sonharam em ser milionário. E eu me encaixo perfeitamente nessa classe.
Confesso que eu nunca tive tais pretensões de ser milionário. Talvez não saberia ser um milionário. Acho que mesmo sem dinheiro, e com tantos problemas para resolver, eu sou um feliz milionário. Mas tive a sensação de como é ser um milionário. Certo dia, seguia meu caminho rumo ao meu futebol semanal, quando pelo caminho, vi sendo levada pelo vento uma cédula de cem reais. Rapidamente e sem despertar a atenção dos companheiros que seguiam comigo, pisei em cima da nota e para minha surpresa outra foi trazida pelo vento. Olhei ao lado e vi que saiam de uma maleta deixada na calçada. E com a força do vento, a maleta havia sido aberta e as cédulas começavam a se espalhar como se fossem folhas secas de árvores se espalhando com a brisa do outono.
Quando vi aquela maleta, não acreditei, eram pacotes e mais pacotes de notas. Fiquei como quem sonha. Não sabia o que fazer. Os companheiros que seguiam comigo viram as notas voando e se voltaram para ver de onde saiam quando me viram apavorado tentando fechar aquela maleta. Alguém havia perdido ou esquecido uma maleta cheia de dinheiro foi a conclusão que chegamos. Começou então uma disputa para ver quem conseguia pegar o maior número de notas. E olha que eram apenas de cem e de cinquenta reais. Estamos ricos...estamos ricos...gritavam enquanto eu os reprendia para que não chamassem a atenção das pessoas. Os companheiros balançavam as notas nas mãos e as beijavam em demonstração de agradecimento aos céus por aquilo estar acontecendo com eles. Faziam planos ali mesmo no meio da rua. Ser um milionário da noite para o dia era coisa de cinema.
Por um momento pensei ser um sonho, e que quando acordasse continuaria o mesmo, pobre e agora frustrado pela ilusão de ter sido um milionário por algumas horas. Confesso que pensei em procurar o dono. Mas quem poderia ser tão distraído para deixar uma fortuna dessa em uma maleta perdida na rua, pensei. Se eu saísse perguntando pelo dono, qualquer pessoa poderia dizer que era dele. Então resolvi que o melhor seria depositar esse dinheiro no banco. Hoje é sábado disse um dos rapazes. Não podemos levar esse dinheiro para a quadra de futebol. Não podemos correr o risco de sermos assaltados por aí, conclui. Cada um voltou para sua residência e eu segui com a maleta nas mãos para a minha casa. Pelo caminho de volta encontrei vários carros de policia com a sirene ligada em desabalada carreira, percebi que estavam a procura do dinheiro. Só podia ser isso, assalto. E agora, pensei.
E se eu fosse parado pela policia com aquela maleta cheia de dinheiro como iria explicar a procedência! O sonho de ser um milionário já estava virando um grande pesadelo. Acelerei os passos. Cheguei em casa e havia alguns parentes me aguardando. Sem muito pensar e sem mesmo solicitarem, fui distribuindo maços com notas sem me importar com os valores. Já me sentia um verdadeiro milionário, o dono do baú, digo da maleta. Enquanto distribuia dinheiro, ouvia o som das sirenes da policia se intensificando ao redor de casa. Procurava esconder o dinheiro em todos os lugares, armários, colçhões, camas etc... Olhei por um abertura na janela e via os policiais se aproximando. Eu não entendia, mas agora eu passava a ser um procurado. Resolvi me esconder e levar comigo a maleta. Em poucos minutos o dinheiro que eu pensei fosse me trazer felicidade, estava me colocando em um inferno. Queria fazer as pessoas felizes distribuindo dinheiro, mas agora, eu que era feliz sem dinheiro, com todo esse dinheiro a própria felicidade fugia de mim. Pensei em entregar a maleta, mas quem sabe se os policiais não ficariam com o dinheiro e eu ainda assim seria preso. Os familiares até que tentaram me dissuadir do intento de fugir, mas em um ímpeto sai correndo pelo fundo, pulando muros, me esquivando dos cães que latiam, o que chamou a atenção dos policiais que vieram em meu encalço. Não larguei a maleta, mas sabia que tudo o que estava acontecendo ela por causa dela, ou melhor, do seu conteúdo.
Eu não era um ladrão mas agora fugia como se fosse. Tentava correr e por mais que me esforçasse, parecia que não saia do lugar, meus pés escorregavam mas eu não soltava a maleta e os policiais cada vez se aproximando de mim. Eu seria preso a qualquer momento. Não dava mais para fugir. Cães da policia se aproximavam. Mil pensamentos passaram sobre a minha cabeça. Sairia em reportagens de jornais, na televisão, na internet. E como explicar para meus filhos, minha esposa que eu não tinha roubado esse dinheiro. O sonho de ser um milionário que nem havia começado direito estava no fim, pelo menos naquele momento. Foi quando me surgiu a idéia de abrir a maleta e soltar as notas ao vento para fugir da policia.
E assim eu fiz. O povo saia de suas casas correndo feito louco em busca das cédulas que eram levadas pelo vento. Todas aquelas pessoas tinham um sonho de ser milionárias. Os policiais também pararam a perseguição e passaram a perseguir o dinheiro que voava. Apenas os cães continuaram ainda mais frenéticos em minha direção. Eles não sabiam o que era ser um milionário, não havia esse instinto. Somente assim eu acordei desse pesadelo...Vi o sonho de ser um milionário feliz ir embora e voltei a ser um feliz milionário...embora pobre...

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